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PL vai expulsar candidato a vereador que tem desenho de suástica na piscina

Caso veio à tona em 2014; à época, a Polícia Civil disse que não havia "nada de ilegal nessa história" - Divulgação/Polícia Civil de Santa Catarina
Caso veio à tona em 2014; à época, a Polícia Civil disse que não havia "nada de ilegal nessa história" Imagem: Divulgação/Polícia Civil de Santa Catarina

Anaís Motta

Do UOL, em São Paulo

09/10/2020 15h45Atualizada em 09/10/2020 23h37

O PL decidiu expulsar Wandercy Antonio Pugliesi, candidato a vereador em Pomerode (SC), após descobrir que ele é dono de uma piscina "decorada" com um desenho de suástica, símbolo associado ao nazismo. Ao UOL, o diretório estadual do partido afirmou que desconhecia a filiação de Professor Wander, como é chamado, e que não compactua com a ideologia do candidato.

"Por não compactuar ideologicamente com o filiado, o PL encaminhou o desligamento do mesmo. O partido reforça sua firme posição contra todo tipo de apologia à discriminação, seja racial, religiosa ou social", informou o PL em nota.

O nome de Professor Wander consta no site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), como publicado ontem pelo UOL, mas ainda aguarda julgamento para ser confirmado.

Professor Wander - Reprodução/Site do TSE - Reprodução/Site do TSE
Imagem: Reprodução/Site do TSE

O caso da piscina veio à tona em dezembro de 2014. À época, a Polícia Civil disse que manter uma suástica em propriedade particular não configura apologia ao nazismo e, portanto, não é crime.

"Não tem apologia, não tem rede social, não tem absolutamente nada de ilegal nessa história", explicou à Folha de S.Paulo o delegado Luiz Carlos Gross.

Professor de História, Wander se apresenta como "admirador" da ideologia nazista e colecionador de objetos relacionados ao regime. Ele tem um filho chamado Adolf, uma homenagem a Adolf Hitler, líder da Alemanha nazista.

Em 1998, ele teve livros, fotografias, cartões postais e uma camiseta estampada com a figura de Hitler apreendidos pela polícia, a pedido do MPF (Ministério Público Federal). Wander tentou reaver seus pertences, mas o pedido foi negado pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região).

Pouco antes, em 1994, o professor mostrou alguns de seus objetos ao "Fantástico", da TV Globo. Ele chegou a ser denunciado por racismo, mas o caso foi arquivado porque a conduta atribuída a Wander — apologia ao nazismo — só passou a ser considerada crime em 1997.

Anticomunista e apoiador de Bolsonaro

Nas redes sociais, Wander faz críticas ao PT e ao DEM, partido do atual prefeito de Pomerode, Ércio Kriek, e demonstra apoio ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). "Nada mais natural do que 'bolsonaristas raiz' serem eleitos em novembro", escreveu ele em 13 de setembro.

Entre declarações de "não ao comunismo" e "não podemos deixar a esquerda tomar conta das seções eleitorais", também há uma postagem exaltando a ditadura do general Augusto Pinochet (1973-1990), no Chile, que deixou mais de 3 mil mortos ou desaparecidos, torturou milhares de prisioneiros e forçou 200 mil pessoas ao exílio.