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Caso Beatriz: Acusado recua e diz que foi pressionado a confessar crime

Beatriz Angélica foi morta em 2015, aos 7 anos, dentro de escola em Petrolina (PE) - ARQUIVO PESSOAL
Beatriz Angélica foi morta em 2015, aos 7 anos, dentro de escola em Petrolina (PE) Imagem: ARQUIVO PESSOAL

Do UOL, em São Paulo

18/01/2022 22h27Atualizada em 18/01/2022 22h27

Marcelo da Silva, 40, acusado de matar a menina Beatriz Angélica dentro de uma escola em Petrolina (PE), afirmou que foi pressionado a confessar o crime e disse ter medo de ser morto dentro da prisão.

O homem foi apontado como responsável pelo assassinato da criança, que tinha 7 anos na época do homicídio, há exatamente uma semana. Ele está preso desde 2017 por outros delitos e teria sido identificado por meio de DNA encontrado na faca usada para atacar Beatriz 42 vezes, em dezembro de 2015.

Após ser interrogado pela Polícia Civil de Pernambuco, Marcelo confessou o crime, segundo declarações da SDS (Secretaria de Defesa Social), que não foram questionadas pela primeira advogada que representou o acusado.

Mas a reviravolta aconteceu na tarde de hoje, após o homem nomear um novo defensor, que obteve uma carta escrita de próprio punho pelo réu confesso, negando ser o autor do assassinato.

"Eu sou inocente. Eu não matei a criança. Eu confessei na pressão. Pelo amor de Deus eles querem a minha morte. Preciso de ajuda, estou com medo de morrer. Quero viver, eu não sou assassino. Quero falar com a mãe da criança. Quero a proteção de minha mãe", diz a carta de Marcelo, exibida hoje na TV Guararapes, afiliada da Record TV em Pernambuco.

Rafael Nunes, novo advogado do acusado, compareceu à emissora para dar mais detalhes sobre a nova versão do cliente, questionando ainda a situação em que ele foi interrogado pela primeira vez e sua identificação às vésperas do caso de Beatriz passar para as mãos da Polícia Federal, decisão que já havia sido apoiada pelo governador Paulo Câmara (PSB).

"A confissão do Marcelo da Silva é hilária. Desacompanhado de advogado, quatro delegados em uma sala, me parece que o Ministério Público também. Diversos agentes. Em uma hora dessas a gente confessa até o que não fez, confessa até que matou o papa. Iremos pedir que ele seja reinquirido sim. Quando eu tive esse primeiro contato com ele, ele só me pediu uma coisa: 'Doutor, me ajude, eu confessei na pressão, eu não matei Beatriz'", declarou o defensor no Cidade Alerta local.

Questionado sobre o DNA encontrado na faca, Rafael também colocou dúvida sobre a perícia que identificou a compatibilidade entre a amostra e os dados de Marcelo, defendendo uma nova perícia.

"Extremamente questionável. Há quem diga: 'Ah, tem o DNA não se discute mais nada'. Se discute sim. Por que só agora, curiosamente depois de os genitores da vítima caminharem 700 km e o governador aceitar federalizar o caso, curiosamente cai de paraquedas um DNA milagroso e se descobre o assassino de Beatriz? Às vésperas da federalização do caso? Queremos sim acesso à essa perícia e colocar na mão de outros peritos".

O UOL tenta contato com a SDS para um possível pronunciamento sobre as novas alegações do acusado. Se houver retorno, a nota será atualizada.