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Renata Souza sobre Benedita: PSOL não participou de palco de Sérgio Cabral

Luana Massuela

Colaboração para o UOL, em São Paulo

28/10/2020 15h50

A candidata do PSOL à Prefeitura do Rio, Renata Souza, faz questão de pontuar as diferenças entre as candidaturas dela e de Benedita da Silva (PT). Ela negou que possa abrir mão de sua candidatura em prol da adversária petista, conforme sugerido pelo ex-senador Lindbergh Farias (PT) em troca de eventual apoio de Jilmar Tatto (PT) à candidatura de Guilherme Boulos (PSOL) em SP.

A psolista frisou as diferentes formas de fazer política ao relacionar Benedita aos governos de Sérgio Cabral (MDB), Anthony Garotinho (sem partido) e Eduardo Paes (DEM). "Não é porque a gente é mulher preta, que a gente é da favela, que a gente é igual. Nós temos diferenças sensíveis e importantes", disse ela em sabatina promovida pelo UOL, em parceria com a Folha de S.Paulo, comandada por Silvia Ribeiro, editora do UOL, e Catia Seabra, repórter da Folha de S. Paulo.

Renata também fez questão de diferenciar o histórico dos partidos: "PT é PT, e PSOL é PSOL". Questionada sobre diferenças em relação à candidatura de Benedita, Renata Souza disse:

Nós trazemos elementos centrais, de não ter participado de nenhum palco eleitoral do Cabral, do Garotinho, do próprio Eduardo Paes, evidentemente, isso nos diferencia. Nos diferencia na forma de se fazer política no Rio de Janeiro."

Renata defendeu que sua candidatura "é legítima e importante".

"O fato de sermos duas mulheres negras que venham da favela também não é algo que nos coloca no mesmo lugar. Nós temos histórias diferentes, somos de gerações diferentes, temos formas de fazer política diferentes e, programaticamente, temos algumas diferenças sensíveis. Então, é importante a gente também não colocar duas mulheres pretas que têm histórias diferentes e que são legítimas, no mesmo balaio", completou.

Candidatura antigoverno e voto útil

Durante a sabatina, Renata se apresentou em mais de um momento como a real alternativa contra o "bolsonarismo" no Rio.

Eu tenho visto os posicionamentos públicos, publicamente não há uma oposição tão ferrenha como nós fazemos. Nós estamos convencidos de que temos que derrotar o bolsonarismo na cidade que gestou o bolsonarismo. Nós estamos dizendo isso, publicamente, em todos os lugares. Mas eu acredito que as outras candidaturas do campo progressista estão deixando a desejar nesse embate contra o bolsonarismo

Questionada se ela teme um voto útil em favor de Benedita, Renata diz que "pode surpreender muito".

"A gente tem no Rio de Janeiro um embate importante, que a gente não abriu mão de fazer, que é derrotar o bolsonarismo", disse. "A gente acha que pode sim, fazer com que as pessoas olhem para que um voto de 1º turno seja naquilo que você confie, naquilo que você acredita, e não naquilo que você teme."

Apoio da classe artística

Artistas que tradicionalmente apoiavam o PSOL assinaram um manifesto pró-Benedita no Rio, que foi divulgado no fim de semana. Sobre o assunto, Renta voltou a insistir na candidatura dela como principal alternativa no que chama de combate ao "bolsonarismo".

"Justamente porque nunca estivemos no palco do Cabral, nunca estivemos no palco do Eduardo Paes, do Bolsonaro, do Crivella, do Garotinho, enfim", disse. "A gente entende o posicionamento de uma ala intelectual, de uma ala artística, é fundamental, precisam se posicionar, mas efetivamente, a gente tem no PSOL a real alternativa na cidade do Rio de Janeiro."

Investigações de rachadinha

Sobre as investigações de movimentação atípica na conta de um funcionário do deputado Eliomar Coelho, do PSOL, apontadas em um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), a candidata disse que "o PSOL nunca deixou de falar sobre isso" e "nunca deixou de prestar qualquer tipo de esclarecimento ao Ministério Público e todos os órgãos que investigam transações atípicas, diferente de Flávio Bolsonaro".

"O PSOL não pratica rachadinha e, de fato, teve uma situação. E não é rachadinha, importante a gente dizer que o Flávio Bolsonaro está sendo acusado de corrupção. É importante dar nomes. Eliomar em nenhum momento deixou de falar sobre as transações atípicas que teve sua conta."

Renata atuou como chefe de gabinete da vereadora Marielle Franco (PSOL), morta a tiros na noite de 14 de março de 2018. Ela foi eleita deputada estadual e preside a Comissão de Direitos Humanos da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio). As duas foram criadas no Complexo da Maré, conjunto de favelas na zona norte do Rio.

Pesquisa Datafolha divulgada semana passada aponta Renata com 5% das intenções de voto e Benedita com 10%. Eduardo Paes (DEM) aparece em primeiro lugar (28%), seguido pelo prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), que tenta a reeleição, e pela Delegada Martha Rocha (PDT) —citados, cada um, por 13% dos entrevistados.