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Fazendeiro acusado de esconder Lázaro se diz injustiçado: 'Nunca o vi'

Fazendeiro Elmi Caetano Evangelista, 74 anos, fala sobre caso Lázaro pela primeira vez após a saída da prisão - Reprodução/Record TV
Fazendeiro Elmi Caetano Evangelista, 74 anos, fala sobre caso Lázaro pela primeira vez após a saída da prisão Imagem: Reprodução/Record TV

Colaborador em Santos

12/08/2021 10h27

O fazendeiro Elmi Caetano Evangelista, de 74 anos, que foi preso e se tornou réu sob acusação de acobertar o fugitivo Lázaro Barbosa, perseguido durante 20 dias no interior de Goiás, disse que foi detido injustamente pela polícia.

Ele decidiu quebrar o silêncio, um mês após a captura do assassino, alegando que ele e sua família vêm sendo "massacrados" depois que sua prisão foi divulgada pela mídia. Ele passou mais de 20 dias preso na cadeia pública de Águas Lindas, em Goiás.

Em entrevista à Record TV, Elmi negou que tivesse dado abrigo a Lázaro e afirmou que sequer o conhecia, contrariando o depoimento de seu caseiro, Alain de Santana, de 33 anos.

"Nunca vi esse cara, nunca, nunca. Não conhecia. Vi através da foto que vocês colocaram na televisão, só. Nunca conheci", disse Elmi, reforçando que Lázaro nunca esteve em sua propriedade. "Mentira. Invenção da polícia".

A busca por Lázaro Barbosa mobilizou centenas de agentes - Reprodução - Reprodução
O fugitivo Lázaro Barbosa, cuja busca mobilizou centenas de agentes
Imagem: Reprodução

Alain e o fazendeiro Elmi foram presos na noite do dia 24 de junho. O caseiro, que à época tinha completado apenas 21 dias trabalhando para Elmi, disse em depoimento que Lázaro teria passado cinco dias no local com a autorização do fazendeiro.

Ele havia dito, ainda, que não avisou a polícia por medo do criminoso e do patrão. Segundo ele, o o próprio Elmi ordenou que não deixasse a polícia entrar na chácara, o que o fazendeiro nega.

"Eles andaram tudo aqui, a polícia. Eu disse a eles: 'estejam à vontade, fiquem à vontade. Eu andei com eles aí várias vezes. Com eles, o major Serra, o capitão Braga? Nunca impedi que a polícia entrasse".

Elmi e Alain foram presos enquanto Lázaro ainda era procurado pela polícia. A operação de busca mobilizou cerca de 200 policiais. Três dias após a detenção do fazendeiro e do caseiro, no dia 28 de junho, o fugitivo foi cercado e acabou sendo morto em confronto com a polícia.

"Fui injustiçado. Estou sendo injustiçado. Eu e minha família estamos sendo massacrados. Eu sou um coitado, aposentado. Não consigo nem pagar um caseiro", afirmou ele.

Caseiro nunca informou sobre estranhos na propriedade

Elmi negou que soubesse de informações a respeito da movimentação de Lázaro na propriedade. Ele diz também que nunca foi informado pelo caseiro sobre a presença de alguém estranho na chácara e que jamais teria dado abrigo a um fugitivo. "Eu não gosto de bandido. Eu não sou bandido e nem gosto".

Elmi afirmou que, há cerca de 12 anos, o seu caseiro à época, que ele chama de Jó, trouxe uma mulher para morar junto com ele. A mulher, ficou sabendo recentemente pela mídia, seria irmã de Lázaro. Mas ele afirma que ela ficou pouco tempo e que não teve qualquer contato com o irmão dela na ocasião.

Elmi desmentiu a versão da polícia de que os integrantes da força-tarefa encontraram portões fechados com cadeado em sua propriedade. Ele mostrou o barraco onde supostamente o criminoso teria permanecido escondido, uma construção inacabada, sem portas e janelas. Para ele, seria "óbvio" que se Lázaro estivesse mesmo escondido ali, os policiais teriam o avistado com facilidade.

Após ter sido acusado e preso, o fazendeiro diz que ele e a família vêm enfrentando muitas dificuldades. Ele sente que está sendo usado como "bode expiatório" pela acusação.

"Eu nunca sabia disso. Sofri, tô sofrendo, não tô dormindo, não tô comendo direito, não tenho condição de nada, de viver. Todo mundo que eu vejo, eu fico com medo", desabafou.

A Justiça mandou soltar o caseiro um dia após ser preso. Já o fazendeiro continuou na cadeia até a prisão ser revogada, no mês de julho, quando a Justiça considerou que ele não representava ameaça. Dias antes, ele havia se tornado réu. A primeira audiência está marcada para o dia 8 de novembro.

"Eu sou inocente. Eu me ajoelho perante todo mundo, perante o juiz. Como eu poderia ajudar um cara bandido igual ele era?", concluiu.