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Kathlen: OAB vê alteração de cena do crime por PMs após sumiço de balas

Herculano Barreto Filho

Do UOL, no Rio

11/06/2021 12h57Atualizada em 11/06/2021 19h18

O tiro que atravessou o corpo de Kathlen Romeu, 24, morta em uma ação policial na última terça-feira (8) no Complexo do Lins, zona norte do Rio, partiu da direção de onde estavam os policiais militares, disse hoje o advogado Rodrigo Mondego, da Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).

"A bala veio da direção de onde estavam os policiais", disse Mondego. O defensor, que acompanha na Delegacia de Homicídios da Capital o depoimento da avó de Kathlen, disse ainda que houve fraude processual por causa do sumiço dos projéteis disparados pelos agentes no local e defendeu uma reprodução simulada no local do crime.

"Os policiais afirmam em depoimento que atiraram. Mas cadê os estojos? Não teria sentido o tráfico sumir com os estojos de tiros da própria polícia. É nítido que existiu uma fraude processual", disse Mondego hoje à tarde, na frente da delegacia, na Barra da Tijuca, zona oeste carioca.

Segundo ele, a avó só viu os policiais depois dos disparos e se atirou sobre o corpo de Kathlen, que estava grávida de três meses.

"Uma reprodução simulada é fundamental nesse caso. Será possível provar de onde partiu o tiro pelo ângulo da perfuração da bala no corpo", completou.

O advogado também contestou a versão apresentada pela PM-RJ (Polícia Militar do Rio de Janeiro), que diz que a ação não foi planejada e que os agentes reagiram a tiros dados por traficantes.

"Dá para caracterizar como uma operação pela quantidade de policiais envolvidos. Não foi um simples patrulhamento", argumentou Mondego.

A PM informou hoje que 12 policiais foram afastados da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) Lins. "Por uma questão de lisura do processo investigativo, os policias foram afastados da UPP Lins", informou ao UOL o major e porta-voz da PM, Ivan Blaz. Questionada, a corporação ainda não informou contudo qual a função que esses policiais passarão a desempenhar.

Em nota, a PM negou a existência de uma ação planejada, disse que o local do crime foi preservado para perícia e relacionou os disparos a um ataque a tiros "por criminosos armados de maneira inesperada e inconsequente".

Família pediu missa no Cristo Redentor

Reitor do Santuário do Cristo Redentor, padre Omar Raposo foi à delegacia para fazer uma oração e entregar um terço nas mãos da avó de Kathlen. Na saída, disse que ela pediu uma missa em homenagem à neta no local.

"Fizemos uma oração e ela [avó de Kathlen] quer que seja feita uma missa no Cristo Redentor. Que ela consiga transformar essa dor que está passando em amor", disse o padre, na saída da delegacia.

Integrantes da Corregedoria Interna da PM-RJ também estão na delegacia para ter acesso ao conteúdo da investigação. O órgão irá abrir um IPM (Inquérito Policial Militar) com o objetivo de fazer uma investigação paralela a pedido do MP-RJ (Ministério Público do Rio).

Até o momento, cinco policiais militares que participaram da ação foram ouvidos pela Polícia Civil. Ao todo, 21 armas foram apreendidas —12 fuzis e 9 pistolas.

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