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Veja a íntegra do debate UOL/Folha com 4 candidatos a prefeito de SP

Colaboração para o UOL

11/11/2020 12h52

Os principais candidatos à Prefeitura de São Paulo participaram na manhã de hoje do debate promovido pelo UOL, em parceria com a Folha de S.Paulo, com transmissão ao vivo.

Os quatro primeiros colocados na mais recente pesquisa Datafolha, divulgada na quinta-feira passada (5), foram convidados: Bruno Covas (PSDB), atual prefeito e que busca a reeleição, Celso Russomanno (Republicanos), Guilherme Boulos (PSOL) e Márcio França (PSB), todos empatados tecnicamente, dentro da margem de erro.

O debate aconteceu no estúdio do UOL, na avenida Faria Lima. As jornalistas Luciana Coelho, editora do Núcleo de Cidades da Folha, e Thaís Oyama, colunista do UOL, comandaram as entrevistas com os candidatos. Veja, a seguir, a íntegra do debate.

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Thaís Oyama (UOL) - Damos início agora ao debate com os candidatos a prefeito de São Paulo nas eleições de 2020. Para que todos nós pudéssemos ficar sem máscara, todo o protocolo sanitário foi seguido. Então seguimos a medição de temperatura, distanciamento social, limpeza, higienização do estúdio do UOL aqui na [avenida] Faria Lima, além de um número reduzido de pessoas para evitar aglomeração. Participam deste debate os quatro candidatos mais bem colocados na última pesquisa Datafolha do dia 5 de novembro. Então temos conosco aqui Bruno Covas, do PSDB, Celso Russomanno, Republicanos, Guilherme Boulos, do PSOL, e Márcio França, do PSB. Mediando o debate comigo, Luciana Coelho, editora do núcleo de Cidades da Folha de São Paulo. O debate vai ter três blocos, sem intervalos, e a novidade é o banco de minutos, que cada candidato vai poder usar como quiser. Vamos dar uma olhadinha nas regras.

Apresentação das regras: O debate promovido pelo UOL e pela Folha de S.Paulo tem um formato inovador. Cada candidato gasta seu tempo como quiser. Eles começam o debate com uma espécie de banco de tempo com 15 minutos cada. O encontro é dividido em três partes, mas não tem intervalo. No primeiro bloco, duas jornalistas farão perguntas para os candidatos. Cada um vai responder uma pergunta com o tema livre. Os rivais podem usar seu tempo como quiser para comentar. Num segundo bloco, a rodada de perguntas acontece entre os candidatos. Cada um fará uma pergunta para quem quiser. Os demais podem comentar, administrando o tempo do seu banco de minutos. Na última parte do debate, líderes sociais farão perguntas para os candidatos. Os temas foram definidos por sorteio. Após a resposta de um candidato, os demais podem comentar se ainda tiverem tempo. Assim que todos os bancos forem zerados, cada candidato terá um minuto extra para suas considerações finais.

Luciana Coelho (Folha) - Bom dia a todos e todas. Bom dia, candidatos. Bom dia, Thaís. Em nome da Folha de S.Paulo e do UOL, eu quero agradecer a presença dos quatro candidatos aqui, e às equipes de campanha por terem aceitado as regras do debate. Desejo a vocês um ótimo debate, também ao público, e vamos passar para a primeira pergunta. Conforme as regras, sorteio realizado com as campanhas, o primeiro a responder é o candidato Bruno Covas. Vale lembrar que qualquer um dos outros três candidatos pode pedir a palavra, os microfones estarão fechados, mas basta levantar a mão que a Thaís ou eu chamaremos cada um para falar a sua vez. Candidato Bruno Covas, primeira pergunta. O senhor se tornou prefeito tendo sido eleito como vice. É de se supor que o senhor, melhor do que ninguém, saiba a importância de um vice na chapa. Longe de ser também exemplo único nesse país. No entanto, o senhor escolheu, depois de uma longa negociação, como companheiro de chapa o vereador Ricardo Nunes, que é investigado por envolvimento na máfia das creches. Existem pelo menos sete instituições credenciadas que ele é o fiscal, deveria fiscalizar, e que pertencem, ou o imóvel ou a instituição, a aliados políticos do Ricardo Nunes. Se o senhor, reeleito, tiver que se ausentar do cargo, por qualquer motivo que seja, o senhor tem confiança plena, está 100% convicto que o Ricardo Nunes faria um bom trabalho como prefeito no seu lugar?

Bruno Covas (PSDB) - Bom dia, Thaís, bom dia, Luciana. Bom dia, Márcio, Celso, Guilherme. Bom dia para você que nos assiste. Parabéns, Folha e UOL, pela iniciativa. O vereador Ricardo Nunes já está no seu oitavo ano de mandato, não responde a nenhum processo judicial, não há nenhuma denúncia que ele responda no Judiciário. Durante essa nossa gestão, nós descredenciamos mais de 300 creches por descumprirem a legislação, economizamos R$ 7,7 milhões por mês por conta da revisão de aluguéis. Não há nada que descredencia o trabalho do vereador Ricardo Nunes, razão pela qual tenho total confiança que ele será um excelente vice nos próximos quatro anos.

Luciana Coelho (Folha) - Acho que o Guilherme Boulos levantou à mão antes.

Thaís Oyama (UOL) - Só para lembrar as regras, antes de os senhores falarem, por favor, levante a mão, daí a gente dá a palavra.

Luciana Coelho (Folha) - Candidato Guilherme Boulos, por favor.

Guilherme Boulos (PSOL) - Pelo que eu entendi, o Bruno bota a mão no fogo pelo Ricardo Nunes. Agora, eu queria fazer outra pergunta: você bota a mão no fogo pelo Dória?

Celso Russomanno (Republicanos) - Eu queria saber se o Bruno descredenciou essas creches que estão sendo investigadas, afinal de contas, ou é proprietário do imóvel ou está administrando indiretamente as creches.

