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Ex de Jairinho diz que avisou Monique das agressões que sofria do vereador

Débora Saraiva revelou que ela e o filho eram agredidos pelo médico e vereador Dr. Jairinho, padrasto de Henry Borel Imagem: Reprodução/TV Record

Do UOL, em São Paulo

16/04/2021 11h49Atualizada em 16/04/2021 13h47

Uma ex-namorada do médico e vereador Jairinho (sem partido) revelou que ela e o filho também eram agredidos pelo parlamentar durante o relacionamento de seis anos. A assistente social Débora Saraiva, de 34 anos, disse que falou com a professora Monique Medeiros, mãe de Henry Borel, de 4 anos, em outubro de 2020, para dizer que era agredida pelo parlamentar e a professora teria ficado "meio chocada" ao saber do relato, mas, mesmo assim, voltou a namorar o médico.

Em entrevista ao jornalista Roberto Cabrini, Débora disse que terminou o relacionamento com o parlamentar em outubro de 2020 depois de saber que ele também estava namorando com Monique. Após ter ciência da infidelidade, a assistente social afirmou ter entrado com a mãe de Henry para dizer que era agredida pelo médico.

Ao saber que Jairinho tinha uma namorada, Monique teria ficado chocada e dizia ser "impossível" que o homem estivesse em outra relação pois estava separado da mãe dos dois filhos dele, a dentista Ana Carolina Netto.

"Eu expliquei que eu tinha um relacionamento com ele há 6 anos, que naquele momento eu estava com ele porque ele me pediu muito para voltar. Ela disse 'impossível porque ele está separado. Ele até falou que tem uma pessoa aí que enche o saco dele, mas não falou nada de você'. Aí eu expliquei, mostrei conversa para ela, ela ficou 'meu Deus, eu estou apavorada', ele está aqui me ligando", contou Débora em reportagem transmitida ontem no "Cidade Alerta", da TV Record.

A assistente social, que é mãe de Enzo e Clara, revelou que continuou falando com Monique mais algumas vezes, mas quando soube que eles tinham voltado a se relacionar, "excluiu [ela] de Instagram e tudo para [eles] não ficarem acompanhando a minha vida e deixei eles viverem".

Agressões contra a namorada

Débora explicou que a primeira vez que teria sido agredida por Jairinho foi quando descobriu que ele estava tentando voltar para a ex-mulher, Ana Carolina, ao mexer no celular dele. Ao acordar o parlamentar para questionar as mensagens, o vereador viu que a mulher mexeu no aparelho e disse que iria "sumir" com ela, dizer que eles tinham brigado e a assistente social saiu de casa "sem rumo".

"Em seguida ele veio no meu pescoço, me jogou no sofá, eu fiquei sentada, ele em cima de mim, apertando o meu pescoço por um bom tempo. Eu falava 'você vai me matar, não estou conseguindo respirar'. Do nada ele mudou a cara, olhou para a mim e disse 'vamos dormir'."

Segundo a mulher, em uma das agressões, Jairinho quebrou o dedo do pé dela. Em outra, no ano passado, ela recusou que o parlamentar visse o celular dela, eles começaram a brigar e Jairinho teria dado um mata leão nela. Quando a mulher tentou chegar perto do carro para fugir das agressões, ele a puxou pelo pescoço e ela caiu em um canteiro.

"Ele foi me arrastando, quando ele me levantou, ele me deu três mordidas na cabeça, muito forte. Fiquei dolorida. No outro dia ele agiu como se nada tivesse acontecido", explicou.

Em outro episódio, Débora disse que ligaria para Ana Carolina a fim de dizer que ele continuava a procurando e aparecendo em lugares atrás dela. Na ocasião, o parlamentar teria chegado bem perto do rosto da mulher e dito "faz isso que eu te machuco onde mais te machuca". Para a mulher, isso foi um aviso que ele machucaria os filhos dela, Enzo e Clara.

Dopar a mãe e agredir o filho

De acordo com a assistente social, há alguns dias, Enzo, que tinha 2 anos na época do relacionamento, revelou que uma vez ele e a irmã acordaram para beber água e Jairinho estava na sala do apartamento onde eles moravam. O parlamentar teria mandado a menina ir dormir porque iria cuidar do menino.

