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Homem que matou esposa grávida e sogra praticava tiro com laudo psicológico

Ricardo Pinheiro Jucá Vasconcelos, de 43 anos, teve prisão preventiva decretada - Arquivo pessoal
Ricardo Pinheiro Jucá Vasconcelos, de 43 anos, teve prisão preventiva decretada Imagem: Arquivo pessoal

Daniele Dutra

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

18/08/2021 04h00

O tabelião e empresário de criptomoedas suspeito de ter assassinado a esposa, grávida de seis meses, e a sogra, em Cônego, Nova Friburgo, região serrana do Rio, praticava tiros em clube da região. Na audiência de custódia, Ricardo Pinheiro Jucá Vasconcelos, de 43 anos, alegou ter algumas doenças, como depressão, ansiedade, crise de pânico e demais transtornos mentais e um exame foi solicitado para verificar qualquer instabilidade mental. Um dos requisitos para praticar tiro e ter posse de arma no Brasil é apresentar um laudo psicológico que o considere apto.

O tabelião está detido no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico Roberto Medeiros e será submetido a exames ainda nesta semana. Se o resultado indicar ausência de doença psiquiátrica, ele deverá ser encaminhado para unidade prisional comum. Caso contrário, ele pode ser declarado inimputável pela Justiça.

Redes - Facebook/reprodução - Facebook/reprodução
Ricardo Jucá, empresário de Friburgo suspeito de matar esposa e sogra, tinha laudo psicológico que o liberava para praticar tiro
Imagem: Facebook/reprodução

Uma foto publicada no Facebook, em 29 de junho de 2020, mostra Ricardo no Centro de Treinamento Tático Oodaloop. Ele compartilhou o resultado do treino e escreveu: "Os instrutores tem muito tempo de experiência e são super atenciosos".

O UOL procurou o responsável pelo clube de tiro, que confirmou que o tabelião "apresentou laudo de uma psicóloga credenciada e laudo de tiro com profissionais credenciados". O empresário, que preferiu não se identificar, no entanto, não soube precisar a data de emissão do laudo e afirmou que Ricardo não era aluno regular do empreendimento, fez apenas visitas pontuais e reforçou trabalhar de forma séria e com a segurança necessária.

Além de ser suspeito por matar a sogra Rosemary Gomes de Mello, de 67 anos, a esposa gestante e juíza de paz Nahaty Gomes de Mello, de 33 anos, Ricardo Vasconcelos também atirou na boca do sogro que, mesmo baleado, conseguiu pedir ajuda a polícia. Ele disse aos agentes que o genro seria o autor dos disparos e estaria "completamento transtornado".

Wellington Braga de Mello está internado em um hospital particular da cidade, intubado e, segundo a família, apresentando melhorias dos sinais vitais para fazer uma cirurgia de reconstrução de mandíbula.

O caso foi registrado na última sexta-feira (13), quando a sogra de Ricardo Jucá foi encontrada morta no primeiro andar da residência da família; a esposa no segundo andar, na cama, sem vida e com uma pistola ao lado. Os corpos serão cremados ainda nesta semana, segundo a família.

O UOL tentou contato com a defesa de Ricardo Vasconcelos, mas até a publicação desta reportagem não obteve retorno. O espaço segue aberto para atualizações tão logo esclarecimentos sejam prestados.

Em entrevista anterior ao UOL, o delegado Henrique Paulo Mesquita Pessoa da 151ª DP, responsável pelo caso, alegou incertezas quanto à possibilidade de falta de lucidez de Ricardo Vasconcelos. Ele alega que o suspeito teria dito na viatura que teve um surto psiquiátrico: "Isso evidencia uma certa incredulidade, já que quem está em surto psiquiátrico logo após matar a esposa grávida e a sogra não teria tamanha compreensão da situação. Ele foi autuado claramente por feminicídio e na delegacia não demonstrou qualquer surto. Parecia uma pessoa absolutamente normal, consciente e controlada".