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Mulher acusa supermercado de a torturar após ser confundida com ladra no MA

Jacqueline Debora Costa de Oliveira, de 42 anos, disse que foi atacada após ser confundida com ladra - Arquivo Pessoal
Jacqueline Debora Costa de Oliveira, de 42 anos, disse que foi atacada após ser confundida com ladra Imagem: Arquivo Pessoal

Rafael Souza

Colaboração para o UOL, de São Luís

22/07/2021 13h59

A Polícia Civil está investigando uma denúncia feita por uma trabalhadora autônoma que diz ter sido torturada dentro do supermercado Mix Mateus do Araçagy, em São Luís. A cliente relatou que foi confundida com uma integrante de uma quadrilha de roubo de produtos. No entanto, nada foi encontrado em sua bolsa.

Segundo Jacqueline Debora Costa de Oliveira, de 42 anos, o caso aconteceu na terça-feira (20), quando ela foi ao supermercado comprar comida. Ao perceber que tinha esquecido o cartão de crédito, ela saiu sem produtos, mas foi agarrada por um segurança, levada para uma sala isolada com três pessoas e torturada por uma hora e meia, sendo agredida com uma ripa.

Jacqueline também afirmou que os seguranças tiraram fotos dela sem autorização e desligaram as câmeras da sala durante as agressões. Segundo a autônoma, eles pretendiam mandar as fotos para outros estabelecimentos, a fim de confirmar se ela era mesmo uma ladra que eles pensavam que fosse.

"Três funcionários bateram em mim, usando uma ripa, inclusive o segurança, na 'sala de prevenção de perdas', próxima do banheiro. Uma funcionária ainda agarrou meu cabelo e me xingou várias vezes de 'vagabunda'. Eles queriam olhar meu celular, mas tinha senha, então me bateram para eu destravar. Eu até destravei, mas já tinha apanhado muito", disse a vítima ao UOL.

Jacqueline - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Jacqueline mostrou que seu corpo estava repleto de escoriações
Imagem: Arquivo Pessoal

Segundo a vítima, somente após um policial no supermercado ver a situação e alertar os funcionários de que o procedimento era criminoso, que a vítima foi liberada. Ela diz ainda que foi ameaçada por um segurança, para que não denunciasse o caso.

"Pedi várias vezes para a chamarem a polícia. Pedi demais, até para provar o que eu estava falando. Mas não chamaram. Nada justifica o fizeram comigo. Mesmo se eu tivesse furtado, o que não aconteceu, eles não teriam direito de fazer isso", relata Jacqueline.

Delegacia da Mulher

O caso está sendo acompanhado pela Delegacia da Mulher, em São Luís, que abriu um inquérito e marcou depoimentos para obter detalhes do que aconteceu no local.

"Primeiro a gente solicita informações, e depois individualiza. As investigações já começaram e ela já fez o exame de corpo de delito. Vamos também pedir as imagens de videomonitoramento do estabelecimento", afirmou a delegada Kazumi Tanaka.

Em nota, o Grupo Mateus declarou que foi aberta uma sindicância para apurar o caso e que a conduta apontada na denúncia não condiz com procedimentos e valores da empresa. A nota diz ainda que o grupo se coloca à disposição das autoridades para esclarecimentos.

O Mix Mateus faz parte de uma rede de supermercados do Grupo Mateus, que é uma das maiores redes varejista de alimentos do Brasil, com mais de 50 estabelecimentos nos estados do Pará, Maranhão e Piauí. Em uma de suas lojas, em 2020, um acidente com gôndolas causou a morte de uma pessoa

O dono da empresa, Ilson Mateus, é considerado o nono homem mais rico do Brasil, segundo a Forbes, com fortuna estimada em R$ 20 bilhões.