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Jairinho teria colocado saco plástico na cabeça da criança, segundo ex

Ex-namorada de Jairinho chegando a delegacia no RJ; em depoimento ela detalhou supostas agressões e ameaças - Reprodução/Tatiana Campbell
Ex-namorada de Jairinho chegando a delegacia no RJ; em depoimento ela detalhou supostas agressões e ameaças Imagem: Reprodução/Tatiana Campbell

Daniele Dutra e Tatiana Campbell

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

16/04/2021 22h26Atualizada em 17/04/2021 09h48

Débora Mello Saraiva, ex-companheira do vereador Jairinho, prestou hoje um novo depoimento na 16ª DP (Barra da Tijuca) em que detalhou cenas de tortura as quais o filho mais novo, na época com 3 anos, teria vivenciado durante o relacionamento da mãe com o parlamentar.

A ex-namorada contou que em uma das ocasiões, no ano de 2015, estava com os dois filhos no apartamento em um vereador, em Jacarepaguá. Enquanto ela dormia, as crianças foram beber água e encontraram o padrasto no sofá. Para a mãe, o filho - atualmente com 8 anos - lembrou que o padrasto mandou a menina, então com 6, pegar água e ir deitar, já que o irmão, na época com 3 anos incompletos, ficaria aos cuidados dele.

"Jairinho colocou um papel e um pano na boca do enteado e disse que ele não poderia engolir. Deitou o garoto no sofá da sala e apoiou todo o peso do corpo com pé em cima dele. Num certo momento, conseguiu se desvencilhar do vereador e foi correndo para o quarto chamando pela mãe, que foi sacudida, porém não se mexia", relatou a moça, identificada como Débora Mello Saraiva, no depoimento.

O menino tentou acordar a mãe, sem sucesso, e foi alcançado por Dr. Jairinho e a suposta sessão de tortura continuou, de acordo com o depoimento da ex-namorada.

Segundo a criança, o parlamentar o levou até o estacionamento do prédio, o fez entrar no carro e colocou um saco plástico em sua cabeça. Ele afirmou ainda que o parlamentar ficou dando voltas com o carro.

No dia seguinte, a irmã de Débora, por meio de uma ligação, percebeu que ela estava com voz de "dopada". A avó das crianças que já estava na expectativa de buscar os netos, resolveu inclusive chegar mais cedo do que o combinado.

O vereador já tinha deixado o apartamento para ir trabalhar quando a mãe de Débora chegou e viu um pó branco na taça que a filha tinha usado na noite anterior. A ex-namorada chegou a questionar Dr.Jairinho, "porém ele negou".

Naquele ano, o menino teria sido agredido novamente pelo namorado da mãe, em uma ocasião em que teve o fêmur quebrado.

Dr. Jairinho se ofereceu para levar o enteado a uma casa de festa, já que segundo ele, a mãe de seus filhos, Ana Carolina Netto, não o deixava sair sozinho com seu filho caçula. Pouco tempo depois, Débora recebeu uma ligação dizendo que os dois estavam em um Centro Médico, pois o garoto havia torcido o joelho.

A mãe da vítima percebeu que ele estava "amuadinho", e estranhou o fato de ele não ter chorado em nenhum momento diante de uma lesão tão grave.

Para os agentes, Debora Mello Saraiva justificou que omitiu informações no primeiro depoimento à polícia por medo de Jairinho, já que o parlamentar a teria ameaçado.

De acordo com a mulher, ao perguntar para o vereador o motivo pelo qual foi chamada na delegacia, ele teria dito que "era para ela ficar tranquila, dizendo ainda "é só você falar a verdade, amor'", segundo a ex-companheira, "em tom intimidador".

Ex-companheira também sofreu agressão

Em depoimento, Débora Mello Saraiva também relatou que a partir do segundo dos seis anos anos de relacionamento com Jairinho passou a ser violentada a ponto de não ser "capaz de contabilizar as agressões sofridas, pois foram inúmeras, ao longo do relacionamento, e mesmo após o fim deste".

A primeira violência física ocorreu em 2016 quando a mulher mexeu no celular do vereador e descobriu uma troca de mensagens entre ele e a então ex-mulher Ana Carolina Netto - mãe de dois filhos do parlamentar.

Segundo Debora, Jairinho "se transformou" e a segurou forte pelo braço. O vereador teria dito que "sumiria" com ela e que iria simular um assalto. Logo em seguida, a mulher relata que o vereador a empurrou contra o sofá, subiu nela e a enforcou.

Depois de conseguir dizer que ele iria matá-la, "subitamente, a feição de Jairinho mudou e ele largou o pescoço dizendo 'vamos dormir'.

Já em 2019, o parlamentar teria ameaçado Débora e os filhos após a mulher insinuar que ligaria para Ana Carolina Netto caso ele não parasse de procurá-la.

Para a polícia, a mulher afirmou que o vereador disse: "faz isso que eu te machuco onde mais te machuca" - em referência aos filhos.

Débora Saraiva declarou ainda que no mesmo ano fraturou o dedo do pé após um chute do então namorado.

Ao detalhar mais dos supostos episódios de violência, a ex-companheira contou que em 2020, durante uma viagem para uma casa de praia em Mangaratiba, na Costa Verde Fluminense, Jairinho a agrediu quando ela impediu que o vereador visse o conteúdo do celular dela.

Em depoimento, Débora relatou que o parlamentar lhe aplicou um "mata-leão" e a arrastou pela casa, além de dar três mordidas na cabeça da mulher.

Ela ainda afirmou que ao questionar o vereador sobre as agressões, ele negava que tivesse qualquer comportamento violento.

"Tá maluca, eu não fiz isso. Eu não fiz nada", diria Jairinho.