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'Acabou essa história de construção irregular', diz Paes após desabamento

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes - Beth Santos/Prefeitura do Rio
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes Imagem: Beth Santos/Prefeitura do Rio

Marcela Lemos

Do UOL, em São Paulo e Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

03/06/2021 13h43

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (DEM), disse hoje que não vai permitir mais construções irregulares na cidade ao visitar a área do prédio que desabou em Rio das Pedras, na zona oeste. Segundo a prefeitura, o edifício era irregular.

Em entrevista à GloboNews nesta tarde, Paes afirmou que, dada a "realidade da cidade", seria impossível tirar todas as construções irregulares, mas afirmou que não permitirá novos edifícios. Ele negou ainda que tenha problema em acabar com projetos em áreas de milícia.

"A gente está deixando uma bem clara para a população nos últimos meses, que acabou essa história de tanta construção irregular. A gente não tem permitido. Diariamente, a imprensa tem mostrado ações da prefeitura", declarou Paes.

"Agora, é uma realidade da cidade. Não vamos retirar todas as casas de todas as favelas do Rio. O que se tem que fazer é olhar essas áreas com mais riscos, olhar essas construções e tentar fazer e produzir melhorias habitacionais", ponderou o prefeito próximo ao local do acidente.

O governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro (PSC), também esteve no local do desabamento e defendeu que "a fiscalização deve ser integrada entre a Prefeitura e o Estado. É um ponto que precisa melhorar e, por isso, eu e o prefeito vamos sentar para entender como isso pode ser feito por meio dos projetos de infraestrutura".

A região de Rio das Pedras fica próxima aos bairros de Jacarepaguá, Anil e Itanhangá, na zona oeste. Cerca de 60 mil pessoas moram na área, que é controlada pela milícia. O grupo age na região por meio da construção e venda de imóveis sem licença, extorsão de moradores e de comerciantes, além da cobrança de serviços essenciais como transportes públicos.

Paes negou que o comando dos grupos nesses e outros locais da cidade impeçam o trabalho de fiscalização da prefeitura.

"Comigo não tem essa conversa. A gente vai agir sempre com firmeza. Nem milícia nem traficante nem delinquente se sobrepõe ao poder do estado. Falta de vergonha na cara das autoridades que permitiram que isso acontecesse", declarou o prefeito.

"A gente está combatendo forte esse mercado e essa indústria das milícias", concluiu.

Região teve interdições

O prédio que desabou fica na Rua das Uvas, perto da Avenida Areinhas. Embaixo dele funcionava uma lan house, que estava fechada durante a madrugada. A região foi interditada e moradores de prédios próximos precisaram deixar suas casas.

O Corpo de Bombeiros foi acionado por volta das 3h20 e atua na região com quatro quartéis na região: do Alto da Boa Vista, da Barra da Tijuca, de Magé e também de São Cristóvão. Ambulâncias, aeronave e cães farejadores são usados nas buscas. Houve um incêndio no local —o fogo já foi controlado.

"Essa daqui é uma das áreas mais críticas da cidade porque tem um solo que se move muito", declarou Paes nesta tarde.

Um centro de triagem foi montado na região para atender os vizinhos. De acordo com Talita Galhardo, da subprefeitura de Jacarepaguá, a maioria das construções na região "não tem legalidade". "Eu tenho feito vistorias de ocupação de prédios condenados pela Defesa Civil. Tem muita ocupação irregular, mas é difícil tirar o morador, colocar em outros lugares", afirmou.