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RJ: Criança é baleada na cabeça em escola; estado de saúde é grave

Kaio Guilherme da Silva Baraúna foi baleado na cabeça na comunidade Vila Aliança, em Bangu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro - Arquivo Pessoal
Kaio Guilherme da Silva Baraúna foi baleado na cabeça na comunidade Vila Aliança, em Bangu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro Imagem: Arquivo Pessoal

Rai Aquino

Colaboração para o UOL, no Rio

18/04/2021 09h28Atualizada em 19/04/2021 10h52

Um menino de 8 anos foi atingido na cabeça, vítima de bala perdida, no fim da tarde de sexta-feira (16), na comunidade Vila Aliança, em Bangu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Kaio Guilherme da Silva Baraúna estava em uma comemoração de uma escola de reforço que frequenta.

A criança está em estado grave, em coma, há mais de dois dias no Hospital Municipal Pedro 2º, em Santa Cruz. Ele ficou mais de um dia à espera de uma vaga de UTI (Unidade de Unidade de Terapia Intensiva).

A mãe de Kaio, Thaís Silva, 29, que dá aula na escola, que fica na localidade conhecida como Pantanal, disse que o filho estava em uma fila de pintura corporal, quando caiu no chão.

"Eu tinha acabado de entregar um copo de refrigerante que ele havia pedido. Quando virei de costas, só escutei o grito dele caindo. Olhei e vi muito sangue", lembra Thaís, bastante emocionada.

A professora conta que passou mal ao ver o filho ensanguentado. Ela diz que as pessoas acharam que o menino tivesse levado um tombo, mas se lembra de que na hora percebeu que havia sido algo mais sério.

Na mesma hora eu já achei que pudesse ser tiro. As pessoas falaram que alguma criança poderia ter empurrado ele, mas na hora que entreguei o refrigerante na mão dele, vi que todos estavam bem espaçados. Seria difícil ele ter sido empurrado
Thaís Silva

Thaís conta que não havia operação policial na comunidade naquele momento e que imagina que o tiro possa ter vindo de outra comunidade. Um vizinho, que é socorrista, ajudou a levar o menino ao hospital.

"No carro, teve momentos de ele falar 'minha cabeça está doendo muito'. Depois, ele apagava e voltava, gritando", lembra a mãe.

Quase dois dias esperando UTI

Kaio foi levado ao Hospital Municipal Albert Schweitzer, no bairro vizinho de Realengo, onde recebeu os primeiros atendimentos. A mãe conta que como a unidade não tinha um neurocirurgião naquela hora, ele foi transferido para o Pedro 2º, onde passou por uma cirurgia.

Com o filho em estado grave desde que foi baleado, Thaís diz que o menino ficou internado na enfermaria, conseguindo vaga na UTI pediátrica do Pedro II apenas na manhã deste domingo.

Uma chefe da UTI disse que ele está em coma, não respondendo ao tratamento por causa do trauma
Thaís Silva

A professora está inconsolável com a situação do filho único. Ela conta que o menino estava em casa no momento da comemoração e que pediu para os pais levá-lo para a festa para se distrair, já que ele havia fraturado o dedo jogando bola há alguns dias.

"É uma sensação inexplicável. Não sei dizer o que estou sentindo. Só tenho certeza que quem está me mantendo de pé é Deus. É desesperador. Minha cabeça não está boa, porque ele nem iria nessa festa", lamenta Thaís, dizendo que o filho estava há apenas 1h30 na comemoração quando tudo aconteceu.

Procurada pelo UOL, a Polícia Militar do Rio disse que só ficou sabendo que Kaio havia sido baleado quando agentes do 14°BPM (Bangu) foram chamados para o Hospital Albert Schweitzer.

"No local a equipe constatou que um menor de 8 anos havia sido atingido na cabeça por disparo de arma de fogo", a PM disse, em nota.

A investigação do caso está sendo feita pela 34ª DP (Bangu).

Os próprios familiares do garoto explicaram que não estava havendo nenhum confronto, nenhuma invasão, e que a Vila Kennedy, que é uma comunidade ao lado, que é rival à facção de lá, realiza eventualmente disparos na direção da Vila Aliança. A principal linha de investigação é que pode ter sido um tiro a esmo que infelizmente atingiu o garoto
Delegado Luís Maurício Armond Campos, titular da 34ª DP

Vítimas de bala perdida

De acordo com levantamento do Instituto Fogo Cruzado, a Região Metropolitana do Rio teve quatro crianças vítimas de bala perdida neste ano. Duas morreram.