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Babá diz que mãe de Henry a obrigou a apagar todas as mensagens do celular

Daniele Dutra

Colaboração para o UOL, no Rio

13/04/2021 11h55Atualizada em 15/04/2021 13h09

A babá do menino Henry, de 4 anos, morto no dia 8 de março, diz ter sido obrigada pela mãe do menino, a professora Monique Medeiros, a apagar todas as mensagens do celular trocadas entre as duas e Jairinho. Thayná de Oliveira Ferreira contou em seu segundo depoimento na tarde de ontem (12) na 16ª DP, Barra da Tijuca, que se sentiu intimidada pela mãe da vítima a mentir sobre as supostas agressões e a deletar as conversas na frente dela.

A conversa entre Thayná de Oliveira Ferreira e Monique Medeiros teria acontecido no escritório do advogado André França, dias após a morte de Henry, onde a babá e a empregada, Rosângela de Souza Matos, foram chamadas para terem uma conversa com o advogado do casal, a pedido de Thalita Souza, irmã de Jairinho, que solicitou que um motorista levasse as duas até o escritório.

Enquanto aguardava ser chamada, a mãe de Henry e a babá ficaram sozinhas em uma sala. Monique começou dizer que quando fosse depor em sede policial era para a funcionária falar que nunca havia visto e ouvido nada e pediu para apagar todas as mensagens no celular da trabalhadora. Em depoimento, Thayná conta que, inclusive, a professora citou para não relatar as brigas do casal e nem as agressões que o menino estaria sofrendo. As mensagens apagadas foram recuperadas pela investigação do caso (confira a íntegra das conversas) com a ajuda de um software da empresa israelense Cellebrite.

O advogado André França, que representava o casal mas agora só responde pelo vereador Jairinho, chamou Thayná logo após a conversa privada com Rosângela, a empregada doméstica do apartamento. A babá conta que o advogado, ao lado de Monique, iniciou uma conversa falando de Deus, espiritualidade e disse que como ela era católica que nem ele e acreditava em Deus, deveria contar "para o mundo" que Monique e Jairinho eram boas pessoas. Em seguida, insistiu que ela falasse com uma emissora de TV, mesmo com a voz e a imagem distorcida. A babá disse que foi preparada pelo advogado sobre todas as respostas que deveria dar, tanto às emissoras quanto para a polícia.

Além de Monique, a avó materna, Rosângela Medeiros, também soube das agressões que Henry sofria de Jairinho. Thayná contou à polícia que logo após o episódio do dia 12 de fevereiro, em que o menino falou que o padrasto havia dado uma banda (rasteira) nele, na semana seguinte ela esteve com a mãe da professora, em Bangu.

Enquanto a mãe do menino se consultava com uma psicóloga, a babá e Henry aguardaram na casa de Rosângela. A avó ficou assustada e indignada quando soube das agressões, mas questionou se o garoto poderia estar mentindo ou falando a verdade. Thayná negou a primeira hipótese, pois o menino estava mancando, com dor na cabeça e com uma marca roxa. Em depoimento, a babá declara que logo desconversou o assunto, pois ficou com medo de acharem que ela estava fazendo "fofoca".

Thalita Souza, irmã de Jairinho, também soube das agressões que Henry havia sofrido. Alguns dias após a conversa com o advogado, Thayná foi convidada pela irmã do parlamentar para terem uma conversa. Às 15h de uma sexta-feira, a babá chegou até a casa, que é a mesma em que mora o Coronel Jairo e sua esposa, Manuella.

Thayná começou a contar para Thalita tudo que presenciou, porém, quando ainda estava narrando as circunstâncias da segunda ocasião em que Jairinho agrediu Henry, a irmã pediu que a declarante parasse de contar e pediu que ela "não fosse juíza do caso do irmão dela" e que "menos é mais", dando a entender que não era para a declarante falar tudo que sabia, pois todos já estavam sofrendo muito.