Thaís Oyama (UOL) - Se não houver mais nenhuma pergunta, eu vou passar a perguntar para o candidato Guilherme Boulos. Candidato, o senhor quando concorreu à presidência da República, o senhor disse que considerar impossível governar para todos os brasileiros. O senhor também já disse em referência a moradores de um bairro de São Paulo que essa turma dos Jardins não representa o povo brasileiro, e acusou essa turma dos jardins de ter a voz que apoiaram a UDN [União Democrática Nacional], pais que apoiaram a ditadura militar, e filhos que são contra as cotas. No momento de politização tão grande, de polarização que já prejudicou tanto a população, criou tantos problemas, minha pergunta é: O senhor mantém essas falas?

Guilherme Boulos (PSOL) - Bom, bom dia a todos que estão nos acompanhando, Thaís, Luciana, aos candidatos. Olha, Thaís, acho que eu não entendi direito a regra, achei que ele ia responder se bota a mão no fogo pelo Dória, se voltaria para ele ou não. Mas, enfim, de toda forma, a tua pergunta, de fato, quando eu disse que não vou governar para todos, eu reitero aqui isso num sentido:

Eu não vou governar para a especulação imobiliária, não vou governar para a máfia dos transportes em São Paulo, eu não vou governar para a máfia das empresas de lixo em São Paulo. De fato, não vou. Se tem alguém aqui com a expectativa de que eu governe para que a especulação imobiliária mantenha imóveis abandonados, com a cidade perdendo, enquanto tem 25 mil pessoas morando nas ruas, não vai ser assim.
Guilherme Boulos (PSOL)

Guilherme Boulos (PSOL) - Eu vou governar para a maioria do povo de São Paulo. Em relação aos bairros, o que eu fiz foi uma constatação, de fato, a maior parte do povo brasileiro, numa sociedade profundamente desigual, é pobre, é negra, rala todo dia para poder ganhar a vida. E eu tenho lado, eu sempre disse isso, e nessa campanha reitero novamente, né? Eu tenho lado. Essa é minha trajetória no movimento social. Não vou aos ventos da conveniência de cada eleição, às vezes apoio um, apoio o outro, tomo uma posição, tomo outra. Não. Eu tenho princípios. Para mim, política se faz com valores e com princípios. Em São Paulo, nós temos a cidade mais rica da América Latina e uma das cidades mais desiguais do mundo. É fundamental que um governo comprometido com a maioria do povo inverta prioridades, governe com o olho mais forte para as periferias, para os mais pobres, para aqueles que estão abandonados, isso eu reitero nessa campanha.

Thaís Oyama (UOL) - Só para reiterar aqui, sobre a dúvida do candidato Boulos, os outros candidatos respondem se quiserem, interferem se quiserem, para isso basta levantar a mão, eu olho para vocês dois, e Luciana está de olho nos outros dois.

Luciana Coelho (Folha) - O candidato Bruno Covas pediu a palavra.

Bruno Covas (PSDB) - Vocês vejam, tem candidato que não consegue entender a regra do debate, imagina estar preparado para governar a Prefeitura de São Paulo. Para governar a Prefeitura de São Paulo, não basta vender ilusão, é preciso ter preparo, é preciso ter experiência, é por isso que eu tenho certeza que, no dia 15, a população vai votar 45.

Thaís Oyama (UOL) - Candidato Celso Russomanno pediu a palavra.

Celso Russomanno (Republicanos) - Só queria fazer uma complementação ao que o Boulos colocou. A gente tem que governar, sim, da periferia para o centro, e essa é a minha bandeira, para os mais necessitados, para diminuir a desigualdade. Agora, a gente não pode esquecer que a gente tem que governar para todos. E não pode de forma nenhuma atacar parte da sociedade como se ela fosse culpada porque ele é empresário, porque ele tem condições financeiras, ou porque ele venceu na vida.

Luciana Coelho (Folha) - Candidato Guilherme Boulos, solicitou a palavra?

Guilherme Boulos (PSOL) - Queria deixar registrado que o Bruno não respondeu se ele bota ou não a mão no fogo pelo Dória.

Thaís Oyama (UOL) - Não havendo mais comentários, eu vou fazer a pergunta para o candidato Márcio França. Candidato, o senhor é acusado por seus adversários de mudar de lado de acordo com quem está no poder. O senhor já apoiou, na Câmara, o ex-presidente Lula, já esteve próximo do governador João Dória e recentemente elogiou e se encontrou com o presidente Jair Bolsonaro. Então, eu gostaria que o senhor nos dissesse, da maneira mais objetiva possível, quais as qualidades que o senhor vê em cada um desses políticos: Lula, Dória, e Bolsonaro.

Márcio França (PSB) - Bem, bom dia a vocês todos, aos nossos colegas candidatos, cumprimentar a todos aqui, porque é um debate, e é bom que a gente tenha um debate. Fazer uma crítica, porque a gente também tem que lembrar, eu já estive em posições de não estar entre os quatro primeiros em outras vezes, lembrando que nem sempre as pesquisas indicam exatamente o resultado das eleições. Na eleição passada, me recordo que, no sábado, tinha, eu acho que, o Dória com 36, o Skaf com 32, eu estava com 16, e, no dia seguinte, eu fui para o segundo turno, e até me lembro que o PT subiu muito no último instante, e aí as pessoas ficaram surpresas, então, as pesquisas, elas devem servir de instrumento. Eu sei que por ser uma via aberta, a internet, não é obrigatório seguir essa lógica, mas eu quero deixar meu registro aqui porque tem bons candidatos que não estão aqui hoje, que têm sido competitivos, que têm feito campanha adequadamente, que poderiam e podem surpreender e estarem outros pontos aí depois que passar a eleição. Então, dito isso, de que lado, você perguntou de que lado que eu estive ou a qualidade de cada um. Qualidade.

