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Vídeo mostra Henry mancando após suposta agressão de Jairinho

Do UOL, em São Paulo

12/04/2021 22h52Atualizada em 15/04/2021 13h15

Imagens gravadas pela babá de Henry Borel registraram o menino mancando após uma suposta agressão do padrasto, Jairinho.

O vídeo foi gravado em 12 de fevereiro, mesmo dia em que a funcionária narrou para a mãe do menino, Monique Medeiros, o episódio em que o vereador se trancou em um quarto de seu apartamento, na Barra da Tijuca, com o enteado.

No registro, recuperado pela Polícia Civil no celular de Monique, o menino aparece andando com dificuldade, após contar para a babá que havia levado uma rasteira do padrasto, machucando a perna e a cabeça.

Um dia depois do relato, a mãe de Henry levou o filho ao hospital Real D'Or, em Bangu, alegando que ele havia caído da cama por volta das 17h, mesmo horário da conversa com a funcionária, em que as duas manifestaram preocupação em relação ao comportamento de Jairinho.

Segundo o boletim médico, o paciente havia acordado com dor local de claudicação, o que significa que ele estava mancando.

Henry não apresentou febre ou outros sintomas, passou por raio X no joelho esquerdo, que comprovou que a estrutura óssea foi mantida e foi medicado.

O engenheiro Leniel Borel, pai do menino, conta que foi informado sobre o episódio, mas que estava trabalhando em Macaé na data: "A Monique me mandou uma mensagem no dia 13 de fevereiro, de que o meu filho tinha tido uma queda da cama, mas em Bangu, possivelmente na casa da avó e que estava mancando. Perguntei como ele estava, se havia sido grave, mas ela disse que já estava tudo bem e ele estava melhor".

O pai conta que tentou ver o filho naquela véspera de Carnaval, mas que não conseguiu, pois a mãe teria levado o menino para viajar.

O pai de Henry afirma que, quando se separou, combinou com a Monique que daria 20% de seu salário, pagaria metade da babá e o plano de saúde. Embora ajudasse a pagar o salário de Thayná de Oliveira, a contratação foi feita por Monique Medeiros.

A pediatra Flavia Gibara explica que as crianças dão diversos sinais quando estão passando por situações de medo ou estão próximas dos agressores: "A criança que sofre abuso, seja físico, sexual, psicológico, vive em um ambiente de medo. O silêncio já é uma consequência disso. Mudança de comportamento físico, voltar a fazer xixi na cama, sintomas físicos como vômito, ficar mais calada, introspectiva na presença de um suposto agressor, isso pode ser sinal de abuso, agressão ou bullying. Na suspeita de algum tipo de violência, a obrigação do médico é fazer notificação ao Conselho Tutelar. E qualquer pessoa que suspeitar de agressão, pode fazer uma denúncia anônima", disse ela.

Prisão

Os mandados de prisão temporária por 30 dias do casal foram expedidos pelo 2º Tribunal do Júri. A polícia investiga o crime de homicídio duplamente qualificado —por motivo torpe e sem chances de defesa à vítima.

Para a polícia, o menino morreu em decorrência de agressões. Segundo os investigadores, Dr. Jairinho já tinha histórico de violência contra Henry. Segundo a investigação, o parlamentar se trancou no quarto para agredir a criança com chutes e pancadas na cabeça um mês antes do crime —a mãe soube das agressões, ainda de acordo com a polícia.

O casal também é suspeito de combinar versões e de ameaçar testemunhas para atrapalhar as investigações. A Polícia Civil ouviu ao menos 18 pessoas na investigação.

Investigadores conseguiram resgatar mensagens de texto e imagens que teriam sido apagadas dos celulares do casal, após quebra de sigilo telefônico decretado pela Justiça do Rio de Janeiro. Em uma das conversas recuperadas, ocorrida no dia 12 de fevereiro, a criança relata à babá —identificada como Thayná— que sofreu uma "banda" (rasteira) e chutes de Dr. Jairinho. A babá então conta à mãe, Monique, que o menino disse que essa não teria sido a primeira vez que sofreu agressões do padrasto.