Topo

Crivella diz ser o mais "frustrado dos cariocas" e se defende de denúncias

Crivella minimiza rejeição de 57% aponta na última pesquisa do Ibope - SAULO ANGELO/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Crivella minimiza rejeição de 57% aponta na última pesquisa do Ibope Imagem: SAULO ANGELO/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Tatiana Campbell

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

08/10/2020 10h47

O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos) disse que precisou escolher entre "cuidar das pessoas ou tapar buraco" durante a sua gestão e afirmou ser o mais "frustrado dos cariocas". Em entrevista ao jornal O Globo, publicada hoje, ele ainda defendeu sua administração, negou acusações de irregularidades e disse que fez boa gestão da pandemia no Rio.

Crivella alegou que teve de pagar dívidas da gestão Eduardo Paes, o que impediu que seus projetos fossem cumpridos na totalidade. De acordo com ele, a pandemia do novo coronavírus piorou a situação.

"Na pandemia, mostrei que cuidei, porque um ano antes de surgir o coronavírus, eu insisti em renovar nosso parque tecnológico. E foi assim que comprei toneladas de equipamentos, que chegaram na hora certíssima. Mas posso dizer que sou o mais frustrado de todos os cariocas. Quando entrei, queria cuidar das pessoas, não só nos hospitais", afirmou.

O mandatário do Rio de Janeiro alegou que precisava quitar dívidas e não atrasar salários. "Não consegui mais porque tinha contas a pagar o tempo todo e tínhamos pavor de atrasar salário. Nos três primeiros anos, minha verba para pagar as despesas caiu R$ 10 bilhões em comparação ao governo passado, e ainda paguei R$ 5,2 bilhões de um total de R$ 6,7 bilhões em financiamentos que o Eduardo (Paes) pegou para as Olimpíadas. Todos os meus sonhos ficaram impedidos", explicou.

Ao mesmo tempo, o prefeito se defendeu das acusações feitas pelo Ministério Público do Rio de Janeiro que afirmou haver um QG da propina na prefeitura. "Coisas malucas, fúteis, ligações que não falam uma coisa com a outra, que não se confirmam na prática. Indícios que nunca viram provas. Mas é da política", definiu.

"A Locanty (empresa citada na delação de Sérgio Mizrahy como beneficiária do QG da Propina) não recebeu um centavo nos quatro anos do meu governo. Ponho a mão no fogo por mim. Nunca pedi a secretário de Fazenda ou a qualquer ordenador de despesa que invertesse ordem de pagamento, que favorecesse A ou B. Por mais doloroso que seja sofrer essas injustiças do Ministério Público, é melhor esse MP alvoroçado, rebolativo, do que aquele que durante o período (Sergio) Cabral e Paes não viu nada. É bom que investiguem, inventem essas coisas que não vão dar em nada", avaliou.

Guardiões do Crivella

Um outro assunto abordado na entrevista foram os chamados "Guardiões do Crivella", que seriam funcionários da prefeitura que impediam jornalistas de trabalhar e coagiam pacientes a dar entrevistas na porta de hospitais. Crivella disse que treinou um grupo de pessoas para "atender bem" as pessoas nos hospitais e negou a recomendação de evitar o trabaljo da imprensa.

"Eu tinha um grupo de pessoas que foram treinadas, que fizeram provas, para ficar nos hospitais recebendo bem as pessoas. Esse grupo está no Diário Oficial. Existe outro grupo chamado Guardiões do Crivella, que é um grupo de internet, (de) que não sou administrador e não tenho uma postagem nesse grupo. É um grupo de voluntários, de pessoas que defendem o governo, como todos os políticos têm, o presidente da República tem", disse.

Apoio de Carlos Bolsonaro?

Em meio ao período eleitoral, o prefeito do Rio afirmou que não forçará o apoio do vereador Carlos Bolsonaro (também do Republicanos), mas que gostaria de sua participação na campanha.

"Se o Carlos puder, eu gostaria muito. Mas não quero constranger os candidatos, até do meu partido. Sobre o presidente, é uma decisão que cabe a ele. Não posso responder", afirmou.

Rejeição de 57%

De acordo com a última pesquisa do Ibope, divulgada na última sexta-feira (2), Crivella está com 57% de rejeição. O segundo na relação é Clarissa Garotinho (PROS), com 38%. O prefeito minimizou e explicou que a popularidade depende de como a televisão e os jornais mostram a sua imagem.

"Espero que agora, com a propaganda eleitoral, eu tenha um espaço que não tive por não ter recursos. Vou ter 17 propagandas por dia. Nela, vou poder mostrar o que estou conversando com vocês. Não tive recursos para colocar essa propaganda na TV. Tive que escolher: ou eu cuido das pessoas ou tapo buraco e troco lâmpada", comentou.

Na intenção de voto, o líder é Eduardo Paes, com 27%, seguido por Crivella (12%), Martha Rocha (8%) e Benedita da Silva (7%).

Errata: este conteúdo foi atualizado
Carlos Bolsonaro é vereador, não senador, como informou equivocadamente a primeira versão desta reportagem. O texto foi alterado.