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Criança indígena morta em estupro coletivo sofria abuso do tio, diz polícia

Criança foi jogada de penhasco após sofrer abusos sexuais - Divulgação/Polícia Civil do Mato Grosso do Sul
Criança foi jogada de penhasco após sofrer abusos sexuais Imagem: Divulgação/Polícia Civil do Mato Grosso do Sul

Aliny Gama

Colaboração para o UOL

11/08/2021 13h03Atualizada em 11/08/2021 13h03

A criança indígena de 11 anos da etnia Kaiowá, que foi assassinada ao ser jogada de um penhasco após sofrer estupro coletivo na aldeia Bororó, no município de Dourados (MS), já sofria há anos abusos sexuais cometidos pelo tio, segundo a polícia. Ele foi preso por suspeita de participar do crime, ocorrido na madrugada de segunda-feira (8).

O homem relatou durante depoimento prestado à polícia que já abusava sexualmente da menina anteriormente. Até agora, oito pessoas foram ouvidas pela Polícia Civil de Mato Grosso do Sul.

Cinco investigados pelo crime foram detidos em flagrante - três são adolescentes e dois são adultos, sendo um dos adultos o tio da menina. Três adolescentes foram apreendidos e estão internados provisoriamente na UNEI (Unidade de Internação Masculina) Laranja Doce, em Dourados. Os dois adultos estão na carceragem do presídio estadual de Dourados. Eles devem passar por audiência de custódia ainda hoje.

O delegado Erasmo Cubas, coordenador do Setor de Investigações Gerais e responsável por investigar o crime, contou que o tio da menina admitiu os abusos anteriormente ao estupro coletivo. A suspeita é que os abusos iniciaram quando ela foi morar na casa da avó, onde o tio reside, aos cinco anos de idade.

"Ele contou que já vinha abusando sexualmente da menina, mas não disse há quanto tempo o crime vinha sendo cometido", disse o delegado. Os pais da menina têm destino incerto e não sabido e, segundo a polícia, os integrantes da aldeia tem problemas interpessoais.

Cubas destacou que o crime foi elucidado no mesmo dia, com apoio de lideranças indígenas que repassaram informações importantes para a polícia chegar aos supostos autores. Até agora, oito pessoas foram ouvidas pela polícia e outras devem ser intimadas a depor nos próximos dias.

O delegado disse que lideranças relataram que a menina foi vista pela última vez no quintal da casa que ela morava, com dois adolescentes que mantinha amizade.

"Inicialmente, eles falaram que eles estavam com ela e nada mais, e atribuíram o crime a outras pessoas. Mas, durante interrogatório, eles entraram em contradições e acabaram confessando. Eles contaram que um homem pagou R$ 100 para eles arrastarem a vítima até o local onde ocorreu o crime", disse o delegado, destacando que estavam no local um homem e um adolescente aguardando os outros dois adolescentes levarem a criança.

Depois, ao notar o desaparecimento da sobrinha, o tio saiu à procura e, segundo a polícia, o homem a encontrou sendo estuprada e resolveu participar do crime sexual.

O delegado relatou que os investigados contaram que deram cachaça à menina durante a série de estupros e que ela desfaleceu, mas que, em determinado momento, ela tornou a consciência e teria reconhecido os homens. Os suspeitos do crime afirmaram que decidiram jogar a criança de um penhasco de cerca de 20 metros para ocultar o crime.

O corpo da garota foi encontrado ontem. O corpo da indígena foi submetido à necropsia no Instituto Médico Legal de Dourados. O exame confirmou o estupro e que a morte foi causada pela queda do penhasco. O laudo detalhado é esperado para os próximos dias.

Após os procedimentos na delegacia de Dourados, os investigados foram encaminhados para unidades prisionais. A Polícia Civil pediu que a prisão em flagrante seja convertida em prisão preventiva, como também as apreensões dos menores se tornem internações preventivas. A Justiça decidirá hoje se acata o pedido da polícia ou se os investigados responderão pelo crime em liberdade provisória.

O delegado Erasmo Cubas informou ao UOL que todos os investigados serão indiciados ao final do inquérito pelos crimes de feminicidio, homicídio qualificado por ocultação de crime e estupro de vulnerável. Até agora, nenhum advogado se apresentou para fazer a defesa deles, e eles devem ser assistidos por um defensor público.