23/03/2007 - 15h55
Embraer aguarda iniciativa de companhias aéreas brasileiras para comprar seus aviões
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SÃO PAULO - Falta as companhias aéreas brasileiras tomarem a iniciativa para adquirir aviões da Embraer, afirmou hoje o presidente da companhia, Maurício Botelho. Segundo ele, todos os entraves à compra de aeronaves fabricadas no Brasil que existiam foram eliminados e resta às companhias se mostrar interessadas no negócio.
Logo após o auge da crise da Varig, sua nova controladora, a Nova Varig, chegou a considerar a possibilidade de adquirir aviões da Embraer. O negócio, porém, não avançou e mais tarde foi descartado pela companhia. Hoje, as empresas BRA e Ocean Air seriam as mais propensas a adquirir os aviões da fabricante brasileira.
"O mercado brasileiro é muito importante para nós. Mas é preciso lembrar que ele tem características muito específica", disse Botelho, citando a baixa renda per capita e a forma de concorrência das empresas aéreas, que preferem disputar as rotas mais rentáveis, entre capitais, e deixar a aviação regional, para o interior, de lado.
"Temos 450 aeroportos em condições de operação no país, mas há atividade comercial apenas em 150 deles", afirma Botelho. "Isso não é culpa do fabricante, ou das companhias aéreas, mas do modelo de transportes do país", disse.
Segundo ele, hoje os dois maiores entraves à compra de aviões da Embraer por companhias locais foram retirados. A falta de financiamentos foi contornada com a criação de uma linha de crédito de longo prazo, com baixas taxas e denominada em reais pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Já a carga fiscal para a compra desses aviões da Embraer foi reduzida. "Antes, um avião nacional era mais caro que o importado, por causa da carga fiscal. Isso agora já não existe mais", disse Botelho.
E, sobre o fato de as companhias ainda não operarem aviões da Embraer, respondeu que governo e indústria fizeram sua parte. "Agora é preciso perguntar às companhias aéreas".
Em resposta a pergunta de repórteres, sobre se gostaria de ver suas aeronaves em utilização por companhias brasileiras, disse: "Você está perguntando a um vendedor se gostaria de vender mais? Claro que sim!".
(José Sergio Osse | Valor Online)