A qualidade do Lula? Certamente é um líder popular inegável, foi o líder que mais teve voto, uma pessoa que veio de uma origem muito simples, conseguiu montar um dos maiores partidos que já se viu no Brasil, é uma pessoa aguerrida, com muitas qualidades, ele tem uma linguagem popular que as pessoas conseguem perceber.
Márcio França (PSB)

O Bolsonaro, na minha visão, é autêntico, o que ele fala eu posso discordar, mas evidentemente ele está falando o que ele pensa, e ele foi eleito por esse fato. Ele é uma pessoa que ao longo da vida nunca negou esse jeito dele. Ele não teve ao longo da vida dele o meu voto, mas, de verdade, não quer dizer que isso não faça dele uma pessoa legítima para exercer a presidência.

Márcio França (PSB)

O Dória é uma pessoa aguerrida, ele acorda cedo, é um sujeito valente, tem suas qualidades. Como empresário, ele me parece ser um bom empresário. Ele é um excelente daquelas pessoas? Ele para organizar um debate como esse aqui, organizar um evento, ele é perfeito, faz tudo direitinho. Agora, ele não tem sensibilidade social. Não consegue entender a questão do povo.
Márcio França (PSB)

Márcio França (PSB) - Aliás, ele nesse instante está desaparecido, né? Ninguém consegue ver o Dória. Aí o Bruno está certo, porque é uma situação muito difícil você arrastar o contêiner que é o João Dória do ponto de vista eleitoral, uma pessoa muito dura, se mete em tudo, tem mania, enfim, mas especialmente não tem sensibilidade social. Com relação aos lados, é claro, a gente também muda de posições conforme o tempo. Por exemplo, eu vejo que em determinados momentos a sociedade reage num instante. Coisas que eu fazia quando era menino, os meus netos, hoje, nem pensar. A consciência ambiental, por exemplo, cresceu muito em função de a gente aprender. Ninguém deixa de evoluir. Então, assim, conforme vai passando o tempo, e a tradição, a questão de você ter experiência, eu tenho uma larga experiência de vida pública, já ocupei funções em vários lugares, em diversas posições, eu posso garantir para vocês, tudo tem solução. Agora, é preciso que você saiba conversar com as pessoas. Não dá para a gente ter apenas a sua visão e achar que a sua visão em especial se ela for extremista, se ela vai poder dar resultados corretos.

Luciana Coelho (Folha) - Bom, eu lembro e incentivo os candidatos que eles podem também participar das perguntas feitas aos demais. Mas entendo que dessa vez ninguém tenha levantado a mão, correto? Parto para a última pergunta para o candidato Celso Russomanno. Candidato, o senhor tem estabelecido, nas últimas semanas, uma tendência clara de negação da realidade. Ontem, o senhor conseguiu a impugnação de uma pesquisa do Datafolha com a Folha e O Globo, mas só depois, só solicitou essa impugnação depois de três quedas sucessivas nas pesquisas, e não quando aparecia em primeiro lugar. O senhor também tem minimizado os efeitos de uma pandemia que só na Cidade de São Paulo matou mais de 14 mil pessoas, e que pode voltar com força no ano que vem. O senhor se aliou a um presidente que chama de "maricas" quem sofre com essa mesma pandemia. Se o senhor ganhar, o senhor vai governar restringindo a informação e adotando a tática avestruz?

Celso Russomanno (Republicanos) - Bom dia a todos, é um prazer muito grande estar aqui, quero agradecer o UOL e a Folha pela pesquisa. Ou melhor, pelo debate, que eu já vou falar da pesquisa. Luciana, vou responder a sua pergunta. Eu fui um dos parlamentares que fez a lei. A lei foi feita para ser respeitada por todos. Tanto as pessoas físicas quanto as pessoas jurídicas. E todos têm o direito de errar, né? Mas tem que corrigir os erros. Datafolha me colocou com 29% na primeira pesquisa. Eu nunca tive 29%. Nunca! No máximo, eu tive 26, e estourando, 27. Então, já de cara, pela metodologia do Datafolha, eles erraram. Só que quando vocês me colocaram com 16%, acendeu uma luz vermelha. Ou melhor, não diria nem a vermelha, amarela. Acendeu a luz amarela. Porque eu tenho pesquisas internas, e nós estamos acompanhando o que está acontecendo. Então a gente vai questionar a metodologia. Ninguém está restringindo absolutamente nada. Se a Datafolha... Se o Datafolha e a Folha cumprirem a legislação, eu sou o primeiro a defender as pesquisas. Acho importante que vocês façam pesquisas. Desde que as pesquisas não desviem do sentido que nós colocamos no texto da lei. Sendo assim, pode ter certeza absoluta que eu vou prestigiar. Diga-se de passagem, a pesquisa do sábado também tem os mesmos vícios. Assim como nós estamos vendo a questão da pesquisa do Ibope. Nós queremos só que a lei seja cumprida. Se a gente for analisar a pesquisa do Ipespe XP, ou da Paraná Pesquisa, a gente vai ver que a metodologia é diferente. E aí me coloca numa situação melhor. Então eu estou tranquilo com relação a isso, parabenizo vocês pela tentativa de mostrar o que o eleitor pensa, agora, vamos cumprir a legislação porque é assim que a gente tem que fazer.

Luciana Coelho (Folha) - Candidato Bruno Covas, por favor.

