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22 pessoas morrem em operação policial na Vila Cruzeiro, no Rio

Igor Mello e Marcela Lemos

Do UOL e Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

24/05/2022 08h12Atualizada em 24/05/2022 18h49

Vinte e duas pessoas morreram durante uma ação policial do Bope (Batalhão de Operações Especiais) em conjunto com a PRF (Polícia Rodoviária Federal) na manhã de hoje na região da Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha (zona norte do Rio), segundo a PM.

A informação sobre o número de mortos e feridos está sendo passada pela assessoria de imprensa do Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, para onde eles estão sendo levados. Segundo a unidade, 21 pessoas morreram. A 22ª morte é uma moradora da região identificada como Gabriela atingida por uma bala perdida, segundo informou a PM. O corpo dela não foi levado ao hospital.

Inicialmente, a Polícia Militar e o Hospital Estadual Getúlio Vargas informaram que 11 pessoas morreram durante a ação policial. Porém, ao longo da tarde, o número foi atualizado. O número de feridos também foi revisado para sete - entre eles está um policial civil que participava da perícia em um dos locais e que foi baleado no nariz.

Pela manhã, quando o número de mortos era de 11 mortos, a PM disse que entre as vítimas mortas na operação estava uma moradora do Complexo da Penha e outras dez pessoas que seriam suspeitas de atividade criminosa, mas não tiveram a identidade revelada.

O Ministério Público disse que a ação policial foi autorizada após movimentação de criminosos do CV (Comando Vermelho) da Vila Cruzeiro para a Rocinha.

Já a Polícia Militar disse que constatou aumento de lideranças criminosas de outros estados em comunidades do Rio devido decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que limita as operações policiais em comunidades no estado, segundo o coronel Luiz Henrique Marinho. A PM salientou ainda que a ação policial vinha sendo planejada há meses e ocorreu para impedir a movimentação de um grupo de criminosos para a Rocinha, comunidade de São Conrado, zona sul da cidade.

Por outro lado, a Defensoria Pública criticou a operação que "jamais seria tolerada em bairros nobres" do Rio. Enquanto o MPF (Ministério Público Federal) anunciou a abertura de uma investigação para apurar condutas e possíveis violações cometidas por policiais de forma individual.

Segundo a PM, a moradora — no momento identificada apenas como Gabriela — foi atingida enquanto as equipes do Bope e da PRF estavam se preparando para iniciar a incursão. De acordo com a corporação, "criminosos começaram a fazer disparos de arma de fogo na parte alta da comunidade".

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Ação policial na Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, deixou uma moradora e dez suspeitos mortos e apreendeu veículos e armas
Imagem: Divulgação

A mulher morreu na região da Chatuba, uma comunidade fora da área de atuação das forças de segurança, afirmou a Polícia Militar. Os tiros na região da Penha começaram por volta de 4h20 — moradores relatam momentos de terror durante a ação policial.

"A área foi isolada por uma equipe da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) para perícia da Delegacia de Homicídios da Capital", afirmou a PM, que apontou que ainda há confrontos na área de mata da favela e que a situação na região é "tensa".

Houve apreensão de sete fuzis e quatro pistolas na operação. Ainda segundo a PM, na localidade conhecida como Vacaria, 16 veículos — dez motocicletas e seis carros — usados por criminosos em fuga foram apreendidos. Equipes do Bope e da PRF estão atuando na favela da Vila Cruzeiro para "localizar e prender lideranças criminosas que estão escondidas na comunidade". O local é dominado pelo Comando Vermelho.

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Ação policial na Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, deixou uma moradora morta
Imagem: Reprodução/TV Globo

Segundo a corporação, os policiais estão em busca também de criminosos oriundos de outros estados como Alagoas, Bahia, Pará, entre outros, que estariam escondidos na comunidade.

O Complexo da Penha tem pelo menos 13 favelas. Uma delas é a Vila Cruzeiro, alvo da polícia na manhã de hoje. Já a Chatuba, onde a moradora foi atingida, é uma comunidade vizinha.

Segundo a Secretaria Municipal de Educação, 19 escolas da região estão fechadas, prestando atendimento remoto.