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Com Covas consolidado, campanhas aumentam ataques em busca do 2º turno

Celso Russomanno (Republicanos) come lanche em campanha no Mercadão da Cantareira - ROBERTO CASIMIRO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
Celso Russomanno (Republicanos) come lanche em campanha no Mercadão da Cantareira Imagem: ROBERTO CASIMIRO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

Felipe Pereira

Do UOL, São Paulo

01/11/2020 04h00

A pesquisa Ibope para Prefeitura de São Paulo confirmou a tendência de subida de Bruno Covas (PSDB), líder numericamente com 26%, e acirrou a disputa pela outra vaga ao segundo turno. Em queda, a campanha de Celso Russomanno (Republicanos) diz que chegou ao piso e vai subir nos próximos levantamentos.

Guilherme Boulos (PSOL) e Márcio França (PSB) enxergam diferente. Afirmam que o rival derrete e se apresentam como nomes que estarão no segundo turno. Hoje começa o mês da eleição, com o primeiro turno ocorrendo em 15 de novembro. É o momento em que os concorrentes vão explorar aspectos que consideram fragilidades dos adversários. Usando bom português, eles partirão para o ataque.

Nome que largou na liderança das pesquisas, Russomanno perdeu cinco pontos percentuais e está com 20%. A campanha nega uma reedição da histórica fase de derretimento, como ocorreu em 2012 e em 2016. Marqueteiro da campanha, Elsinho Mouco diz que, desta vez, será diferente porque a chapa tem estrutura e um padrinho.

É uma referência ao apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que voltará a ser mencionado na próxima semana nas propagandas no rádio e na TV, mesmo com rejeição acima de 50% na cidade. A equipe de Russomanno espera um crescimento na próxima pesquisa.

"Há uma semana, o Datafolha deu 20%, agora Ibope 20%. Aparentemente bateu no piso. Agora, é crescer três pontos para brigar pelo primeiro lugar. Eleição com 11 candidatos é isso, os votos são pulverizados. Existe uma briga clara entre duas candidaturas [Covas e Russomanno] para ver quem vai ser o primeiro."

Mouco vê França e Boulos fora da disputa. Apesar do discurso de que a briga seja com Covas, nesta semana as propagandas de Russomanno registraram uma mudança de alvo.

Houve ataques a Covas no começo, mas na sequência as peças miraram em Boulos. A tendência é que a tática continue e use munição como dizer que o rival "manipula os mais humildes", "invade residências" e é um "farsante de esquerda".

Uma má notícia para a campanha de Russomanno é a perda de dez pontos percentuais entre os evangélicos —queda de 38% para 28%. Mouco disse que tem dúvida sobre a veracidade deste dado. Argumentou que pesquisas internas mostram 23% de intenção de voto e 35% entre os evangélicos.

O marqueteiro acrescenta que haverá um apelo ao eleitorado das periferias com um programa de moradias populares e propostas de investimentos na saúde.

Boulos - ALICE VERGUEIRO/ESTADÃO CONTEÚDO - ALICE VERGUEIRO/ESTADÃO CONTEÚDO
Imagem: ALICE VERGUEIRO/ESTADÃO CONTEÚDO

Boulos vai à Justiça

Na avaliação de Josué Rocha, coordenador de campanha de Guilherme Boulos, os números do Ibope confirmaram uma trajetória de crescimento de seu candidato e queda de Russomanno. No seu entender, a população de São Paulo não quer o parlamentar do Republicanos no segundo turno, porque ele "tenta puxar o saco de Bolsonaro" e pela trajetória de "humilhação de trabalhadores".

Em relação a Márcio França, Rocha diz que o eleitor quer mudança e o adversário do PSB foi vice-governador de Geraldo Alckmin e apoiou a João Doria (PSDB) quando ele concorreu à Prefeitura de São Paulo em 2016. A campanha se define como a única capaz de derrotar o que chama de BolsoDoria.

O coordenador da campanha de Boulos disse que vai tentar ampliar a exposição do candidato e manter o discurso de combate a desigualdades. Principalmente nas redes sociais, nas quais o candidato do PSOL se destaca. Como argumentos, vai usar a trajetória de luta popular, o fato de morar fora do centro expandido e o nome da ex-prefeita e vice na chapa, Luiza Erundina.

Rocha ainda reclamou de ataques e fake news. Disse que todas as menções incorretas serão contestadas na Justiça, mas teme haver uma enxurrada de notícias falsas disparadas por WhatsApp. "Vamos trabalhar para que mentira não seja difundida, inclusive tomando ações judiciais."

França - DANILO M YOSHIOKA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO - DANILO M YOSHIOKA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Imagem: DANILO M YOSHIOKA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

França aposta na baixa rejeição

A equipe de Márcio França usa a baixa rejeição como justificativa para vislumbrar um potencial de crescimento e chegar ao segundo turno. Coordenador da campanha, Anderson Pomini também prevê uma tendência de queda de Russomanno e esperar enfrentar Covas no segundo turno.

Ele atribui a perda de intenção de votos do candidato do Republicanos a falta de preparo. Acrescenta que isto fica claro quando um político tem a biografia e capacidade colocada a prova em uma eleição majoritária.

Pomini falou que também espera que o fenômeno se repita com Boulos, a quem lança dúvidas de viabilidade eleitoral quando sua biografia for mais conhecida. Para sustentar a afirmação, declara que será preciso explicar episódios de invasão de propriedade e prisão.

De acordo com Pomini, Boulos não é o candidato paz e amor que tenta parecer. Acha que o adversário alcançou seu teto de votos. Afirma ainda que o concorrente do PT, Jilmar Tatto, deve subir e tirar votos de Boulos.

Bruno Covas - RENATO S. CERQUEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO - RENATO S. CERQUEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Imagem: RENATO S. CERQUEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Covas comemora "satisfeito"

A reação do prefeito e candidato a reeleição, Bruno Covas, foi um discurso de alegria, mas também humildade. Ao longo da semana, a equipe dele vinha esperando um aumento na intenção de votos.

Sobre ataques de adversários, a equipe considera algo até esperado por ser o primeiro lugar numericamente nas pesquisas. Coordenador da campanha de Covas a reeleição, Wilson Pedroso comemorou o crescimento homogêneo apontado pelo Ibope. Ele usou a palavra "satisfação" para definir o momento da disputa.

"Estamos apresentando um crescimento consistente e contínuo. Rejeição baixa, crescimento em todas as regiões, todas as faixas de renda."