Bruno Covas (PSDB) - Queria aproveitar a oportunidade para deixar bem claro que eu não tenho nenhum problema em apresentar os apoios que eu tenho. Tenho toda a felicidade de ser o candidato apoiado pelo governador João Dória. Mas o candidato nessa disputa sou eu. Estranho seria o governador João Dória deixar seus afazeres, deixar os 645 municípios para focar na campanha de prefeito de São Paulo. Estranho seria os secretários de Estado saírem dos seus afazeres para irem pro comitê do candidato a prefeito de São Paulo, como a gente vê os ministros fazerem, saindo de Brasília e vindo fazer campanha aqui em São Paulo. Então o trabalho conjunto entre a Prefeitura e o Governo do Estado tem permitido avanços na área da Segurança Pública, governador retomou as obras de metrô que estavam paradas, são cinco linhas de metrô que estão em obras nesse momento na cidade de São Paulo, e isso é importante porque quem ganha com esse trabalho conjunto é a população. Só que aqui nós estamos discutindo a cidade de São Paulo, aqui nós estamos discutindo o passado de cada um dos candidatos, o que eles já fizeram de efetivo para cidade de São Paulo, os cargos que eles já assumiram, o que eles construíram aqui na cidade de São Paulo. Então vamos focar aqui, em respeito ao eleitor, nos temas da cidade de São Paulo.

Luciana Coelho (Folha) - Candidato Guilherme Boulos gostaria de dar segmento.

Guilherme Boulos (PSOL) - Sim, o Bruno demorou um pouco para responder sobre o João Dória, passou uns cinco minutos, acho que ele pensou o que ele ia ter que explicar quando chegasse lá e resolveu dar a resposta. Mas é justamente disso que nós estamos falando, Bruno, é da cidade.

O João Dória abandonou São Paulo. Você [Bruno Covas] foi eleito junto com ele. Ele foi eleito fazendo um monte de promessas. Ele foi mais vezes para Nova York do que para o Capão Redondo quando era prefeito. Abandonou a cidade de São Paulo. Fez da cidade, como o PSDB frequentemente faz, um trampolim para projetos pessoais. E você, de algum modo, herdou isso.
Guilherme Boulos (PSOL)

Guilherme Boulos (PSOL) - Por isso que é natural que, num debate sobre projeto de cidade, apareça o Dória, eu não sei por que isso causa tanto incômodo.

Segundo bloco

Thaís Oyama (UOL) - Bom, com isso chegamos ao fim da primeira parte do nosso debate. E eu queria aproveitar para chamar atenção, vamos conferir o tempo que cada um tem no banco de minutos. O candidato Celso Russomanno termina esse primeiro bloco com 12 minutos e 17 segundos. O candidato Márcio França está com 11 minutos e 51 segundos. O candidato Bruno Covas tem à disposição para gastar ainda 12 minutos e 28 segundos. E o candidato Guilherme Boulos, 12 minutos e 17 segundos, está mais ou menos todo mundo igual. Então agora, neste segundo bloco, a rodada de perguntas vai se dar entre os candidatos em ordem que foi também pré-definida por sorteio. Todos farão uma pergunta com tema livre para quem quiser, e todo candidato só pode ser escolhido uma vez. Cada pergunta deve ser formulada em 20 segundos, e esse tempo não vai ser descontado do banco de minutos. Os demais podem, como sempre, comentar cada pergunta, mas, é claro, administrando seu próprio tempo. De acordo com o sorteio, a primeira pergunta agora será feita pelo candidato Guilherme Boulos, e para quem o senhor quiser. Candidato, por favor, o senhor pode escolher para quem vai a pergunta.

Guilherme Boulos (PSOL) - Minha pergunta vai para o Bruno, e é sobre saúde. Bruno, quando você e o Dória ganharam, o carro-chefe era o Corujão da Saúde, diziam que iam zerar a fila de exame. Hoje a fila de exame é 70% maior do que era. Agora a gente vê a sua propaganda de televisão, você falou que construiu oito hospitais, o que não é verdade. Quero saber, Bruno, se vale a pena criar uma cidade encantada na televisão?

Bruno Covas (PSDB) - Candidato Guilherme Boulos, nós falamos a verdade, a gente não vente ilusão nessa campanha. A Corujão da Saúde foi cumpriu um papel importante de reduzir as filas na cidade de São Paulo. A população que participou...

Thaís Oyama (UOL) - Desculpe, prefeito, posso interromper? Eu teria que conceder a palavra para o senhor, para que o tempo de minutos começasse a correr. Por favor, com a palavra o candidato Bruno Covas. Não, foi um erro meu, e eu peço desculpas.

Bruno Covas (PSDB) - Mas vai voltar o tempo?

Thaís Oyama (UOL) - Vai voltar o tempo, por isso que estou interrompendo. Agora, o candidato Bruno Covas com a palavra. Eu lembro a todos os outros também que aguardem a gente conceder a palavra para que o banco de minutos possa começar a correr. Por favor, candidato.

Bruno Covas (PSDB) - Vou esperar então voltar?

Thaís Oyama (UOL) - Não, pode começar.

Bruno Covas (PSDB) - Candidato Boulos, nós falamos a verdade no nosso horário eleitoral, nós não vendemos ilusão para a população. O Corujão da Saúde cumpriu um papel importante de reduzir a fila na cidade de São Paulo. E mesmo esse ano, com a pandemia, o tempo médio para realização de um exame na cidade de São Paulo caiu de 84 dias, no fim da gestão do PT, para 35 dias agora na cidade de São Paulo. Nós realizamos 5 milhões de consultas a mais em 2017, 2018 e 2019, quando comparado ao mesmo período da gestão do PT. E nós estamos implementando aqui na cidade de São Paulo o prontuário eletrônico para que a gente possa agilizar ainda mais o atendimento. Estamos implementando a telemedicina para que a gente possa reduzir o tempo de espera para uma consulta com especialista na cidade de São Paulo. Estamos inaugurando, esse ano, oito novos hospitais, a cidade não inaugurava um hospital desde 2007, hospitais que estão começando e precisam ser ampliados na próxima gestão. Esse é o nosso compromisso. O que a gente fez aqui na área da saúde é uma grande referência, até porque, nesse momento de pandemia, nós não deixamos ninguém sem atendimento. A população que buscou atendimento na cidade de São Paulo foi tratada, aqui a gente não teve o que a gente viu em outros lugares do mundo, em cidades muito mais ricas do que São Paulo, o médico escolher quem era intubado, quem não era intubado. Ampliamos as equipes de saúde da família, a cidade tinha quatro UPAs, já inauguramos dez, nós temos mais sete que ficam prontas até o fim do ano. E serão 17 na próxima gestão. Acabamos as obras que estavam pela metade quando nós assumimos a gestão aqui na área da saúde, só de UPA eram 12 esqueletos parados na cidade de São Paulo. Então não há nenhuma ilusão a ser vendida. O que a gente mostra é a realidade.

