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Paes Manso: 'PCC transformou Brasil em corredor de distribuição de drogas'

Do UOL, em São Paulo

30/07/2021 16h29Atualizada em 30/07/2021 17h12

O jornalista especializado em segurança pública Bruno Paes Manso afirmou hoje durante o UOL Debate que o PCC (Primeiro Comando da Capital), uma das maiores facções criminosas do Brasil, tem utilizado o Brasil como uma espécie de "corredor" de drogas.

O debate de hoje contou com a presença de Samira Bueno, socióloga e diretora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, e Flávio Costa, coordenador do Núcleo Investigativo do UOL. A mediação foi conduzida pelo apresentador Diego Sarza.

O Brasil deixou de ser um polo consumidor e passou a ser um corredor de distribuição de drogas, e PCC teve papel grande na profissionalização desses contatos. Alguns traficantes brasileiros têm papel mais importantes para outros continentes do que tinha antes
Bruno Paes Manso

Segundo a socióloga Samira Bueno, o mercado de cocaína movimenta mais dinheiro do que o de armas. Por essa razão, se torna "tão estratégico" para o PCC.

Esse modus operandi do PCC inverte a lógica que a gente tende a ter do mercado do crime organizado. Quando a gente fala de traficantes, a gente pensa em região periférica, em que a polícia chega com arma na mão. Eu acho que essa estrutura que o PCC tem, tão empresarial, tão voltada para o mundo dos negócios, desse porte, mostra como essas estratégias [da polícia] são equivocadas
Samira Bueno

De acordo com Samira, a lógica de combate ao varejo, nas comunidades, deu a dimensão atual do PCC. Para ela, a organização se ampliou como consequência de políticas de combate equivocadas.

Máfia italiana e envolvimento com o PCC

Desde o início do PCC, a influência de mafiosos italianos, que cumpriam penas no início dos anos 90 nas prisões brasileiras, serviu de referência aos integrantes nacionais, segundo Flávio Costa.

Eles se associavam a um maior ciclo de criminosos para enviar essa droga. O Fuminho foi preso em Moçambique e muitos suspeitam que ele poderia enviar essa droga para sociedades de mafiosos italianos. Há uma tentativa do PCC de se livrar um pouco dessa sociedade, mas é muito difícil
Flávio Costa

Gilberto Aparecido dos Santos é conhecido como "Fuminho", e tem uma posição que gera confusão, segundo Flávio. Ele é muito ligado ao Marcola, líder do PCC, mas teria um trabalho "terceirizado" para o partido.

"Ele é um traficante que atua em parceria com o PCC, mas ele não é do PCC", explicou Flávio. Samira Bueno disse ainda que esse esquema adotado por Fuminho é muito comum entre os traficantes.