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Polícia: Suspeito de assassinatos em série queria matar um gay por semana

José Tiago Soroka foi preso hoje em Curitiba - Divulgação/Polícia Civil-PR
José Tiago Soroka foi preso hoje em Curitiba Imagem: Divulgação/Polícia Civil-PR

Abinoan Santiago

Colaboração para o UOL, em Florianópolis

29/05/2021 14h07

O suspeito de matar três homossexuais no Paraná e em Santa Catarina, preso hoje, em Curitiba, revelou em depoimento, segundo a polícia, que planejava matar um homem homossexual por semana. José Tiago Corrêa Soroka, de 32 anos, considerado pela investigação como um serial killer, teria afirmado que só parou de praticar os crimes após a divulgação das imagens dele na imprensa.

De acordo com a Polícia Civil do Paraná, Soroka confessou a morte de um professor universitário de 36 anos, em Abelardo Luz, em Santa Catarina, em 17 de março; de um enfermeiro de 30 anos, em 30 de abril, e de um estudante de medicina de 25 anos, em 5 de maio. Os dois últimos crimes aconteceram em Curitiba.

Ainda segundo a polícia, o homem também confessou a tentativa de homicídio contra uma quarta vítima, também homossexual, em 11 de maio, no bairro Bigorrilho, em Curitiba. Foi através dela que a Polícia Civil passou a investigá-lo.

Os crimes pararam de acontecer, segundo a Polícia Civil, depois que a DHPP (Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa) divulgou a imagem do suspeito. Ele contou que ficou com medo de ser reconhecido por eventuais novas vítimas.

Soroka teria relatado aos policiais que pretendia matar uma vítima por semana porque o dinheiro e bens levados das vítimas duravam poucos dias. Todas as mortes aconteceram às terças-feiras. Ele encontrava os alvos em aplicativos de relacionamento.

José Tiago Soroka é suspeito de matar homens gays em Curitiba e Abelardo Luz (SC) - Divulgação/Polícia Civil-PR - Divulgação/Polícia Civil-PR
José Tiago Soroka é suspeito de matar homens gays em Curitiba e Abelardo Luz (SC)
Imagem: Divulgação/Polícia Civil-PR

"Ele não marcava data. As terças-feiras eram coincidência, mas se programou para fazer um homicídio por semana para se manter financeiramente com o que pegava de pertences. Disse que estava gastando muito com drogas. Como durava apenas uma semana, precisava matar para roubar", comentou ao UOL o delegado Thiago Nóbrega, da DHPP.

O suspeito não quis informar a motivação para escolher vítimas homossexuais, mas a análise psicológica preliminar da Polícia Civil apontou que Soroka tem "algum trauma não resolvido".

"Acreditamos que escolhia homens gays por algum trauma não resolvido. Nas palavras de um psicólogo que acompanhava o depoimento, 'ele matava fora o que o matava por dentro'. Escolhia as vítimas homossexuais para matá-las mesmo e se aproveitava das mortes para roubá-las. Em nenhum momento optou por mulheres, homens heterossexuais ou idosos. Deu a impressão de que gostava de matar [homens gays]", detalhou Nóbrega.

Soroka ainda não tem advogado de defesa constituído. Segundo a polícia, ele disse que "não fazia questão" de um defensor "porque iria confessar tudo". O mandado de prisão é temporário por 30 dias, podendo ser convertido em preventivo até o julgamento.

"Ele disse que tem outras vítimas, mas que não falaria se a gente não estivesse investigando. Só quis comentar sobre as que sabia da existência de uma investigação. É bem frio e calculista", frisou o delegado da DHPP, que pretende descobrir as outras vítimas citadas pelo suspeito.

'Finalmente podemos respirar', diz amigo de vítima

A última vítima que teria sido morta pelo suspeito foi um estudante de medicina, em 5 de maio. Ele foi encontrado morto após amigos da faculdade notarem seu sumiço das aulas na PUC (Pontifícia Universidade Católica) do Paraná.

O estudante era natural de Campo Grande (MS) e morava desde 2019 em Curitiba para cursar medicina após conquistar uma bolsa integral. Nas redes sociais, tem publicações de cinco aprovações no mesmo curso em universidades diferentes.

O estudante de Letras Caio Vieira, de 22 anos, era amigo próximo da vítima. Ambos se conheceram na PUC-PR. Ele conta que ao saber da prisão do suspeito, os demais colegas e a família sentiram a sensação de alívio.

"É um alívio para todos os amigos, e principalmente para a família, que com toda a certeza, é a que mais sofre neste momento. Espero que, com a prisão desse indivíduo, ele possa pagar na prisão pelo que fez. Finalmente poderemos respirar e dizer que não morreu em vão", disse ao UOL.