Thaís Oyama (UOL) - Candidato Celso Russomanno pede a palavra.

Celso Russomanno (Republicanos) - Bruno, no seu programa, eu vi o programa e você fala da teleconsulta. Como é que vai fazer com os especialistas que precisam de toque, que precisam de um exame na pessoa propriamente dita, como é que vocês vão fazer?

Luciana Coelho (Folha) - Pelas regras, eu concedo a palavra ao candidato Guilherme Boulos que levantou a mão primeiro.

Guilherme Boulos (PSOL) - Os números precisam refletir a realidade, não pode ser só marketing. O Bruno está dizendo na televisão que inaugurou hospitais. Ele inclui aí o Hospital Sorocabana que ele abriu um andar e continuam [com] sete fechados. Ele inclui aí o Hospital da Brasilândia que só está com 12% dos leitos abertos, que foi iniciado antes da gestão dele e do Dória, né? O Hospital Brigadeiro que não foi entregue ainda. Então veja, o que nós vamos fazer, ao invés de ficar maquiando números, retorcendo números em época de eleição, não foi só na saúde, na moradia, diz que fez 25 mil, a própria secretária dele diz que foi 13. O que nós vamos fazer é um investimento prioritário na saúde, vamos reabrir de fato todos os hospitais fechados, investir em atenção primária. UBS funcionando também à noite e aos finais de semana. E abrir concurso público para contratar 500 médicos para atuar nas periferias já no primeiro ano de governo. Saúde tem que ser prioridade de um governo que olhe para o povo, que olhe para a cidade, ainda mais numa pandemia, e não só ser utilizado no período eleitoral.

Thaís Oyama (UOL) - Candidato Márcio França com a palavra.

Márcio França (PSB) - Eu ia falar pro Boulos não ser injusto, ele está esquecendo de contar os três hospitais de campanha, que foram quase R$ 90 milhões, eles foram montados e já estão quase desmontados os três, dois já foram desmontados. Evidentemente que se tivesse aplicado o recurso para deixar a herança nos hospitais que estavam em obras, talvez pudesse adiantar um pouquinho. Eu sei do esforço, saúde não é simples, é uma tarefa ingrata, mas, na minha visão, o equívoco de se montar um hospital de campanha sem deixar a herança do hospital e depois, ainda por cima, com tudo meio torto, porque tinha uma história que foi feita através da SP Tours, coisas que não deviam estar feitas e depois vão dar problemas para todo mundo que participou disso.

Luciana Coelho (Folha) - Candidato Bruno Covas pediu a palavra.

Bruno Covas (PSDB) - Para estabelecer a verdade, Márcio, se fosse como estão os três hospitais de campanha, seriam 11 hospitais. Estamos falando de oito hospitais definitivos que estão sendo entregues este ano na cidade de São Paulo. Então, os três não estão contabilizados nos oito. Uma pena você não saber disso. O candidato Guilherme Boulos fala em contratar 500 médicos, nós contratamos esse ano 10 mil profissionais a mais na área da saúde. Não conhece a cidade de São Paulo. Nunca governou nada. Não tem nenhuma experiência administrativa. Não sabe do que fala. Então, lamentar isso e dizer que eu fico muito orgulhoso de tudo aquilo que nós fizemos na área da saúde. A telemedicina já está em fase de teste, Celso, você pode visitar as UBS que já estão implementando isso. É uma grande revolução no atendimento na cidade de São Paulo. Quero dar à população que não tem condição de pagar um plano de saúde a mesma agilidade e a mesma rapidez [de] que quem tem um plano de saúde.

Thaís Oyama (UOL) - Candidato Celso Russomanno pediu a palavra.

Celso Russomanno (Republicanos) - Bruno, me desculpe mas a minha pergunta você não respondeu: como é que fazer com especialidades em que o precisa do toque? Porque é muito simples eu fazer uma teleconsulta, mas quando você precisa de um oftalmologista, ou de um ginecologista, que as mulheres não conseguem, hoje, está demorando dois anos para as mulheres chegarem ao ginecologista. Tenho casos, e posso te mandar, de depoimentos de mulheres que tiveram, deram à luz e não conseguiram chegar ao ginecologista, ou seja, não tiveram pré-natal. Como é que nós vamos fazer com relação a isso? Esse é o meu questionamento.

Luciana Coelho (Folha) - Candidato Guilherme Boulos pediu a palavra antes. Candidato, por favor.

Guilherme Boulos (PSOL) - Mas eu concedo para o Bruno poder responder antes.

Luciana Coelho (Folha) - Por favor, Bruno Covas.

Bruno Covas (PSDB) - A teleconsulta é feita com a presença do médico generalista, lá na UBS, que consulta um especialista à sua disposição com a aprovação e a concordância da população. Não há nenhuma substituição, não há nenhuma alteração à consulta ao vivo a um especialista para poder facilitar, para que muitas vezes não tenha que mandar para uma outra consulta para depois voltar no médico generalista. É para agilizar, é para facilitar.

Luciana Coelho (Folha) - Por favor, Guilherme Boulos.

Guilherme Boulos (PSOL) - Olha, o Bruno colocou aqui o tema da experiência e da capacidade de gestão. De fato, Bruno [Covas], a experiência que você tem governando com o PSDB, que deixou um legado de um governo elitista, de costas para periferia, um legado de escândalos de corrupção em São Paulo, essa eu quero longe de mim. Agora, a respeito de capacidade de gestão, ninguém governa sozinho, Bruno, você deveria saber isso como prefeito. Você precisa ter equipe. Eu estou, comigo, com os maiores urbanistas da cidade, mais de 500 médicos de São Paulo que estão, assinaram o manifesto em nosso apoio; me reuni com vários deles para propostas; com grupo de economistas, gente que participou de uma série de gestões exitosas, e tenho ao meu lado, como vice, a Luiza Erundina, a melhor prefeita que essa cidade já teve.

