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Polícia identifica traficantes suspeitos de matar crianças por furto de ave

Fernando Henrique, 11, Lucas Matheus, 8, e Alexandre da Silva, 10, desapareceram em dezembro de 2020 em Belford Roxo - Arquivo Pessoal
Fernando Henrique, 11, Lucas Matheus, 8, e Alexandre da Silva, 10, desapareceram em dezembro de 2020 em Belford Roxo Imagem: Arquivo Pessoal

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

11/09/2021 04h00Atualizada em 11/09/2021 11h45

A Polícia Civil do Rio identificou criminosos suspeitos de envolvimento na morte dos três meninos desaparecidos em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, em dezembro do ano passado. Os traficantes são da comunidade do Castelar, onde os garotos moravam.

A motivação do crime foi o furto de um passarinho, segundo afirmou o secretário de Polícia Civil do Rio de Janeiro, Allan Turnowski, à Rádio Tupi. A linha de investigação vinha sendo apurada pela polícia nos últimos meses, conforme noticiou o UOL.

Lucas Matheus, 9, Alexandre Silva, 11, e Fernando Henrique, 12, foram vistos pela última vez em uma feira livre no bairro de Areia Branca, também em Belford Roxo. Antes, os meninos haviam se encontrado para jogar bola.

Os nomes dos criminosos envolvidos nos homicídios não foram divulgados oficialmente. No entanto, o UOL apurou que um traficante conhecido como Estala teve participação direta no crime.

Posteriormente, ele foi morto no Complexo da Penha, na zona norte carioca. Segundo a polícia, a comunidade do Castelar funciona como uma "filial" da Penha, que é dominada pelo CV (Comando Vermelho).

Outros dois traficantes são investigados no inquérito —eles são conhecidos como Piranha e Urso. Ambos são suspeitos também de envolvimento no caso de um homem que foi torturado e apontado por moradores do Castelar como o responsável pelo sumiço dos meninos.

De acordo com a Polícia Civil, tal acusação foi feita para atrapalhar as investigações. O homem não tinha relação com o caso e precisou deixar o Castelar, onde morava, por risco à segurança.

No mês passado, o delegado Uriel Alcântara, responsável pelo caso, relatou à reportagem que trabalhava com a hipótese de os meninos terem sido mortos dentro da comunidade, após retornarem da feira.

"A gente trabalha com a possibilidade de subtração, de furto de uma gaiola com passarinho e, em razão disso, o tráfico teria pegado essas crianças. A gente não sabe como teria ocorrido, mas a gente sabe que, em razão disso, elas foram pegas e mortas dentro da comunidade", informou à época.

Apesar de a polícia trabalhar com o fato de as crianças estarem mortas, os corpos não foram encontrados. Uma testemunha chegou a dizer que os meninos foram arremessados em um rio de Belford Roxo —buscas foram realizadas, mas nada foi encontrado.

As famílias das crianças dizem acreditar que os meninos estão vivos.

Defensoria vê informações com cautela

A Defensoria Pública do Rio de Janeiro disse ontem que recebe com cautela as informações veiculadas sobre o inquérito dos três meninos.

De acordo com a defensora Gislaine Kepe, "enquanto não houver consistência nos indícios já colhidos pela polícia sobre esse caso, enquanto não houver a identificação de culpados sejam eles por um assassinato ou por desaparecimento, a Defensoria e as famílias não entendem que esse caso chegou ao fim."

Foi no mês passado que o delegado da DHBF (Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense), Uriel Alcântara, disse pela primeira vez que os meninos haviam sido mortos por traficantes.

A principal linha de investigação da unidade sempre foi o envolvimento do tráfico no sumiço dos garotos.

Polícia faz operação na comunidade

Na manhã de hoje, a Polícia Militar iniciou uma operação na comunidade do Castelar, mas a corporação não confirma relação com o caso. Em nota, a PM diz que a operação visa a "ocupação territorial para cessar os confrontos entre facções do tráfico e da milícia, que ameaçam a segurança da população na região."

Uma pessoa com mandado de prisão em aberto foi detida com um radiocomunicador e 30 cápsulas de cocaína.