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Morre em BH mulher envenenada por marido que 'imitou' caso Backer

8.mai.2021 - Gisele Lidiana Queiroga morreu após ser envenenada pelo marido, Kleber Pires de Queiroga - Reprodução
8.mai.2021 - Gisele Lidiana Queiroga morreu após ser envenenada pelo marido, Kleber Pires de Queiroga Imagem: Reprodução

Rodrigo Scapolatempore

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte

08/05/2021 12h36

Morreu ontem, após quase um mês no hospital, Gisele Lidiana Queiroga, 37, envenenada pelo marido com uma substância que ficou conhecida no caso da cervejaria Backer, o dietilenoglicol. Kleber Pires de Queiroga, 42, confessou o crime e está preso.

O homem contou à Polícia Civil que contaminou a cerveja da esposa com o anticongelante após se inspirar no caso da cervejaria mineira. A ação teria sido premeditada, conforme as investigações. A substância, altamente tóxica, é utilizada em sistemas industriais de refrigeração.

A mulher consumiu a bebida em 11 de abril, em Mateus Leme, região metropolitana de BH, onde o casal morava. Dois dias depois, ela foi para o hospital local, até piorar e ser transferida para Contagem (MG). Atualmente, estava em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em BH, onde faleceu.

"Imitou caso Backer"

"O que chama atenção é ele claramente ter imitado o caso trágico da cervejaria Backer", afirmou a delegada da Polícia Civil Lígia Mantovani ao UOL. "Como motivações, Kleber alegou traições antigas e problemas financeiros. A ação foi arquitetada previamente."

Após investigações, a polícia constatou que o produto foi comprado ilegalmente em um site na internet, que poderá ser investigado. "Era um frasco de 200 ml da substância pura, no valor de R$ 35. A encomenda chegou em 17 de fevereiro, mas ele aguardou o momento oportuno", completou.

Homem se entregou à polícia

O homem disse que se arrependeu do crime. Ele se entregou à polícia e procurou o hospital para informar qual o produto usado no envenenamento, o que não foi suficiente para salvar a vida da esposa, com quem era casado há 19 anos e tem dois filhos. Eles são menores de idade e estão sob cuidados de parentes.

Segundo a Polícia Civil, Queiroga não tem antecedentes criminais nem registros de violência doméstica. Ele deve responder por feminicídio. Se condenado, a pena pode variar entre 12 e 30 anos de prisão. O UOL tentou contato com a defesa, mas não teve retorno até a publicação desta reportagem.

Familiares informaram nas redes sociais que a vítima seria velada hoje, em Mateus Leme, e sepultada às 13h no cemitério central da cidade, em cerimônia restrita, conforme os protocolos da pandemia. Eles preferiram não dar entrevista.

Dez morreram no caso Backer

Em 2019, dezenas de pessoas que consumiram cerveja da cervejaria Backer começaram a ter fortes efeitos colaterais. Pelo menos dez morreram. A princípio, chamada de doença "misteriosa", a reação na verdade era contaminação pelo dietilenoglicol, armazenado nos tanques da fábrica.

O inquérito, que foi concluído em junho de 2020, listou 29 vítimas da síndrome nefroneural e indiciou 11 envolvidos. Há mais pessoas que alegam terem sido intoxicadas.