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Empresas de cruzeiros suspendem novas viagens no Brasil até 21 de janeiro

Luciana Amaral e Ruben Berta

Do UOL, em Brasília e do Rio de Janeiro

03/01/2022 16h09Atualizada em 04/01/2022 11h21

As companhias de navios de cruzeiro decidiram suspender novas viagens no Brasil até 21 de janeiro deste ano, de forma voluntária, "por incertezas na interpretação e aplicação dos protocolos operacionais previamente aprovados", divulgou a CLIA Brasil (Associação Brasileira de Navios de Cruzeiros) hoje à tarde, por meio de nota.

A suspensão tem efeito imediato para novas partidas e nenhum turista será embarcado até 21 de janeiro, informou. No entanto, segundo a associação, os cruzeiros atualmente em navegação devem finalizar os roteiros conforme previsto.

O UOL entrou em contato com a MSC Cruzeiros e a Costa Cruzeiros para saber quais as viagens afetadas e como os passageiros que tinham embarque previsto nesse período devem prosseguir, e aguarda retorno.

A Clia Brasil afirmou que os casos de covid-19 identificados em navios de cruzeiro consistem em "uma pequena minoria da população total a bordo" e que busca um "alinhamento com as autoridades do governo federal, Anvisa, estados e municípios para resolver as diferenças de interpretação e aplicação das medidas previamente aprovadas com este novo cenário".

A associação não descarta o cancelamento integral da atual temporada de cruzeiros no Brasil após o término dessa suspensão "se não houver adequação e alinhamento entre todas as partes envolvidas para possibilitar a continuidade da operação".

Procurado pelo UOL, o Ministério do Turismo afirmou que a decisão da suspensão ocorreu em reunião ontem pela manhã entre o governo federal com empresas do setor, após a recomendação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) de se suspender temporariamente a temporada de cruzeiros.

Também houve reunião com secretários de Saúde de estados e municípios para discutir o atual plano de operacionalização da atividade de cruzeiros diante do aumento de casos da variante ômicron do novo coronavírus em embarcações na costa brasileira.

"O governo federal continuará, nos próximos dias, a promover reuniões com municípios, estados e empresas para, juntos, reavaliarem a possibilidade do retorno das atividades."

Após a divulgação do comunicado da Clia Brasil, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que o governo tinha uma portaria que "oferecia segurança para a realização dos cruzeiros e previa situações como essas, de ter casos de covid". "Já tinha toda a normativa", acrescentou.

Ainda, falou que, "se as companhias de cruzeiro estão fazendo isso, naturalmente estão observando o que estava na portaria e a segurança [dos passageiros]".

Entre os protocolos vigentes estão a obrigatoriedade da vacinação completa para hóspedes e tripulantes elegíveis dentro do Plano Nacional de Imunização, testagem pré-embarque, capacidade reduzida a bordo e uso obrigatório de máscaras.

Por meio de nota, a Casa Civil confirmou a suspensão temporária da temporada de cruzeiros no Brasil até 21 de janeiro. Em nota, o órgão também afirmou que, após recomendação da Anvisa, o governo federal se reuniu com empresas do setor e com secretários de Saúde de estados e municípios para discutir a operação de cruzeiros diante do aumento de casos da variante ômicron.

Anvisa havia defendido interrupção de atividades

Nas últimas semanas, os cruzeiros em operação no litoral brasileiro tiveram dezenas de casos de covid-19 e relatos de supostas negligências tanto por parte das companhias quanto de passageiros perante a condução dos casos.

A Anvisa promoveu investigações epidemiólogicas, chegou a suspender parte das atividades a bordo de viagens em andamento e ainda tomou medidas relativas a embarques e desembarques para tentar conter a propagação do novo coronavírus.

Nos últimos dias, a Anvisa suspendeu novos embarques nos navios MSC Splendida e Costa Diadema. Em viagens na semana passada, o primeiro registrou 78 casos positivos de covid-19 entre tripulantes e passageiros, enquanto o segundo registrou 68 casos entre os dois grupos, de acordo com a agência.

O MSC Splendida levava cerca de 4 mil pessoas a bordo, informou a Anvisa. Já o Costa Diadema contava com 3.836 pessoas —1.320 tripulantes e 2.516 passageiros—, também segundo a agência.

Ontem à noite, a Anvisa soltou nota em que contraindicava embarques de passageiros que possuam viagens programadas em navios de cruzeiro para os próximos dias, "em especial diante do aumento vertiginoso de casos de covid-19".

"A recomendação da agência leva em consideração a mudança rápida no cenário epidemiológico, o risco de prejuízos à saúde dos passageiros e a imprevisibilidade das operações neste momento", frisou.

A Anvisa também recomendou ao Ministério da Saúde a suspensão da atual temporada no litoral brasileiro. "Em que pesem os esforços da agência nos últimos dias para controlar a situação sanitária das embarcações, as ações são gravemente impactadas por falhas no cumprimento dos protocolos pactuados para início da temporada."

Na nota divulgada hoje, a Clia Brasil afirmou que, "nas últimas semanas, as duas companhias de cruzeiros afetadas experimentaram uma série de situações que impactaram diretamente as operações nos navios, tornando a continuidade dos cruzeiros neste momento impraticável".

"Além disso, a incerteza operacional causou inconvenientes significativos para os hóspedes que contavam com suas férias no mar com rígidos protocolos de segurança."

As duas empresas com operações no país atualmente são a MSC Cruzeiros e a Costa Cruzeiros.

A Clia Brasil disse que a temporada atual, iniciada em novembro do ano passado, tem a previsão de abranger mais de 360 mil turistas com um impacto de R$ 1,7 bilhão e geração de 24 mil empregos.