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Cedae lançou metal pesado na água e não resolveu problema, diz jornal

Bacia do Guandu está com altos índices de geosmina  - Mário Moscatelli / Divulgação
Bacia do Guandu está com altos índices de geosmina Imagem: Mário Moscatelli / Divulgação

Colaboração para o UOL

07/04/2021 09h15

A Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos) não conseguiu remover a geosmina do Rio Guandu e ainda criou um novo problema, de acordo com o jornal O Globo. A empresa lançou na água um novo poluente, o lantânio, que é um metal tóxico pesado.

O jornal divulgou que o lantânio estava presente em 190 toneladas de Phoslock, uma espécie de argila modificada que tem sido jogada na água para tentar resolver o problema da geosmina. Esse lançamento ocorre desde janeiro do ano passado. E houve uma aplicação da substância recentemente, em 23 de março.

A expectativa da Cedae era que o lantânio se associasse ao fósforo, encontrado em material orgânico, e levasse as impurezas para o fundo do mar. Mas é um metal extremamente tóxico. E há estudos que apontam uma relação entre o consumo desse material com problemas no fígado, malformações congênitas no lábio e no palato e danos à fertilidade.

Além de ser uma estratégia arriscada, não funcionou. A HydroScience, empresa contratada pela Cedae, despejou o lantânio e fez a análise do próprio trabalho. Os dados mostram que, após duas aplicações, os níveis de fósforo na lagoa do Guandu chegaram a cerca de 0,4 mg/L, muito acima do máximo preconizado pelo Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), que é de 0,050 mg/L.

A Cedae alega que a estratégia não causa problema porque a concentração de lantânio está "centenas a milhares de vezes inferior às que causam toxicidade a organismos aquáticos". A média da concentração de lantânio na água da lagoa foi de 0,0027 mg/L após uso de Phoslock, nas análises de dezembro de 2020 a fevereiro de 2021.

Na busca por uma nova solução, a Estação de Tratamento de Água do Guandu foi desligada ontem à noite. Será feita mais uma estratégia que não tem sucesso garantido e ainda pode deixar regiões do Rio de Janeiro sem água, inclusive em hospitais que tratam da covid-19. A empresa prometeu que vai disponibilizar caminhões-pipa em caso de interrupção do fornecimento de água em serviços essenciais.

Os técnicos vão instalar um novo sistema de bombeamento para tentar fazer uma renovação na água que, desde o ano passado, apresenta gosto e sabor ruins devido à presença geosmina, produzida por algas da região extremamente poluída. A previsão da Cedae é religar a estação ainda hoje.

De acordo com o último balanço da Cedae, a concentração da geosmina encontrada em março foi a mais alta desde o início do ano: 0,515 micrograma por litro.