Essa experiência no trabalho coletivo, e minha sensibilidade social, como único candidato, de todos que estão aqui, que mora na periferia, que vive a realidade da periferia, é ela que eu vou levar para a Prefeitura de São Paulo, não um legado extremamente duvidoso, marcado por escândalos de corrupção e marcado por uma gestão elitista que aprofundou as desigualdades da cidade.
Guilherme Boulos (PSOL)

Luciana Coelho (Folha) - Candidato Celso Russomanno com a palavra.

Celso Russomanno (Republicanos) - Essa questão da saúde é uma questão que me atinge e foi por isso que eu comecei a minha vida pública, porque perdi a minha mulher por negligência no hospital. Então, isso é muito sensível à minha vida e à vida da minha família. Por isso, isso a gente tem que cuidar com critério. E o critério é fiscalizar na ponta. O prefeito tem que sair do gabinete, tem que ir para a ponta para saber se de fato as OS, Organizações Sociais, estão cumprindo o seu papel e se, de fato, os médicos estão presentes quando deveriam ter sido contratados. E isso não está acontecendo. Está faltando fiscalização. Com relação aos especialistas, se o poder público não consegue contratar porque não acha especialistas... a gente vai fazer convênio com as clínicas populares que estão espalhadas por toda a periferia, e os médicos especialistas, como ginecologista, oftalmologista, vão atender nessas clínicas com rapidez. Os exames serão feitos, em um primeiro momento, para a gente acabar com essa fila imensa, só de exames são 240 mil exames que estão congestionados, vamos fazer um mutirão, clínicas populares, hospitais particulares, como já foi feito anteriormente. Só que o programa parou. O tal do Corujão parou. Para que a gente possa de fato atender a população e resolver depois o problema das cirurgias eletivas que estão totalmente paradas.

Thaís Oyama (UOL) - Eu queria só aproveitar esse intervalo pra gente lembrar as regras. Entre as regras acordadas pelos candidatos, pelas campanhas, esta a de não fazer uso do celular aqui no estúdio. Por favor, obrigada. Luciana?

Luciana Coelho (Folha) - Entendo que não tenham novos comentários. Então, por favor, peço ao candidato Bruno Covas que me diga a quem vai fazer sua pergunta e faça a pergunta.

Bruno Covas (PSDB) - Pergunto ao candidato Guilherme Boulos.

Luciana Coelho (Folha) - Por favor.

Bruno Covas (PSDB) - Candidato Guilherme Boulos, o rombo orçamentário na Prefeitura em 2017 era de R$ 7 bilhões. Esse ano nós temos o maior valor de investimento nos últimos oito anos. Mas a discussão no Congresso Nacional me preocupa. Qual é a sua opinião sobre a Reforma Tributária sendo discutida hoje no Congresso?

Luciana Coelho (Folha) - Por favor, candidato Boulos, sua resposta.

Guilherme Boulos (PSOL) - Bruno, eu defendo uma Reforma Tributária progressiva no país, e que, obviamente, não retire recursos de outro ente da Federação. Os municípios e os estados na estrutura tributária brasileira são prejudicados. A maior parte do recurso fica na União. De fato, isso preocupa. Agora, eu queria aproveitar a oportunidade, Bruno, você colocou um debate orçamentário. Frequentemente, você mencionou isso, Márcio tinha mencionado outra vez, tentam apontar que as propostas que a gente levanta não caberiam no orçamento da cidade. Eu queria trazer esse debate aqui das propostas porque eu acho importante, no debate, a gente falar sobre isso também e o quanto elas cabem no orçamento. O principal programa que eu quero realizar em São Paulo, e que eu vou fazer a partir de janeiro do ano que vem, é a renda solidária. A renda solidária vai atender até um milhão de famílias que hoje estão no limite da extrema pobreza na cidade mais rica do Brasil. Ela vai ter um custo de R$ 14 bilhões nos quatro anos de governo. Nós vamos fazer também frentes de trabalho para 50 mil pessoas nos quatro anos, contratando mão de obra local das subprefeituras. O custo disso é R$ 3.8 bilhões nos quatro anos de governo. Nós vamos implementar gratuidades no transporte que estão previstas na lei e não foram feitas, passe livre para desempregado, para estudante, passe livre para mulheres com crianças no colo, com o custo de R$ 1 bilhão ao ano, ou seja, mais ou menos R$ 4 bilhões até o fim do nosso governo. Concursos para médicos, contratando, no primeiro ano, 500 médicos, isso só para atuar na preferia. Você falou números gerais de profissionais de saúde na cidade, 500 médicos para atuar na periferia. Com o custo de R$ 300 milhões nos quatro anos. Poderia citar aqui as 200 creches que nós vamos fazer para acabar com a fila, que tem um custo de R$ 770 milhões em quatro anos, os projetos de moradia, enfim. Tudo isso vai dar R$ 29 bilhões em quatro anos. O orçamento da cidade de São Paulo, você sabe bem, é de R$ 70 bilhões. Não é? A taxa de investimento hoje é baixíssima. Eu vou recuperar a taxa anterior ao governo Dória/Bruno, que foi R$ 20 bilhões nos quatro anos. Ainda pegando o dinheiro que hoje está na dívida ativa, R$ 130 bilhões, grandes devedores que não pagam, só foi recebido R$ 5 bilhões disso nos quatro anos. Nós vamos recuperar R$ 10 bilhões numa estimativa conservadora, conversando com procuradores, auditores fiscais também nos próximos quatro anos. Ou seja, o dinheiro que está em caixa, recuperando uma taxa de investimento boa, o que nós vamos recuperar de dívida ativa em São Paulo paga inteiramente o nosso programa. Recuperando uma taxa de investimento razoável na cidade, né? Isso sem falar no dinheiro em caixa, R$ 19 bilhões. Vamos falar só do que não está vinculado a fundos, mais ou menos R$ 10 bilhões a R$ 11 bilhões. Para fazer outras obras na cidade, a duplicação da M'Boi Mirim, a Ponte Graúna-Gaivotas para desafogar a Belmira Marin. Uma série de obras que são necessárias de investimento. São Paulo é uma cidade rica. Dinheiro não falta. O que tem faltado é prioridade para políticas sociais. São Paulo não pode gerida apenas como um negócio, São Paulo tem que gerida olhando para as pessoas. Eu desafio agora os meus adversários, inclusive o atual prefeito, a fazerem isso, a colocarem quais são as suas prioridades, quanto custa cada uma delas, e como vai fazer para caber no orçamento. Nós temos isso.

