Policial civil investigada por stalking é presa preventivamente no DF
Do UOL, em São Paulo
02/12/2021 11h17Atualizada em 02/12/2021 17h24
A agente da Polícia Civil do Distrito Federal Rafaela Motta Ferreira, 40, foi presa preventivamente na madrugada de hoje. Ela é investigada pelo crime de stalking (termo para crime de perseguição reiterada) e estava em liberdade provisória, proibida de se aproximar do ex-namorado.
Segundo a Polícia Civil, a agente descumpriu a medida restritiva e a Corregedoria da Polícia Civil do Distrito Federal representou pela prisão preventiva da agente ao Poder Judiciário. Rafaela foi encontrada em um apartamento de um familiar e se apresentou apenas com a chegada dos advogados.
A agente está na carceragem da Polícia Civil, aguardando audiência de custódia. "Confirmada a legalidade da prisão, será encaminhada ao presídio feminino, onde ficará por tempo indeterminado", afirmou a corporação em nota.
O UOL entrou em contato com a defesa de Rafaela Motta, que defendeu que o cumprimento do mandado de prisão se deu "em total contrariedade à Constituição Federal", conforme informou a advogada Cláudia Duarte, que representa a policial na ação.
"Causou surpresa à defesa o fato de a Corregedoria cumprir a diligência no período noturno, demonstrando a violação constitucional do art. 5, XI, da Constituição Federal que garante a inviolabilidade do domicílio. Após usar da força para tentar arrombar a porta desferindo chutes, decidiram chamar um chaveiro. Além da tentativa de invasão do domicílio, os agentes a todo momento proferiam ameaças, coagindo a cliente a abrir a porta", diz comunicado enviado ao UOL.
A defesa ainda afirmou que, com "receio de que fosse violada a integridade física e psicológica de Rafaela", os advogados se deslocaram até o apartamento, onde constataram "arbitrariedades cometidas, sendo elas documentadas por meio de fotos e vídeos que foram juntados na ação penal."
Os representantes legais informaram ao juiz da audiência de custódia sobre as "arbitrariedades praticadas na ocasião do cumprimento do mandado de prisão, o que ensejou pedido do Ministério Público para que fossem remetidos os autos ao NCAP (Núcleo de Controle da Atividade Policial) para devida apuração dos fatos constatados na noite de ontem."
A defesa ainda diz que o juiz acatou o pedido e determinou a remessa dos autos ao NCAP e à Corregedoria da Polícia Civil para as apurações necessárias.
Rafaela Mota é investigada por perseguir um ex-namorado, de 39 anos, com quem teve um relacionamento em 2018. Os dois se conheceram em um aplicativo de paquera e ela é suspeita de tê-lo ameaçado após uma tentativa do namorado de romper a relação.
Ontem, o telejornal "DFTV", da TV Globo, exibiu um caderno apreendido pela Polícia Civil na casa da agente, que é peça da investigação. Nele, Rafaela supostamente escrevia ameaças contra ex-namorados.
Ela chegou a ser detida pela terceira vez em novembro, após furar os pneus do carro dele e causar nele ferimento leve com uma faca. Na ocasião, a defesa da servidora pública negou as acusações e disse que Rafaela tentou se defender de agressões do ex-companheiro.