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Entenda, passo a passo, a briga com motoboy que acabou em morte de porteiro

Novas imagens de câmeras mostram motoboy batendo em porteiro; ele havia admitido agressões, alegando legítima defesa Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo*

05/04/2021 12h46

A morte do porteiro Jorge José de Souza, de 58 anos, no sábado (3), cinco dias após a briga com um motoboy durante uma confusão no condomínio Torre Ernest Hemingway, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, pode trazer mudanças para o andamento do caso.

Inicialmente, o motoboy Marcus Vinícius Gomes Corrêa, de 31 anos, relatou que havia sofrido agressões de Jorge e outros porteiros do local por usar a saída social do condomínio. O entregador gravou vídeos que viralizaram nas redes sociais. A família de Jorge rebateu as acusações de agressão e afirmou que o porteiro foi atingido pelo motoboy sete vezes com uma barra de ferro.

Diante de tantas dúvidas, o caso ganhou repercussão e uma investigação foi aberta para apurar as diferentes versões dos relatos da confusão. O motoboy segue em liberdade, enquanto a polícia investiga o caso. Veja o que se sabe até agora:

Relato do motoboy

O entregador Marcus Corrêa compartilhou um vídeo na internet (assista abaixo) que o mostra no chão, imobilizado por um porteiro do edifício. Na filmagem, o motoboy relata a confusão:

O cara não quer me soltar, não. Tô imobilizado aqui e o cara nem policial é. Olha a cara dele, porteiro. Nem policial é. Você não pode me imobilizar, parceiro. Me agrediram, quatro porteiros e um policial morador, vieram me agredir. Os quatro juntaram em mim. Olha como está a situação, o que motoboy passa no Rio de Janeiro"

Outro funcionário que também aparece nas imagens ameaça quebrar o celular do motoboy. "Vou quebrar seu telefone, eu quebro, eu quebro", diz um dos porteiros no vídeo que Marcus gravou.

O ângulo filmado por alguém do prédio mostra dois homens — um de camisa branca e outro sem camiseta — tentando imobilizar Marcus, que consegue desviar das tentativas, e chega mais um homem que auxilia a deter o motoboy.

O motoboy contou ao UOL que a confusão começou após ele se perder no prédio e tentar sair pela portaria social.

"É um prédio redondo que você pega um elevador para o quinto andar e depois pega outro elevador até a casa do morador, eu me perdi, só estava tentando sair do prédio quando um porteiro veio falando comigo descontrolado, me humilhando dizendo que eu era motoboy e não podia sair por ali", disse o entregador.

"Ele [o porteiro] poderia ter me orientado com educação. Disse que só pela forma como ele falou comigo, que [eu] iria sair por ali mesmo. Ele começou a me cercar, me empurrar, falei para ele não colocar a mão em mim. Até que ele foi na guarita, pegou uma barra de ferro e me acertou. Eu consegui tirar a barra da mão dele e revidei. Depois, vieram mais porteiros, um morador que ameaçou me matar, me sufocaram...", acrescentou.

Família diz que porteiro foi agredido

A família de Jorge rebateu as acusações de Marcus e afirmou, também na quarta-feira (31), que o porteiro foi atingido sete vezes pelo motoboy com uma barra de ferro. O profissional passou por cirurgia devido a um coágulo na cabeça e estava internado intubado no Hospital Miguel Couto, na zona sul do Rio.

"Os vídeos do edifício mostram que os funcionários só tentaram segurar ele, depois que ele agrediu o porteiro com a barra de ferro. Ele disse que apanhou tanto, mas não tem uma escoriação. Foram sete golpes de barra de ferro que o motoboy deu nele [no porteiro]", disse um familiar, que preferiu não ser identificado.

O advogado do porteiro, Bruno Castro, enviou um comunicado à imprensa no qual informa que o cliente foi agredido pelo motoboy. Segundo ele, a família teve acesso às câmeras que mostram o entregador agredindo o porteiro com um guidão de bicicleta.

O Marcus desfere uma sequência de três socos, depois um chute e ainda mais um soco. Enquanto é agredido, o porteiro não reage e apenas tenta se defender (...) Depois de forçar e conseguir sair pelo local, outra câmera capta o desenrolar dos fatos. Nela, o senhor Jorge [porteiro] vai até a guarita e o agressor vai atrás dele gesticulando. Para tentar intimidar o agressor, o senhor Jorge pega um guidão de bicicleta. Marcus Vinícius desfere nele sete golpes na direção da cabeça. A agressão só para quando o senhor Jorge está caído no chão, ensanguentado e aparece outro porteiro."

Imagens mostram que motoboy agrediu o porteiro

Após o relato do motoboy foram divulgadas, ainda na quarta-feira (31), novas imagens das câmeras de segurança do condomínio (veja abaixo) que mostram o motoboy Marcus Corrêa agredindo o porteiro Jorge José Ferreira.

Nelas, é possível ver o momento em que o porteiro entra na guarita e sai com um objeto na mão e chega a atingir o motoboy nas pernas. Em seguida, Marcus toma o objeto do funcionário e passa a bater no porteiro, inclusive diversas vezes na cabeça, até que o funcionário cai no chão e é socorrido por outro funcionário do condomínio, que tenta conversar com o entregador.

Aviso de imagens fortes no vídeo abaixo:

Morte do porteiro

O porteiro Jorge José Ferreira morreu em decorrência de traumatismo craniano na noite de sábado (3). Inicialmente, Jorge foi encaminhado ao Hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, e posteriormente, devido à gravidade das lesões, foi transferido ao Hospital Miguel Couto, na Gávea, zona sul, onde passou por cirurgia em razão de um coágulo na cabeça.

Jorge José morreu dias após ser internado Imagem: Arquivo Pessoal

Segundo a unidade de saúde, o porteiro foi submetido a uma intervenção para descompressão da calota craniana frontal. O paciente precisou também de traqueostomia. O estado de saúde dele era considerado gravíssimo e ele estava intubado. No sábado (3), à noite, Jorge José não resistiu e morreu.

"A família está em luto e agradece a todos pelas orações", disse o advogado da família, Bruno Castro.

Motoboy diz estar em 'choque' com morte de porteiro

O entregador Marcus Vinícius Gomes Corrêa disse ao UOL na manhã de hoje que está em choque com a morte do porteiro.

"Estou péssimo, muito mal. Completamente arrasado, em choque. Eu não durmo direito, vivendo à base de remédios para dormir. Eu não queria que nada disso tivesse acontecido. Eu sinto muito. Choro o dia todo, meu mundo desabou", disse ele.

Marcus Vinícius prestou depoimento na Delegacia da Barra da Tijuca, onde o caso é investigado e aguarda a conclusão do inquérito.

"O inquérito policial está em andamento. A unidade aguarda o laudo da necropsia do Instituto Médico Legal (IML). Testemunhas estão sendo ouvidas e as investigações continuam", informou a Polícia Civil do Rio.

*Com informações de Marcela Lemos, em Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

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