Thaís Oyama (UOL) - Eu lembro que os candidatos se manifestam se quiserem então. Por favor, candidato Márcio França.

Márcio França (PSB) - Quero dizer que eu não falei para ele, ele deve estar me confundindo com a história do Mamãe Falei, que falou que não tinha orçamento para fazer. Eu sempre acho que tem, se tiver vontade política tem orçamento, claro, só tirar de um lugar e colocar para outro. Agora, quando eu era bem jovem, eu também tinha vontade de jogar futebol no Santos. Era meu sonho, achava que eu ia ser futebolista. Com o tempo, eu percebi que eu não tinha a competência suficiente para ser futebolista, fiquei no treinamento no Pepe, lá em Santa Isabel, enfim, acabei não passando nos testes para poder ser futebolista. Porque muitas vezes você tem boas ideias, mas a verdade é que depois quando você vai chegar na prática aquilo não se realiza porque você não sabia de detalhes que você vai descobrir com o tempo. Eu lembro, esses anos todos de trajetória, eu fui prefeito. Fui reeleito com 93% na cidade que tem o menor orçamento per capita do estado de São Paulo, depois fui governador, fui secretário de Estado, então eu tenho essa responsabilidade de falar aquilo que é possível. No nosso caso, o plano de emergência vai custar R$ 2.5 bilhões e disse de onde vou tirar. Vou tirar especialmente na não-nomeação dessa multidão de cargos em comissão que estão nomeados na Prefeitura, que é até normal, numa situação normal, mas eu lembro que nós estamos vivendo numa situação de pandemia, as pessoas estão sem emprego, sem renda. Não é possível deixar as pessoas passarem fome, nós temos que arrumar um recurso.

Na minha visão, o simples dar o dinheiro para as pessoas não é o suficiente. As pessoas precisam de trabalho, de dignidade, ninguém quer receber um cartão de nada, dá um emprego decente que a pessoa sai da situação em que ela está. As pessoas ficam humilhadas recebendo um valor se não tiver nada, elas querem ter uma tarefa, nós vamos criar as frentes de trabalho.
Márcio França (PSB)

Thaís Oyama (UOL) - Candidato Celso Russomanno pediu a palavra.

Celso Russomanno (Republicanos) - Queria lembrar a todos que a reforma tributária vai ser discutida no Congresso Nacional e que tem uma quantidade imensa de parlamentares municipalistas que vão cuidar dos municípios, com certeza, e eu vou estar atento para isso. Mas eu quero dizer também que a reforma começa no município, quando você baixa o ISS a fim de trazer as empresas de volta para cá. Se a gente quer gerar emprego tanto na construção civil quanto nas prestações de serviços, como call centers, empresas de franchising, nós temos que trazer de volta as empresas para cá. Então nós temos que baixar gradativamente o ISS, considerando que os nossos vizinhos, os municípios vizinhos têm o ISS mais barato, só assim a gente vai gerar emprego. Aproveitando o ensejo, eu queria comentar aqui, que, vendo a prestação de contas do Boulos, eu encontrei a Kirion, que não está no endereço certo. Ou seja, é uma equipe de reportagem que soltou hoje uma reportagem nas redes sociais, dizendo o que senhor, para uma empresa, deu de R$ 24 mil a R$ 28 mil e a empresa não se encontra no local, ela é fantasma, e para outra, R$ 500 mil. Uma é a Kirion e a outra é Filmes de Vagabundo LTDA. Olha, o nome é esse. O nome que está no contrato social da empresa é esse, Filmes de Vagabundo LTDA. Essa empresa levou dinheiro, ela não se encontra no local, a equipe de reportagem foi até lá, ninguém conhece a empresa, ninguém sabe onde está essa empresa, e como é que ele gastou dinheiro público numa empresa fantasma. Ou seja, em duas empresas que não se encontram nesse lugar. Pode explicar para a gente, Boulos, por favor?

Luciana Coelho (Folha): Pelas regras, eu sou obrigada a conceder a palavra antes para o candidato Bruno Covas que havia levantado a mão primeiro. Retribuir a gentileza. Muito bem, candidato Guilherme Boulos.

Guilherme Boulos (PSOL): Eu, Márcio? Eu jogar juntos com o PSDB? Você me dizendo isso chega a ser engraçado. Olha o Bruno confirmando aí. Eu não.

Luciana Coelho (Folha) - Ok, vamos voltar. Guilherme Boulos, por favor.

