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OAB identifica 16 mortos na operação mais letal da história do Rio

Lola Ferreira

Do UOL, no Rio

07/05/2021 12h21Atualizada em 07/05/2021 16h23

A Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ (Ordem dos Advogados do Brasil) acompanha as famílias dos mortos na operação do Jacarezinho, a mais letal da história do Rio de Janeiro.

A advogada Patrícia Félix, integrante da comissão, identificou na manhã de hoje 16 famílias que aguardavam para fazer o reconhecimento dos corpos no IML (Instituto Médico Legal), na região central do Rio.

Os homens identificados até agora têm de 18 a 41 anos —sete deles têm até 23 anos. São eles:

Carlos Ivan Avelino da Costa Junior, 32 anos
Cleiton da Silva de Freitas Lima, 27 anos
Francisco Fabio Dias Araújo Chaves, 25 anos
Jhonatan Araújo da Silva, 18 anos
John Jefferson Mendes Rufino da Silva, 30 anos
Jonas do Carmo, 31 anos
Isaac Pinheiro de Oliveira, 22 anos
Márcio Manoel da Silva, 41 anos
Marlon Santana de Araújo, 23 anos
Maurício Ferreira da Silva, 27 anos
Natan Oliveira de Almeida, 21 anos
Rai Barreto de Araujo, 19 anos
Richard Gabriel da Silva Ferreira, 23 anos
Rômulo Oliveira Lucio, 20 anos
Toni da Conceição, 30 anos
Wagner Luis de Magalhães Fagundes, 38 anos

Ontem o policial civil morto durante a operação foi identificado como André Leonardo de Mello Frias —ele atuava na Dcod (Delegacia de Combate às Drogas).

Na tarde de hoje, a família reconheceu os corpos de Pedro Donato de Santana, 25, e de Omar Pereira da Silva, 21.

No IML, famílias aguardam liberação dos corpos

As famílias dos mortos na operação do Jacarezinho já iniciaram o reconhecimento dos corpos no IML (Instituto Médico Legal). Por volta das 14h, 13 corpos já tinham passado pela perícia.

Até as 15h de hoje, sete famílias já tinham conseguido a certidão de óbito e aguardavam a liberação dos corpos. Três das certidões, de acordo com as famílias, apontam mortes por apenas um tiro.

A comissão da OAB-RJ pretende auxiliar juridicamente as famílias, acompanhar a investigação policial e já oficiou um pedido para que fotos panorâmicas sejam tiradas dos corpos, para auxiliar numa possível perícia independente.

Patrícia Félix ressaltou que "a pobreza não pode ser criminalizada" e cita indícios de execução.

Moradores relatam que a polícia entrou em casas e que não houve resistência em algumas casas. Foi um banho de sangue. As famílias falam que muitos se entregaram e foram assassinados

Patrícia Félix, da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ

Ela também criticou a fala do governador Cláudio Castro (PSC) sobre a realização da perícia —Castro disse ontem, por meio de nota, que "para garantir a transparência e a lisura da operação, todos os locais de confrontos e mortes foram periciados".

"Muitas casas foram banhadas de sangue. Eles vão entrar em todas? Não tem como fazer uma perícia. E os corpos que foram levados já sem vida?".

De acordo com a advogada, agora a intenção é uma perícia inteligente, com outros órgãos, para avaliar a operação.

O que diz a Polícia Civil

Em entrevista coletiva, delegados da Polícia Civil do Rio defenderam a operação e destacaram a morte do policial durante a ação.

Eles negaram denúncias de "execução" relatadas por moradores e disseram que não desobedeceram à decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), que restringe operações policiais no Rio durante a pandemia a situações excepcionais em que as ações sejam relatadas ao MP-RJ (Ministério Público Federal do Rio de Janeiro).

"O sangue desse policial que faleceu em prol da sociedade de alguma forma está nas mãos desse ativismo judicial", afirmou o delegado Rodrigo Oliveira, subsecretário de Planejamento e Integração Operacional da Polícia Civil. Questionado pelo UOL, ele negou que se referisse à decisão do STF.