Vendo que a menina queria ficar com o irmão, Jairinho deu um copo com água para ela. Clara, que tinha 6 anos à época, disse para a mãe que notou "pózinho" branco na taça dela e, depois, observou a mesma substância no copo da mãe.

"[Depois, o Jairinho] colocou papel, um pano na boca dele [Enzo] e falou que ele não podia engolir o papel e ficou em pé no sofá e subiu na barriga do meu filho com todo o peso. E aí teve uma hora que ele conseguiu sair e fugir dele", explicou a mulher, destacando que o filho não fazia questão de passear, nem de estar junto com o padrasto.

Ela acrescentou dizendo que o filho disse ter chamado e mexido na mãe após a fuga, mas ela "não o ouvia". Para a mulher, ela e a filha foram dopadas pelo parlamentar para não presenciar as agressões contra o menino. "Eu não tomo remédio para dormir, não tomo nada e eu fiquei uma semana sem me lembrar de algumas coisas, falando bobeira e pela forma como minha mãe me achou e eu parecia estar desmaiada."

Em outra ocasião em que o garoto estava sozinho com o Jairinho, a mãe foi informada pelo médico que o menino tinha quebrado o fêmur ao descer do carro. Ao ver o filho, Débora ficou chocada pois ele "não estava esboçando nenhuma reação". A criança ficou dois meses com o gesso, mas ela diz não ter desconfiado de nenhuma culpa do padrasto na época.

Outra ex-namorada de Jairinho, que não foi identificada, revelou que ela e a filha também eram agredidas pelo parlamentar.

Intimidação no Caso Henry Borel

Débora afirmou que se sentiu intimidada por Jairinho após saber que tinha sido intimada para depor no caso do menino Henry. A mulher ligou para a irmã do parlamentar, Thalita Santos, para questionar por que estava sendo intimada e a familiar disse que deveria ser só uma conversa. Depois que desligou o telefone, Débora recebeu uma ligação do vereador.

"Aí ele falou assim 'que que foi?' e eu disse 'Jairinho, não estou entendendo por que estão me intimando nesse caso. O que está acontecendo?'. E ele disse: 'calma, você só tem que falar a verdade. Eles devem estar te intimando porque a gente teve uma relação e eles querem saber se eu fui agressivo com você, se acontecia alguma coisa com você. É só você falar a verdade, amor'."

A assistente social disse na reportagem que falar a verdade seria expor que ele "era agressivo comigo, que tinha medo dele, que ele já tinha me agredido várias vezes, já quebrou o dedo do meu pé, já me mordeu, me enforcou e contar o que eu sei do Enzo". Ela explicou que desligou o telefone e que o vereador insistiu para falar com ela e, não tendo resposta, chegou a invadir a casa dela e tentar entrar no apartamento de uma amiga dela após saber que Débora estava no local.

Medo de contar a verdade

Débora revelou que não contou sobre as agressões que sofria do parlamentar em seu primeiro depoimento à polícia pois "tem medo" do vereador, já que ele e a família são "poderosos". Mas que agora ela está disposta a dizer a verdade. A expectativa é de que Débora realize um novo depoimento hoje na 16ª DP, no Rio de Janeiro.

"Hoje, o Jairinho eu vejo que é uma pessoa mentirosa, uma pessoa agressiva. Eu o considero uma pessoa ruim, falsa. Ele me fez muito mal, eu perdi seis anos da minha vida, nunca confiei nele, mas eu não conseguia me livrar dele e acho que ele tem que pagar por tudo que ele fez."

Para a mulher, Jairinho seria capaz de matar Henry, visto o que ele já teria feito com ela e com o filho. "Ele vai para cima e não mede o que está fazendo, quem ele está machucando, aonde ele pode chegar e do nada parece que dá um estalo e ele para. Ele não quer saber se está machucando. Comigo foi assim."

Mesmo com a prisão do parlamentar, a mulher afirma que continua com medo do que pode acontecer com ela ao dizer tudo que vivenciou com ele e explicou que só namorou o médico por tanto tempo pois gostaria de proteger os filhos dela.

"Apesar do alívio [com a prisão do Jairinho], eu continuo sentindo medo. Medo do que ele pode fazer. Se ele vai ficar com raiva [do que eu vou falar]. Ele é influente, eu tenho medo. Eu nunca deixei de proteger os meus filhos. Inclusive fiquei com ele esse tempo porque eu tinha medo e queria proteger os meus filhos", finalizou.

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