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Bolsonarista explícito não ganhará eleições, PT tem pouca chance, diz Ciro

Ciro Gomes (PDT) também afirmou que não vê Bolsonaro na presidência até 2022 - Kleyton Amorim/UOL
Ciro Gomes (PDT) também afirmou que não vê Bolsonaro na presidência até 2022 Imagem: Kleyton Amorim/UOL

Do UOL, em São Paulo

22/09/2020 11h03

Ex-candidato à Presidência da República em 2018, Ciro Gomes acredita que nenhum concorrente explicitamente bolsonarista vencerá as próximas eleições municipais, e que o PT (Partido dos Trabalhadores) tem poucas chances de ganhar. A análise foi feita em entrevista publicada hoje pelo Valor Econômico.

"Candidato bolsonarista explícito não ganhará eleições, a não ser como exceção. Esse será um sinal. Estou dando um palpite. Vamos começar o debate agora. E acho que o PT também tem pouca chance de ganhar as eleições pelo Brasil afora", disse ao ser questionado se a chave que deverá ser virada nesta eleição é a do polo progressista.

"Vejo em Recife uma chance, mas a condição de segundo turno para o PT é muito hostil. Lula diz que não assina o manifesto onde está o Chico Buarque, a fina flor da intelectualidade brasileira, porque não é Maria vai com as outras, e em seguida ele vai confraternizar com Renan Calheiros? Essas coisas vão cobrando um preço. O povo não é idiota", afirmou.

Ciro também rebateu a declaração do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), de que uma esquerda dividida poderia perder as eleições em todas as capitais.

"A nossa vida não é fácil. Há um ano e pouco, 70% do eleitorado votou num boçal, bandido, fascista, chefe de quadrilha como Bolsonaro. É o pior tipo de bandido que eu já conheci na política brasileira. Se a gente não entender as razões desse voto de ódio, simplesmente não vamos nos reconciliar com o povo brasileiro", afirmou. "Talvez esse seja o equívoco do Flavio Dino. Em São Luís, a terra dele, resolveu abrir mão de lutar e está ali em cima do muro, apoiando, ou desapoiando, três candidatos. Nós não: resolvemos ir para a luta e deixar o povo arbitrar essas diferenças. Márcio França (PSB) é competitivo em São Paulo, a Marta Rocha (PDT) é competitiva no Rio, a antípoda de toda essa politicagem imunda, que infelizmente o PT apoiou durante os últimos 15, 20 anos, com Sergio Cabral, Eduardo Cunha."

Ciro também vê com dificuldade a permanência do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no cargo até 2022.

"Duvido muito [de que Bolsonaro termine o mandato]. É um palpite mero, mas com raiz em duas constatações. A primeira: só três presidentes no Brasil moderno concluíram seus mandatos: Juscelino, Fernando Henrique e Lula. Características básicas: uma extraordinária capacidade de diálogo, articulação, cooptação e até de suborno dos oponentes, até na conta de certo abuso, como aconteceu com Fernando Henrique e Lula. Bolsonaro é o oposto, é o brigão. Ele desce nos Estados insultando governadores, etc. Segundo: o colapso econômico brasileiro não tem precedente na história. O baronato brasileiro, quem manda no país, sabe muito bem o que estou falando e sabem que é verdade. Na hora em que o Guedes sair, tudo vai se revelar. E isso não demora a acontecer", comentou.

Ciro também disse acreditar que o ministro da Economia, Paulo Guedes, deve deixar o posto em breve e que a responsabilidade será de Bolsonaro.

A equipe econômica, para mim, é o presidente da República. Esse papo furado do Bolsonaro é isso, ele é o bonzinho e o Guedes é o mal. Guedes vai ser demitido daqui a pouco, mas a responsabilidade por tudo isso é do senhor Jair Messias Bolsonaro.