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Médico espanca e mata cachorro por não fazer xixi no lugar certo no PR

Leopoldo chegou a levar o cão até uma clínica veterinária, que fica perto do apartamento - Reprodução/Redes Sociais
Leopoldo chegou a levar o cão até uma clínica veterinária, que fica perto do apartamento Imagem: Reprodução/Redes Sociais

Lorena Pelanda

Colaboração para o UOL, em Curitiba

12/01/2022 13h44Atualizada em 12/01/2022 20h34

O médico anestesista Leopoldo Felippe, 30, foi preso em flagrante após espancar e matar um filhote de cachorro da raça Spitz Alemão, em Cascavel, na região oeste do Paraná.

O caso ocorreu no prédio em que o tutor mora, no bairro Cancelli. Vizinhos ouviram os gritos do animal, começaram a filmar a agressão e acionaram a polícia. Leopoldo chegou a levar o cão até uma clínica veterinária, que fica perto do apartamento, mas Capitu, uma cadela de apenas seis meses, não resistiu e morreu. Detido na segunda (10), dia da ocorrência, o suspeito foi solto na tarde de hoje.

Segundo o alvará de soltura, ele está em liberdade provisória e não precisou pagar fiança. Mesmo solto, Leopoldo está proibido de manter contato e conviver com qualquer tipo de animal, até o curso final do processo.

O Conselho Regional de Medicina do Paraná acompanha as investigações e também deve realizar uma investigação interna.

Nas imagens, é possível ouvir os ganidos do filhote enquanto o autor o recrimina, assim como sons de repetidas pancadas — uma vizinha chega a grita "Meu Deus, vai matar o cachorro!", mas fica sem resposta. Minutos depois, o anestesista aparece, em um elevador, abraçando o animal desfalecido em imagens do circuito interno do condomínio — é possível ver que o suspeito que ele tenta, sem sucesso, reanimar o filhote, então, deixa o local em busca de ajuda profissional de um veterinário, por volta das 21h15.

Um laudo parcial de necropsia feito na cadela Capitu apontou que o animal sofreu hemorragia intracraniana severa por traumatismo cranioencefálico. O documento foi divulgado nesta tarde e será usado no processo.

Em entrevista ao UOL, o chefe da delegacia do Meio Ambiente do Paraná, delegado Matheus Laiola, diz que o agressor nem imaginava que estava sendo filmado.

"Ele falou para a Polícia Militar que o cão tinha feito xixi no lugar errado. Durante o interrogatório, negou que teria agredido o filhote e teria dito que ele teve um mal súbito. Mas as imagens são bem fortes e comprovam o crime de maus tratos. Por isso, a gente sempre reforça a importância de sempre denunciar", afirma Laiola. Em depoimento, o suspeito associou os barulhos de pancadas a chineladas no chão, usadas para educar o filhote.

O advogado que defende o médico, Ricardo Augusto Bantle, foi procurado pelo UOL, mas disse que só vai se manifestar sobre o caso após o cliente ser ouvido por um juiz.

"A pena para esse tipo de crime é de até cinco anos. A fiança não pode ser arbitrada pelo delegado, no momento do flagrante, mas o juiz pode arbitrar. É o que será decidido hoje", afirma Laiola.

Após o crime, a ONG Sou Amigo conseguiu a guarda provisória de um outro cão do homem, Bento. A ordem de busca e apreensão, com guarda provisória, foi cumprida no fim da manhã de hoje.

"Se esse segundo animal for mantido com ele, temos o risco de inserir esse possível agressor em uma nova prática criminosa. Caso ele seja condenado, perde por definitivo a guarda desse animal. É fundamental que as pessoas não tenham receio em denunciar. A denúncia pode ser anônima. Eles não têm como pedir socorro e, infelizmente, casos como esses acontecem", ressalta a advogada da ONG, Evelyne Paludo.