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Em debate, Boulos é alvo de Russomanno, mira Covas e fica sem tempo

Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

11/11/2020 12h58Atualizada em 11/11/2020 16h19

A falta de tempo e uma pergunta sobre empresas que prestam serviço para sua campanha marcaram a participação do candidato do PSOL a prefeito de São Paulo, Guilherme Boulos, no debate promovido hoje pelo UOL em parceria com a Folha de S.Paulo.

O formato do debate utiliza um banco de tempo, em que cada um dos candidatos teria 15 minutos para responder a perguntas ao longo de uma hora e meia. A administração do tempo era de responsabilidade dos concorrentes pelo cargo de prefeito.

No início do encontro, Boulos já indicou que sua estratégia seria polarizar com Bruno Covas (PSDB), candidato à reeleição. O tucano é líder na disputa e Boulos aparece em segundo lugar na última pesquisa do Ibope, divulgada na segunda-feira (9). Ele está numericamente à frente dos adversários Celso Russomanno (Republicanos) e Márcio França (PSB), mas com os três tecnicamente empatados.

Nas respostas, Boulos acabou se estendendo ao tentar polarizar com Covas e ao interagir com França. Nos embates com o tucano, o candidato do PSOL buscou atacá-lo, dizendo que Covas não governa para a periferia. "Você tem governado com o PSDB, que deixou um legado de um governo elitista."

Covas x Boulos

Para Covas, Boulos questionou sobre a ausência do governador de São Paulo, João Doria (PSDB) na campanha. Doria deixou a prefeitura em 2018 para ser candidato na eleição estadual. Covas disse ao candidato que é ele, não o governador, que disputa a corrida municipal deste ano.

Quanto teve oportunidade, Covas também optou por questionar Boulos, escanteando França e Russomanno no debate. A pergunta foi sobre reforma tributária, que o candidato do PSOL disse defender desde que ela beneficie estados e municípios.

Russomanno e as empresas

O tema serviu de gancho para Russomanno pedir a palavra e atacar Boulos. Com base em publicações de um militante bolsonarista nas redes sociais que acusou o candidato do PSOL de utilizar empresas fantasmas em sua campanha. A publicação foi feita enquanto o debate acontecia.

Sem dar detalhes sobre o tema, Russomanno disse que o militante foi ao endereço das empresas Kirion e Filmes de Vagabundo, e não encontrou representantes das empresas. A acusação é de que elas seriam "fantasmas".

Russomanno perguntou para Boulos sobre as empresas em duas oportunidades. Boulos se alongou no tema apenas na segunda vez, mas sem entrar em detalhes. "Celso, eu desconheço essa reportagem. É do seu site? Do seu programa? Precisa dizer de onde tira as coisas. Você colocou nas redes sociais e veio fazer pegadinha em debate? Celso, pelo amor de Deus, parece que você está desesperado porque está caindo nas pesquisas e começa a querer tratar o debate desse jeito."

Consultada pelo UOL, a campanha de Boulos emitiu uma nota em que "as empresas prestadoras de serviço estão trabalhando em home-office por conta da pandemia, conforme está no próprio contrato da campanha". "E estão abertas para qualquer esclarecimento", diz o comunicado.

Quase sem tempo

O avanço de Russomanno somado às perguntas de França para Boulos em meio ao embate fizeram com que o candidato do PSOL ficasse quase sem tempo após uma hora do início do debate.

Enquanto a ele restava um minuto e meio, França e Russomanno ainda teriam cerca de cinco minutos cada para utilizar na meia hora final do encontro. Covas tinha por volta de quatro minutos. A partir desse momento, França e Russomanno passaram a mirar no tucano, que quase ficou sem tempo já ao final do debate.

Com pouco tempo, Boulos passou a ser mais sucinto e criticou a gestão Covas dizendo não haver "uma política habitacional nesse governo". "Nós vamos retomar os mutirões feitos pela Erundina", citando a ex-prefeita e sua candidata a vice, Luiza Erundina (PSOL). Para encerrar, Boulos disse que sua candidatura representa a "esperança".