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Homem diz ter sido agredido por guardas no Leblon; vítima perdeu 7 dentes

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

15/07/2021 04h00Atualizada em 15/07/2021 11h12

O advogado João Aquiles de Paiva, 52, contou ter levado um mata-leão (golpe com enforcamento) de guardas municipais no Leblon, zona sul do Rio, e sofrido uma série de golpes com cassetetes na noite de sábado (10).

Os três agentes envolvidos foram filmados, e o vídeo foi encaminhado à Seop (Secretaria Municipal de Ordem Pública), ligada à prefeitura. Em depoimento à polícia, eles disseram que a vítima se machucou ao cair no chão.

A vítima perdeu sete dentes e precisará passar por uma reconstrução da mandíbula.

Ele conversou com o UOL por mensagem de texto, pois está impossibilitado de falar.

Contou que os guardas foram reprimir uma aglomeração na região da rua Dias Ferreira. Segundo seu relato, ele atacado após intervir em uma abordagem.

"Eles estavam reprimindo as pessoas na rua e alguém jogou um copo de cerveja. Eles escolheram um garoto qualquer e começaram a levá-lo para o carro deles. Eu e dois amigos fomos pedir para liberarem o moleque. Aí, eles partiram para cima da gente", descreveu.

Eu segurei o cassetete e veio outro e me deu um mata-leão. Quando eu estava desfalecendo, ele largou. Aí, vieram outros e baixaram o cassetete na minha cara.
João Aquiles de Paiva, advogado

Ele disse que tentou se defender e teve o braço direito atingido, que terminou roxo e com escoriações. Os guardas deixaram o local sem prestar socorro.

Braço - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
O braço de Paiva ficou todo roxo após os golpes de cassetete
Imagem: Arquivo pessoal
À polícia, os agentes públicos disseram que se depararam com uma confusão no local e que, ao intervirem, "um senhor tentou pegar o bastão de um dos guardas e caiu".

Internado no Hospital Municipal Souza Aguiar, no centro, o advogado aguarda para fazer uma cirurgia de reconstrução da mandíbula, que deve acontecer no sábado (17). Ele terá que colocar pinos.

Guarda Municipal diz que agentes foram afastados

Procurada, a Guarda Municipal do Rio informou que, assim que recebeu a denúncia, encaminhou o caso para Corregedoria, que abriu um processo apuratório.

"A instituição também está colaborando com a investigação da 14ª DP (Leblon) e os agentes já foram afastados das funções", informou em nota.

"A Guarda Municipal destaca ainda que realiza constantemente treinamentos de capacitação e atualização de seu efetivo com foco no uso progressivo da força, além de possuir um rígido protocolo com procedimentos operacionais padrões, tendo em vista sempre a preservação da integridade física de todos os envolvidos em ocorrências, incluindo os próprios agentes, suspeitos e vítimas. Casos de suspeita de excessos são devidamente apurados pela Corregedoria da instituição", disse.

A Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop) disponibilizou as imagens do ocorrido para a análise da polícia e entrou em contato com o advogado. O secretário da pasta, Brenno Carnevale, e o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), falaram por mensagem com a vítima.

"Eles demonstraram solidariedade e auxiliaram na identificação dos responsáveis por esta injusta agressão", disse Paiva ao UOL.

O advogado espera que os guardas mudem de atitude.

"Espero que a repercussão desse caso dê uma mudança na postura da Guarda Municipal, que é uma guarda patrimonial, não é uma Tropa de Choque, ela deve apoiar a população, não fazer uma brutalidade dessa. Se eu não soubesse me defender um pouquinho, poderia estar no CTI, poderia ter morrido, uma injustiça, um trauma que vai marcar todo mundo", finalizou.