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Homofobia: Advogada é alvo de ataques após criticar estupro coletivo em SC

A advogada Margareth Hernandes - Arquivo pessoal
A advogada Margareth Hernandes Imagem: Arquivo pessoal

Júlia V. Kurtz,

de Passo Fundo (RS)

06/06/2021 18h29Atualizada em 07/06/2021 10h20

A presidente da Comissão de Direito Homoafetivo e Gênero da OAB-SC (Ordem dos Advogados do Brasil), Margareth Hernandes, passou a ser alvo de ataques após ter se manifestado ontem sobre um caso de estupro coletivo sofrido por um jovem gay em Florianópolis na segunda-feira (31). Boa parte dos usuários se identificam como aliados do presidente Jair Bolsonaro (sem partido)

Ontem, a advogada publicou um vídeo em sua conta no Instagram explicando o ocorrido. Segundo ela, seu discurso foi reproduzido e distorcido em um site, o que levou várias pessoas a lhe mandarem mensagens com ameaças e desejos de morte.

Hernandes acrescentou que deve tomar as medidas necessárias em relação aos ataques. "Vou tomar as devidas providências cabíveis ao caso, registro de BO e judicialização em desfavor dos autores das ofensas e ameaças",escreveu.

Informações preliminares divulgadas pela polícia apontam que a vítima foi abordada pelos criminosos no centro da cidade. Durante o estupro, os suspeitos utilizaram objetos cortantes inseridos em seu ânus.

Em um momento do ataque, a vítima foi obrigada a escrever palavras homofóbicas no corpo, como "veado", com os objetos cortantes para que deixassem cicatrizes. Após o crime, ele foi abandonado na rua em estado grave e levado ao hospital, onde permanece internado em estado grave.

O crime é investigado pela Delegacia de Polícia de Florianópolis, que declarou que "tomou todas as providências legais".

Manifestação

Ao tomar conhecimento do crime, Hernandes se manifestou em seu perfil, lamentando o ocorrido:

"É com profunda tristeza, que inicio o mês do orgulho LGBTQI com uma notícia deste timbre! (?) Mais um dia de violência no país que mais mata homo e transexuais no mundo. Essa violência que cresce assustadoramente com o incentivo de algumas igrejas, do presidente da República, de alguns prefeitos, governadores e parlamentares. Discursos de ódio são aplaudidos e por conta desses aplausos pessoas morrem de forma cruel, porque seus algozes se encontram legitimados por um governo genocida e homofóbico", disse.

O comentário foi reproduzido em um site e, desde então, surgiram várias postagens de ataque na conta de Margareth. "Essa é a famosa OAB. Defender o povo da corrupção não faz parte dos princípios dela", escreveu uma conta.