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OPINIÃO

Márcio França não está (ainda) no inferno, mas abraça nas redes o diabo

Toninho do Diabo durante debate no UOL em 2014 - Reinaldo Canato/UOL - 20.ago.2014
Toninho do Diabo durante debate no UOL em 2014 Imagem: Reinaldo Canato/UOL - 20.ago.2014

Matheus Pichonelli

Colunista do UOL

19/10/2020 18h13

Em quarto lugar nas pesquisas, com 7% das intenções, segundo o Ibope, o candidato do PSB à Prefeitura de São Paulo, Márcio França, não está exatamente no inferno, mas acaba de abraçar o diabo.

Ok, o trocadilho é infame, mas ele está autorizado quando o ex-governador dá a solução para os eleitores que ficam aí "mandando os vereadores irem pro inferno". Eles agora têm um representante: o Toninho do Diabo, como é popularmente conhecido o artista jundiaiense Antônio Aparecido Firmino. O nome artístico chegou aos santinhos após ganhar fama nacional com a ajuda dos humorístico CQC —para os maldosos, um trampolim de arremesso de outras versões do Tinhoso.

No vídeo, Márcio França diz que quer mudar a Prefeitura de São Paulo, mas que quer também novos vereadores. Ele classifica o aliado, que concorre pelo Solidariedade e tem o número da besta, 666, na inscrição, como um ator e artista com o "ganha-pão" desse jeito.

Com a cartola que, diz a lenda, ganhou do Zé do Caixão, capa preta e uma insígnia satanista no peito, o candidato de 49 anos promete tacar fogo —não diz exatamente onde, mas tem o aval do aliado: "Aqui é fogo e palavra".

Esta é a terceira vez que Toninho do Diabo tenta enveredar na política. Primeiro foi como candidato a vereador de sua cidade natal. Depois, a deputado estadual. Agora, levou o título e os planos satânicos para a capital paulista, onde promete defender a classe artística a ferro e fogo —mais fogo do que ferro, no caso.

Em sua página no Facebook, o vídeo com o apoio do candidato tinha 1.500 visualizações em pouco mais de 24 horas —o vereador eleito com pior desempenho na última disputa teve dez vezes mais votos. Nada que Mefistófeles não possa dar um jeito com uma boa caneta e um papel.

Quem acessa a página do candidato a vereador, um dos pioneiros da Satan Music no Brasil, pode conferir outros vídeos da campanha. Em uma delas, ele fala o diabo sobre um repórter da revista Isto É que o cita entre os personagens do "show de horror" da atual campanha.

Um dos bordões de Toninho do Diabo é "A coisa tá feia, a coisa tá preta: então vota logo no capeta" e uma de suas propostas é: "Se a igreja não paga impostos, balada também não vai pagar".

Recentemente, o candidato foi alvo de uma "fake news" na qual teria declarado, em uma entrevista, ter virado evangélico. A conversão foi desmentida nas redes sociais e nos jornais de Jundiaí. "O choro é livre e eu taco fogo!", escreveu.

Se Toninho do Diabo chegar lá, os eleitores podem pegar a pipoca. Vai faltar água benta na bancada religiosa para conter o fogo que o representante do Cramunhão promete levar à Câmara dos Vereadores.