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Polícia prende chefe de milícia suspeito de integrar Escritório do Crime

Edmilson Gomes Menezes, o Macaquinho, é suspeito de chefiar milícia no Rio - Reprodução
Edmilson Gomes Menezes, o Macaquinho, é suspeito de chefiar milícia no Rio Imagem: Reprodução

Igor Mello

Do UOL, no Rio

12/08/2021 17h15Atualizada em 12/08/2021 21h27

A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu na tarde de hoje um dos principais chefes de milícia do Rio de Janeiro. Edmilson Gomes Menezes, o Macaquinho, controla comunidades nas zonas norte e oeste da cidade e é apontado como um dos membros do Escritório do Crime, grupo de assassinos de aluguel comandado pelo ex-capitão do Bope Adriano da Nóbrega.

De acordo com os investigadores, Macaquinho foi localizado em uma casa que ocupava na comunidade do Campinho. Após um intenso confronto com seus seguranças, os policiais civis cercaram o local, mas o miliciano conseguiu fugir pelos fundos e entrou na casa de uma tia. A fuga foi flagrada pelo helicóptero da corporação e ele foi encontrado escondido embaixo de uma cama. Macaquinho não resistiu à prisão.

A operação foi a terceira tentativa de capturar o criminoso, descrito pela cúpula da Polícia Civil como principal chefe de milícia ainda em liberdade no Rio de Janeiro. As investigações conduzidas pela Draco, que levaram à prisão de Macaquinho, duraram um ano. Também foi decisiva para a captura a prisão de seu irmão, feita com base em apuração da DCOD.

Macaquinho é chefe dos milicianos que atuam nos morros do Fubá e Campinho, na zona norte do Rio, e nos últimos meses participou de uma série de invasões de comunidades na região de Jacarepaguá, na zona oeste.

Uma das áreas que passaram ao controle do miliciano foi a Gardênia Azul, favela então controlada por aliados do ex-vereador Cristiano Girão, investigado pelas mortes da vereadora Marielle Franco e Anderson Gomes.

Citado em áudio no Caso Marielle

O nome de Macaquinho ganhou notoriedade após ser citado em um áudio obtido no âmbito das investigações do Caso Marielle (leia o diálogo).

A conversa envolvia o ex-vereador Marcello Siciliano e o miliciano conhecido como Beto Bomba —um dos líderes do grupo paramilitar da favela do Rio das Pedras, na zona oeste, e integrante do Escritório do Crime.

No áudio, Beto Bomba afirma que Macaquinho, ao lado dos milicianos conhecidos como Mad e Leléu, teriam sido contratados pelo ex-deputado estadual Domingos Brazão para matar Marielle.

O áudio foi usado pela então procuradora-geral da República, Raquel Dodge, para embasar a denúncia contra Brazão e outros investigados por obstrução nas investigações do Caso Marielle.

Brazão nega que tenha envolvimento na morte de Marielle. Membros do MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) e da Polícia Civil envolvidos na investigação também afirmaram na ocasião que essa linha de investigação não se sustentava.

A operação para prender Macaquinho foi articulada por força-tarefa criada pela Polícia Civil em 2020 para combater milícias. Ele foi detido na comunidade do Campinho, zona norte, um de seus redutos.

Participaram da operação a Draco (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais), a Core (Coordenadoria de Recursos Especiais), a DCOD (Delegacia de Combate às Drogas) e a DRCPIM (Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial).

Mais de 100 operações e R$ 2 bi apreendidos

Criada em 2020, a força-tarefa para o combate às milícias fez até hoje 105 operações e prendeu 751 paramilitares, segundo a Polícia Civil. As investigações resultaram no bloqueio ou apreensão de aproximadamente R$ 2 bilhões.

Dos quatro alvos principais do grupo, apenas um segue em liberdade: o criminoso Danilo Dias Lima, o Tandera.

Além de Macaquinho, preso hoje, a corporação matou em outubro de 2020 durante um confronto Carlos Eduardo Benevides Gomes, o Cabo Benê, que atuava em Itaguaí, na Baixada Fluminense. Outros 11 milicianos foram mortos na troca de tiros, que ocorreu em uma via próxima à Rodovia Rio-Santos.

Em julho, o maior miliciano do Estado também foi morto. Wellington da Silva Braga foi baleado depois de ser detido na comunidade Três Pontes, em Paciência, zona oeste do Rio. A versão da Polícia Civil foi de que ele tentou tomar a arma de uma policial.

Segundo o delegado Felipe Curi, diretor-geral de Polícia Especializada, criminosos que assumam posições de comando nessas milícias também serão presos ou mortos.

"Quem se aventurar a assumir o posto dessas lideranças da milícia que estão sendo presas ou neutralizadas vai ter o mesmo destino. Vai ser preso ou neutralizado", disse.