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Traficante é transferido por suspeita de ser alvo de resgate em helicóptero

Marcinho do Turano é suspeito de ser alvo da ação criminosa de domingo - Divulgação
Marcinho do Turano é suspeito de ser alvo da ação criminosa de domingo Imagem: Divulgação

Tatiana Campbell

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

22/09/2021 09h58Atualizada em 22/09/2021 13h12

Apontado como o principal suspeito de ser alvo de resgate pelos criminosos que sequestraram um helicóptero no domingo (19), em Angra dos Reis, Márcio Gomes de Medeiros Roque, o Marcinho do Turano, foi transferido de presídio pela Seap (Secretaria de Administração Penitenciária).

Segundo a Polícia Civil, há indícios de que ele pode ser o alvo da tentativa de resgate no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na zona oeste da capital fluminense. Marcinho foi transferido ontem à tarde para o presídio de Bangu 1 - unidade de segurança máxima.

Condenado por tráfico de drogas, Marcinho do Turano estava detido no Instituto Penal Vicente Piragibe em regime semi-aberto. Foi este local que a dupla de sequestradores apontou como a região onde o helicóptero pilotado por Adonis Lopes deveria pousar.

A defesa do traficante negou a tentativa de resgate.

"Conhecendo meu cliente ao longo de alguns anos de trabalho, acho muito difícil ele orquestrar uma tentativa de fuga 'atrapalhada' em um helicóptero, sem contar que domingo geralmente é dia de vista na unidade e a facção não iria colocar em risco os familiares", disse Felipe Andrada, advogado de Márcio Gomes, em entrevista ao UOL.

No começo da tarde, Andrada confirmou a visita ao detento e afirmou que Marcinho nega "veementemente" participação na ação.

"Temos que cobrar da Polícia Civil, uma investigação com elementos concretos de quem participou da empreitada criminosa e não apenas relatório de inteligência onde eles apontam aleatoriamente quem participou do delito", acrescentou Felipe Andrada.

Por que Marcinho é suspeito?

A transferência, segundo a Seap, aconteceu após "câmeras de monitoramento, perceberam uma movimentação atípica do interno, no momento da ocorrência". Ainda segundo a pasta, Marcinho do Turano ficará na nova cela "até a conclusão das investigações". Anota adiciona que "foi realizada uma nova revista geral na galeria onde o preso estava".

O secretário de Administração Penitenciária, Fernando Veloso, esteve na unidade e determinou que fossem instaladas armações de metal no campo da unidade para reforçar a segurança do local e impedir qualquer possibilidade de ocorrer um pouso de aeronave.

"Temos servidores prontos para impedir quaisquer tentativas criminosas de fuga ou de resgate", afirmou o secretário.

A reportagem apurou que Marcinho do Turano teria forte influência dentro do presídio. O traficante cumpre uma pena de 64 anos por crimes como roubo, extorsão e tráfico de drogas.

Apreensão de carro

A Draco também identificou e apreendeu um Siena preto que, de acordo com a investigação, foi usado para levar os dois que sequestraram o helicóptero. O carro pertencia a um motorista de aplicativo.

O homem foi contratado para levar os dois de Niterói até o heliponto da Lagoa por R$ 100 e, de acordo com a polícia, não sabia do crime.

Piloto presta depoimento

O piloto Leandro Monçores foi ouvido ontem pelos agentes da Delegacia de Repressão Às Ações Criminosas Organizadas (Draco). Foi ele que levou a dupla de sequestradores para Angra dos Reis. No dia da volta, ele passou mal e Adonis Lopes, policial civil de folga, trabalhou em seu lugar.

Ao sair da delegacia, Leandro disse que conseguiu ajudar com um retrato falado dos procurados.

"Eu consegui fazer, já passei para eles, mas não posso falar muito pra não atrapalhar. Não tem como você pegar um helicóptero e pousar em um presídio. No teto tem grade, tem cabo de aço tensionado, tem os policiais ao redor. É suicídio, com certeza seria alvejado e iriam derrubar o helicóptero", disse Leandro.

A investigação da Polícia Civil aponta que a dupla pertence ao Comando Vermelho - maior facção criminosa do Rio de Janeiro. Um deles já foi identificado através da impressão digital deixada no helicóptero periciado, de acordo com a corporação.