23/03/2007 - 12h43
Embraer só deve normalizar entregas de aeronaves no segundo trimestre deste ano
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SÃO PAULO - A fabricante brasileira de aviões Embraer só vai conseguir normalizar suas operações, afetadas no ano passado por problemas com um de seus fornecedores, no segundo trimestre deste ano. Anteriormente, a companhia havia dito que as entregas, prejudicadas por atrasos da fabricante de asas Kawasaki, estariam normalizadas no primeiro trimestre.
"A recuperação (das entregas) se verá no segundo trimestre", disse o presidente da companhia, Marcelo Botelho, hoje durante apresentação dos resultados financeiros de 2006. Segundo ele, a cadência de produção ainda ficará baixa no primeiro trimestre, só voltando a crescer no segundo, o que terá um impacto sobre as entregas.
Botelho afirma que, apenas no primeiro trimestre do ano passado, foram apresentados cinco planos de entrega pela Kawasaki Aeronáutica do Brasil, fabricante de asas. Nenhum deles foi cumprido.
"Aí você chega e diz assim: acabou", afirmou. Mas explicou que a reestruturação da produção para corrigir as falhas é complexa e trabalhosa. "Você precisa modificar força de trabalho, a gerência, os processos, os sistemas e o ferramental. É um processo duro, e que tem que ser conduzido com o carro correndo, produzindo no modelo antigo enquanto o novo não fica pronto", afirmou.
A falha no fornecimento das asas obrigou a Embraer, em acordo com a Kawasaki, a assumir o controle das operações da empresa no país. Por conta dos atrasos na cadeia de suprimentos, a Embraer foi obrigada a reduzir sua meta de entregas para 2006. Ela foi reduzida de 145 unidades para 130.
O impacto dessa redução fica claro nos resultados financeiros da empresa. Todas as leituras ficaram, em 2006, abaixo do registrado em 2005, apesar de um aumento no número de pedidos firmes da empresa, que atingiu o nível mais alto de sua história (US$ 14,8 bilhões).
Entre 2005 e o ano passado, a receita líquida caiu de US$ 9,13 bilhões para US$ 8,34 bilhões; o lucro operacional de US$ 787 milhões para US$ 547 milhões e o lucro líquido de US$ 709 milhões para US$ 622 milhões.
Outra conseqüência do atraso nas entregas foi o aumento no estoque da companhia, que encerrou 2006 em R$ 4,6 bilhões, contra R$ 3,9 bilhões de 2005.
Segundo Botelho, a queda nos resultados é conseqüência direta do menor número de entregas. "Quando você se prepara para entregar um certo número de aviões, faz os gastos necessários para tanto, mas não tem o benefício da receita", disse.
(José Sergio Osse | Valor Online)