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Ubá e Yakecan: como são escolhidos os nomes de ciclones, tufões e furacões?

Ciclone Yakecan passou pelo Uruguai antes de atingir o Brasil - Pablo Porciuncula/AFP
Ciclone Yakecan passou pelo Uruguai antes de atingir o Brasil Imagem: Pablo Porciuncula/AFP

Nicole D'Almeida

Colaboração para o UOL

18/05/2022 08h52

Um ciclone de trajetória incomum e rara intensidade chegou ao Brasil e provocou estragos nas regiões do Sul do país. Assim como todas as tempestades tropicais (furacão, ciclone e tufão) formadas ao redor do mundo, essa também recebeu um nome: Yakecan (som do céu, em tupi-guarani).

Quem escolheu o nome foi a divisão de previsões meteoceanográficas, do Centro de Hidrografia da Marinha, responsável pelas atividades do serviço meteorológico marinho.

Desde 2011, é padrão que todas as tempestades tropicais formadas na área da Metarea-V do Atlântico Sul, área marítima de responsabilidade do Brasil, recebam nomes em tupi-guarani —uma das línguas indígenas mais conhecidas na América do Sul.

O acordo envolveu Marinha, Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), Força Aérea Brasileira e o CPTEC/Inpe (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos).

O último ciclone que ocorreu aqui, em dezembro de 2021, por exemplo, foi chamado de tempestade subtropical Ubá.

Veja os 15 nomes usados e seus significados em tupi-guarani.

  • Arani (tempo furioso)
  • Bapo (chocalho)
  • Cari (homem branco)
  • Deni (tribo indígena)
  • Eçaí (olho pequeno)
  • Guará (lobo do cerrado)
  • Iba (ruim)
  • Jaguar (lobo)
  • Kurumí (menino)
  • Mani (deusa indígena)
  • Oquira (broto de folhagem)
  • Potira (flor)
  • Raoni (grande guerreiro)
  • Ubá (canoa indígena)
  • Yakecan (o som do céu)

Ao atingir o fim da lista, os nomes são reutilizados para nomear as novas tempestades tropicais.

katrina - Getty Images - Getty Images
Furacão Katrina atingiu New Orleans, em 2005
Imagem: Getty Images

Por que as tempestades recebem nome?

As tempestades tropicais são nomeadas para facilitar a conscientização, a preparação, o gerenciamento e a redução do risco de desastres.

Como ciclones tropicais podem durar uma semana ou mais e podem acontecer de forma simultânea, os meteorologistas escolhem nomes para evitar confusão. Além disso, é mais fácil lembrar de um nome do que de números e termos técnicos. Isso ajuda na hora de enviar mensagens e alertas.

A lista de nomes é proposta pelos serviços meteorológicos e hidrológicos de cada país-membro da Organização Meteorológica Mundial (WMO) para uma região específica e aprovada pelos órgãos regionais de tempestades tropicais.

Os nomes precisam ser curtos e fáceis de pronunciar.

A maioria das listas é organizada em ordem alfabética, alternando entre nomes femininos e masculinos.

Na região do Pacífico Norte Central, por exemplo, os nomes são, principalmente, havaianos e estão organizados em quatro listas de 12 nomes cada.

No Atlântico Norte (mar do Caribe e golfo do México), são seis listas de 21 nomes em inglês, espanhol ou francês —assim, a lista de 2019 será usada novamente em 2025. Não há nomes com as letras Q, U, X, Y ou Z, porque é difícil achar tantos nomes fáceis com essas letras.

Antigamente, quando havia mais de 21 tempestades em uma temporada, era usado o alfabeto grego na sequência. Mas, após uma temporada recorde em 2020, preferiram estabelecer duas listas de nomes extras, um do Atlântico e um para o Pacífico.

Ficou assim:

  • Alex - Arlene - Alberto - Andrea - Arthur - Ana - Extra: Adria
  • Bonnie - Bret - Beryl - Barry - Bertha - Bill - Extra: Braylen
  • Colin - Cindy - Chris - Chantal - Cristobal - Claudette - Extra: Caridad
  • Danielle - Don - Debby - Dexter - Dolly - Danny - Extra: Deshawn
  • Earl - Emily - Ernesto - Erin - Edouard - Elsa - Extra: Emery
  • Fiona - Franklin - Francine - Fernand - Fay - Fred - Extra: Foster
  • Gaston - Gert - Gordon - Gabrielle - Gonzalo - Grace - Extra: Gemma
  • Hermine - Harold - Helene - Humberto - Hanna - Henri - Extra: Heath
  • Ian - Idalia - Isaac - Imelda - Isaias - Imani - Extra: Isla
  • Julia - Jose - Joyce - Jerry - Josephine - Julian - Extra: Jacobus
  • Karl - Katia - Kirk - Karen - Kyle - Kate - Extra: Kenzie
  • Lisa - Lee - Leslie - Lorenzo - Leah - Larry - Extra: Lucio
  • Martin - Margot - Milton - Melissa - Marco - Mindy - Extra: Makayla
  • Nicole - Nigel - Nadine - Nestor - Nana - Nicholas - Extra: Nolan
  • Owen - Ophelia - Oscar - Olga - Omar - Odette - Extra: Orlanda
  • Paula - Philippe - Patty - Pablo - Paulette - Peter - Extra: Pax
  • Richard - Rina - Rafael - Rebekah - Rene - Rose - Extra: Ronin
  • Shary - Sean - Sara - Sebastien - Sally - Sam - Extra: Sophie
  • Tobias - Tammy - Tony - Tanya - Teddy - Teresa - Extra: Tayshaun
  • Virginie - Vince - Valerie - Van - Vicky - Victor - Extra: Viviana
  • Walter - Whitney - William - Wendy - Wilfred - Wanda - Extra: Will

Nomes aposentados

Em todas as regiões, os nomes são revisados e alterados quando uma tempestade tropical é excepcionalmente catastrófica e mortal —o seu nome retirado da lista, por sensibilidades aos afetados.

Alguns dos nomes aposentados são:

  • Katrina (EUA, 2005) - virou Kátia
  • Sandy (EUA, 2012) - virou Sara
  • Haiyan (Filipinas, 2013)
  • Joaquin (2015)
  • Irma (Caribe, 2017)
  • Maria (Caribe, 2017)
  • Florence (2018)
  • Mitch (Honduras, 1998)
  • Tracy (Darwin, 1974)
  • Mangkhut (Filipinas, 2018)