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Ibope: Com alta rejeição, prefeitos de capitais se distanciam de reeleição

A partir da esq., os prefeitos Bruno Covas (PSDB-SP), Marcelo Crivella (Republicanos-RJ) e Nelson Marchezan Jr. (PSDB-RS) - Arte UOL
A partir da esq., os prefeitos Bruno Covas (PSDB-SP), Marcelo Crivella (Republicanos-RJ) e Nelson Marchezan Jr. (PSDB-RS) Imagem: Arte UOL

Lucas Borges Teixeira e Guilherme Botacini

Do UOL, em São Paulo, e colaboração para o UOL, em São Paulo

11/10/2020 04h00Atualizada em 12/10/2020 08h59

Para os prefeitos de três grandes capitais do país, a tentativa de reeleição virou reflexo do fracasso diante da opinião pública. Bruno Covas (PSDB-SP), Marcelo Crivella (Republicanos-RJ) e Nelson Marchezan Jr. (PSDB-RS) amargam mais de 30% de rejeição de voto, segundo as mais recentes pesquisas feitas pelo Ibope.

Contratadas pelas Rede Globo e afiliadas locais, as pesquisas mostram ainda que Alexandre Kalil (PSD-MG), Cinthia Ribeiro (PSDB-TO) e Rafael Greca (DEM-PR) também estão no topo do ranking de rejeição, mas não passam dos 20%. Por outro lado, os três lideram em intenção de voto.

São 13 os prefeitos de capitais que tentam estender o mandato por mais quatro anos. Alvaro Dias (PSDB-RN), Gean Loureiro (DEM-SC) e Edvaldo Nogueira (PDT-SE) lideram em intenções de voto.

As pesquisas relativas a Campo Grande, Cuiabá, Porto Velho e Rio Branco não foram finalizadas até a publicação deste texto.

Mais rejeitados

No Rio de Janeiro, o Ibope registra 57% de rejeição a Crivella, o dobro do segundo candidato com pior avaliação por essa métrica: Clarissa Garotinho (PROS), com 38%. O atual prefeito é o segundo colocado em intenção de voto, com 12%, atrás de Eduardo Paes (DEM), com 27%.

Marchezan, além de ser preterido por 37% do eleitorado de Porto Alegre, carrega apenas 9% das intenções de voto e está tecnicamente empatado em segundo lugar com Fortunati (PTB), 14%, e Sebastião Melo (MDB), 11%.

"O Marchezan radicalizou, brigou com todo mundo, não tem apoio. E o Crivella não mostrou trabalho. Até é possível ser um parlamentar e não trabalhar, mas não dá para ser um bom prefeito sem trabalhar muito", diz Alberto Carlos Almeida, cientista político e consultor. "Eu apostaria com segurança que nenhum dos dois será reeleito", completa.

Almeida avalia as chances de Covas de forma parecida, porém com ressalvas, porque o atual prefeito de São Paulo não foi eleito como cabeça de chapa, mas como vice de João Doria (PSDB).

Ele tem 21% das intenções de voto e está tecnicamente empatado com Celso Russomanno (Republicanos), com 26%, dentro da margem de erro da pesquisa em São Paulo (três pontos percentuais para mais ou para menos).

Dos três com mais alta rejeição, Covas tem a menor (31%). Segundo o cientista político, ele pode mudar a percepção popular usando seu extenso tempo de TV para enaltecer o que fez até aqui, em particular na área de saúde, pela qual ficou em evidência durante o combate à pandemia do novo coronavírus. "Mas a população tem que concordar com ele, claro", diz Almeida.

A pandemia, aliás, foi uma vitrine para os prefeitos, segundo o cientista político. A rejeição acima de 30% nessas três grandes capitais sugere que eles não aproveitaram a oportunidade para reverter esse quadro, que já era anterior à chegada do coronavírus.

Os líderes em vantagem

Por outro lado, para alguns prefeitos têm uma via tranquila por enquanto na corrida eleitoral.

Kalil, em Belo Horizonte, apesar de liderar em rejeição, está muito à frente na corrida. Segundo o Ibope, o atual prefeito está no topo da disputa municipal com 58% das intenções de voto.

O segundo colocado, João Vitor Xavier (Cidadania), pontua bem menos, com 4%, e tecnicamente empatado com Áurea Carolina (PSOL) e Bruno Engler (PRTB), com 3% cada um.

Em Florianópolis, a situação do prefeito Gean Loureiro também parece tranquila. Com 44% das intenções de voto, venceria no primeiro turno. Angela Amin (PP) tem 15%, e Pedrão (PL), 9%.

Curiosamente, nem Kalil nem Loureiro têm as maiores coligações em suas cidades.

Um cenário diferente de Cinthia Ribeiro (PSDB) em Palmas. Com seis partidos, a prefeita lidera o pleito com 28% das intenções, contra 12% do Professor Júnior Geo (PROS), em segundo. Se este cenário se mantiver, ela vencerá no primeiro turno, já que a capital do Tocantins tem menos de 200 mil eleitores e, portanto, a eleição é disputada em turno único, de acordo com a Constituição.

Em Curitiba, Greca tem 20% de rejeição, mas 47% de intenções de voto, bem à frente de Fernando Francischini, com 6%, que divide o topo de rejeição com o atual prefeito.

Já em Natal, a dianteira de Alvaro Dias em intenções de voto, com 33%, aumenta quando se olha para os índices de rejeição. Segundo o Ibope, ele tem apenas a terceira maior rejeição, 18%, e seu principal adversário, Kelps Lima (Solidariedade), é preterido por 24% dos potiguares e escolhido por apenas 12%.

Outra capital nordestina com um prefeito líder nas intenções de voto é Aracaju. Edvaldo Nogueira está à frente do pleito na capital sergipana com 32%, contra 21% de Delegada Danielle (Cidadania), a segunda colocada. Seu índice de rejeição, no entanto, é o segundo maior da disputa, 26%, atrás apenas de Almeida Lima (PRTB), com rejeição de 42%.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do que informou o quinto parágrafo, o candidato a prefeito do Rio Eduardo Paes é filiado ao DEM, e não ao MDB. A informação foi corrigida.
Diferentemente do informado anteriormente, a cidade de Palmas não terá segundo turno nas eleições deste ano. Pelas regras eleitorais, somente cidades com mais de 200 mil eleitores têm eleição para prefeito em dois turnos. A capital do Tocantins tem cerca de 176 mil eleitores.
Diferentemente do que informou o terceiro parágrafo, o prefeito de Natal, Alvaro Dias, é filiado ao PSDB, e não ao MDB. A informação foi corrigida.