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Homem preso em mercado fechado por 3h diz que temeu ser visto como ladrão

Aliny Gama

Colaboração para o UOL, em Maceió

01/09/2021 15h13Atualizada em 02/09/2021 09h07

Um cliente do supermercado Maxxi Atacado, localizado na avenida Mário Leal Ferreira, em Salvador, ficou preso na noite de ontem no estacionamento da loja, após o estabelecimento fechar o portão e não observar que ele ainda estava no local, arrumando suas compras no carro.

Carlos Santana conta que viveu um dos piores momentos da vida: "Fiquei com medo de ser confundido com um ladrão, de levar um tiro, pois tenho a pele mais escura", disse ele.

O homem ficou por quase três horas sem poder sair do local e só foi liberado por volta da 1h30 da madrugada de hoje, após um funcionário chegar para abrir o portão.

Santana conta que faz compras mensais no atacarejo, que funciona das 7h às 21h. Ele entrou na loja por volta das 19h30, realizou uma compra grande, de cerca de R$ 2 mil. Na nota, ele passou pelo caixa do Maxxi Atacado às 21h33. Depois disso, o cliente se dirigiu ao carro para organizar os produtos e ir para casa. Às 21h50 ele se deparou com o portão do Maxxi Atacado fechado e sem nenhum segurança para liberar a saída.

Santana disse que foram horas de angústia e constrangimento em estar sem poder sair do local para ir para casa. "Foi aterrorizante, eu só pensava no pior. Depois que acionei o alarme e eu fiquei com medo de ser confundido com um ladrão, de levar um tiro, pois tenho a pele mais escura. Mas, pensei: levanto os braços e depois mostro a nota fiscal das compras. Mas, mesmo assim não apareceu ninguém", disse o cliente do Maxxi Atacado.

Ele gravou o vídeo relatando a situação vexatória e contou detalhes de como ficou preso no estacionamento do atacarejo. "Quando desci para ir embora, por volta de 'dez pras dez', não consegui sair mais. Estou aqui preso, neste constrangimento", relatou Santana, mostrando dois cadeados fechando o portão.

O cliente tentou chamar a atenção do supermercado disparando os alarmes instalados na loja por cinco vezes, mas observou que não havia vigilante noturno no local e nenhuma empresa de segurança faz o monitoramento. Ele teve outra ideia para sair do Maxxi Atacado: telefonou para a PM (Polícia Militar), mas foi informado que não era um caso para a polícia ir até o local.

"Isso é uma falta de respeito ao ser humano. Por que quando eu estava efetuando a compra eles não chegaram não mandaram me deslocar. Agora estou aqui e apagaram as luzes, estou no escuro. Aqui não tem nenhum vigilante, nenhuma segurança aqui a noite. Eu para tentar chamar a atenção fiz o alarme do mercado disparar e mesmo assim não aparece ninguém. Estou nessa escuridão, preocupado com mercadoria para ser conservada em geladeira prestes a estragar", disse ele.

Preocupado com a demora de chegar em casa, Santana avisou a mulher sobre o ocorrido e um casal de amigos foi até o local para ficar, mesmo do lado de fora, esperando a resolução do caso. Os amigos dele abordaram um carro da PM que passava pela avenida, mas a equipe também informou que não podia fazer nada "porque não se tratava de roubo ou invasão ao estabelecimento."

Por volta de 1h30 da madrugada de hoje, um funcionário do supermercado chegou ao local e abriu o portão. Santana disse que o funcionário não deu explicações sobre a loja ter fechado os portões com ele dentro do estacionamento.

"Não é possível que não tenham visto que tinha um veículo no estacionamento e que eu estava guardando a mercadoria no carro. É um desrespeito comigo como ser humano e como consumidor", criticou Santana.

Ele disse que pretende ingressar com uma ação de danos morais para reparação do constrangimento que passou enquanto ficou preso no estacionamento do supermercado.

Por meio de nota, a Maxxi Atacado disse que lamenta a situação e afirma que "o fato não corresponde aos seus procedimentos internos." A rede informou que vai reforçar o sistema e o efetivo de segurança da unidade Bonocô, onde o cliente ficou preso no estacionamento.