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23/08/2007 - 17h09

Moody's coloca Brasil a uma nota do grau de investimento

SÃO PAULO (Reuters) - A agência de classificação de risco Moody's elevou nesta quinta-feira os ratings do Brasil em moeda estrangeira e local, deixando o país a uma nota do chamado grau de investimento.

O movimento acontece cerca de 3 meses depois que outras duas grandes agências --Fitch e Standard & Poor's-- fizeram o mesmo com a nota brasileira.

O economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, disse que a mudança do rating pela Moody's estava "no forno". "Eles só esperaram a crise passar um pouquinho", afirmou.

O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), o espanhol Rodrigo de Rato, destacou na quinta-feira a "significativa" melhoria na classificação de risco do Brasil, outorgada pela empresa avaliadora Moody's. "Isso indica que a credibilidade do Brasil é alta", disse, em Brasília
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Para ele, porém, o momento é inadequado. "Você tem uma incerteza muito grande quanto à CPMF, com pressão da sociedade, e à DRU (Desvinculação de Recursos da União). Há um risco já que o governo está extremamente engessado e tudo isso mexe com a capacidade de pagamento", opinou.

De acordo com a Moody's, o aumento dos ratings do Brasil --que passaram de "Ba2" para "Ba1"-- reflete a "melhoria observada no perfil de endividamento geral do governo, a antecipação de uma redução mais acelerada dos indicadores de endividamento do governo no futuro próximo, e a esperada continuação de fortalecimento dos indicadores de dívida externa".

O "Ba1" é a última nota abaixo do chamado grau de investimento, selo dado a títulos soberanos de países com risco baixo de default.

"Os indicadores de vulnerabilidade externa do Brasil têm apresentado reduções contínuas" disse o analista sênior da Moody's, Mauro Leos.

"A contínua acumulação de reservas internacionais propicia um colchão financeiro e deve servir como defesa contra choques externos, que poderiam se materializar na eventualidade de um ciclo adverso de eventos atingir a economia brasileira", acrescentou.

Olhando para frente, a Moody's avalia que pontos relevantes para a perspectiva dos ratings do Brasil incluem o futuro das reformas da previdência e tributária, "à medida que estas soluções são necessárias para aliviar as pressões estruturais nas contas fiscais".

Do lado do crescimento, a agência alerta para a existência de que "um déficit na infra-estrutura impõe sérias limitações ao potencial de crescimento do Brasil e apresenta-se como um fator que poderia limitar as perspectivas... de médio prazo".

Em maio, a Fitch e a S&P elevaram o rating do Brasil e colocaram o país a um degrau do "investment grade".

Para Agostini, da Austin Rating, "é bem possível que até o final do ano que vem" o Brasil chegue ao grau de investimento.

(Por Cesar Bianconi e Vanessa Stelzer)

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