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Orlando Silva sobre críticas à esquerda: 'Temos que aprender com os erros'

Do UOL, em São Paulo

27/08/2020 11h41

O pré-candidato do PCdoB à Prefeitura do São Paulo, Orlando Silva, disse hoje que a esquerda tem que fazer uma autocrítica para reconquistar eleitores na maior cidade do país. Nas eleições municipais deste ano, o campo político ocupado pelo deputado federal se dividiu e também terá candidatos como Guilherme Boulos (Psol) e Jilmar Tatto (PT).

"Precisamos aprender com os erros, pisar no barro, desenvolver autocrítica e nos conectar com as periferias", afirmou Orlando Silva durante o UOL Entrevista, comandado por Diogo Schelp e Maria Carolina Trevisan.

"É evidente que a esquerda brasileira tem muitas virtudes e que nos confundimos com a luta democrática no Brasil, nossos governos construíram políticas públicas, deram oportunidade para muita gente que não tinha. Mas é evidente que podemos fazer diferente e mais. Precisamos ouvir a crítica feita por parte da sociedade. É necessário nós termos mais atenção", completou.

Para exemplificar a falta de autocrítica da esquerda, o deputado federal lembrou o episódio em que o rapper Mano Brown, do grupo Racionais MC's causou polêmica ao criticar o PT durante evento da campanha do então candidato à presidência Fernando Haddad, em 2018.

"Fiquei muito incomodado quando vi o Mano Brown fazer uma crítica construtiva à trajetória da esquerda e teve gente que até vaiou. Tem uma certa intolerância no campo da esquerda com relação a um olhar crítico sobre a nossa trajetória", lembrou Orlando Silva.

"Quando você assume poder, a turma fica enclausurada e as pessoas deixam de ser protagonistas, a periferia, e passam a ser objeto de políticas públicas. Isso está errado. Temos que aprender com os erros, se reconectar com a periferia e avançar na construção de um projeto", completou o pré-candidato, lembrando ainda da importância dos evangélicos.

"Por exemplo, me inquieta quando alguém critica genericamente evangélicos. Porque quando você anda na periferia, o que mais tem são igrejas e elas produzem laços de solidariedade nas comunidades. Tem gente oportunista? Tem, como tem em qualquer atividade humana", comentou.

Anti-Bolsonaro

O pré-candidato deixou claro que sua campanha será baseada em uma oposição a apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

"A minha candidatura é anti-Bolsonaro pelo risco que ele representa à democracia e pela forma como ele conduz temas da política internacional. Eu tenho a minha linha, meu discurso e tenho mais identidade com a base do PDT do que dos eleitores do Bolsonaro", disse Orlando Silva, lembra o possível apoio do PDT a Márcio França (PSB).

"Eu só lamento, porque o campo de esquerda perde de ter um dos principais partidos que flerta com o que há de mais reacionário na política brasileira", completou o pré-candidato nas eleições municipais.