Guilherme Boulos (PSOL) - Olha, Celso, francamente, eu não sei, você às vezes tem que escolher se você quer ser prefeito ou se quer continuar apresentando seu programa, se você vai passar lá na sede da empresa de comunicação e querer comprar papel higiênico no varejo, humilhar caixa de mercado como você faz. Francamente, Celso. Agora, eu queria dialogar com o Márcio. Márcio, sabe uma das coisas que deixa as pessoas descrentes? Tem deixado, e eu percebo isso nas ruas, descrentes da política? É quando a política deixa de ter sonho. Eu acho que você devia ter insistido no seu sonho de ser jogador do Santos, quem sabe pudesse ser um bom craque. Sim, quando a política vai virando essa mesmice, as pessoas vão aceitando essas condições, o mesmo de sempre, fazer uma coisinha aqui, outra acolá, vão perdendo o sonho, perdendo o ideal, eu acho que, na verdade, isso que me diferencia um pouco de vocês nesse debate. Você trata isso como inexperiência, eu vejo de uma maneira jocosa e tal. Mas sabe, Márcio, eu tenho um compromisso, um compromisso da minha vida. Eu atuo há 20 anos com isso. Para mim, a periferia, as pessoas que vivem lá, não são números, não são estatísticas. Não é gente que, como muitos fazem, aparece lá a cada quatro anos para comer um pastel, para tirar uma foto, para fazer promessa, é gente de verdade, com história de vida, gente que todo dia pega ônibus lotado de manhã para ir para o trabalho, sofre humilhações, sobe no elevador de serviço. Gente que é invisibilizada. Outro dia eu fui na favela do Vietnã, aqui na Zona Sul, um senhor me abordou na porta do barraco dele, era um cadeirante, ele falou: 'Boulos, todo dia para eu sair de casa pra comprar um pão, eu preciso de três pessoas; duas para me carregar e uma para carregar a cadeira'. A Prefeitura nunca chegou lá. Ninguém nunca chegou lá para falar com ele. Uma das coisas que me estimulou a ser candidato a prefeito foi uma história que eu ouvi sobre a Luiza Erundina de um porteiro. Ele falou: 'a Erundina salvou a vida dá minha família'. Porque a mãe dele apanhava do pai em casa. E a Erundina era prefeita e a mãe dele ouviu que tinha uma prefeita mulher nordestina que defendia as mulheres também. Foi até a Prefeitura procurar a Erundina, isso ele contando. Ela não estava lá, deixou um bilhete. Três dias depois, a Erundina, prefeita, bateu no barraco dela, na porta. O marido estava lá, botou o cara na cadeira, deu um esporro, deu um sermão, esse cara falou com o olho choroso para mim: 'nunca mais minha mãe apanhou'. É esse tipo de governo que eu quero fazer, eu sou candidato a prefeito, eu estou aqui por isso. Não por esse jogo, sabe? De experiência. Isso, isso vale muito. É por isso que eu quero ser prefeito de São Paulo, e é isso que está em jogo nessa eleição. Se as pessoas querem o mesmo, o mais do mesmo, que desqualifica alguém quando vem apresentar uma proposta diferente, ou se as pessoas querem mudar de verdade São Paulo. Se quiserem mudar, a alternativa é nossa.

Luciana Coelho (Folha) - Eu vou devolver a palavra ao candidato Bruno Covas, mas chamo atenção aos quatro candidatos para o banco de tempo. Uma vez que acabe esse tempo, só terão direito a um minuto das considerações finais. Lembrem-se que ainda tem mais duas perguntas nesse bloco e um terceiro bloco. Por favor, candidato Bruno Covas.

Bruno Covas (PSDB) - Candidato Boulos, desculpa, mas a diferença entre vender sonho e vender ilusão é exatamente conhecimento e responsabilidade fiscal. Falar bonito, falar fácil é muito lindo de se ouvir. Só que precisa conhecer os números da cidade de São Paulo. A reforma fiscal, a reforma tributária que está sendo discutida no Congresso vai tirar da cidade de São Paulo nos próximos dez anos R$ 10 bilhões; e R$ 55 bilhões nos dez anos seguintes. O candidato Russomanno aqui, por exemplo, fala em diminuir o ISS para poder atrair empresas. A reforma tributária, candidato Russomanno, vai mudar porque não vai ser mais pago o ISS no local em que fica a empresa, vai ser pago o ISS no local onde o serviço é prestado. Então esse tipo de política não vai poder ser feita. Quem sabe o senhor ficando em Brasília o senhor pode ajudar a não deixar a aprovar uma reforma como essa, que tira tanto recurso da cidade de São Paulo. Porque recentemente, já foi aprovada uma outra lei, que tira para os próximos quatro anos da cidade de São Paulo quase R$ 1.5 bilhão. É por isso que é preciso ter responsabilidade fiscal.

É com responsabilidade fiscal que se faz justiça social. Aquela mesma responsabilidade fiscal que a esquerda sempre foi contra, sempre votou contra, uma pena, porque não percebe que cuidar do recurso público é condição sine qua non para cuidar das pessoas.
Bruno Covas (PSDB)

Thaís Oyama (UOL) - Candidato Celso Russomanno tem a palavra.

Celso Russomanno (Republicanos) - Em duas etapas: primeiro, Boulos, você não me respondeu. As empresas são fantasmas ou estão no endereço que estão indicados no CNPJ delas? Eu quero a resposta. Porque você está gastando dinheiro público. E aí dá R$ 528 mil, entre R$ 524 mil e R$ 528 mil. Dinheiro público que você diz que vai cuidar com tanta dedicação. Com relação à questão que o Bruno colocou, um prefeito de São Paulo tem que ir ao Congresso Nacional, defender a sua cidade. Bruno, você foi deputado comigo e você não estava lá defendendo a cidade para evitar que a cidade perdesse arrecadação. Eu estarei em Brasília o tempo todo, quanto tempo for necessário, nas periferias, fiscalizando, fazendo o que um prefeito tem que fazer, cuidando da gestão e cuidando da zeladoria, que é o que está faltando em São Paulo.

Thaís Oyama (UOL) - Pela ordem, quem tem a palavra agora é o candidato Márcio França. Por favor.

Márcio França (PSB) - Para responder, vou comentar com o Boulos, claro que eu percebo a sua boa vontade, como percebo a de todos, tentarem uma coisa melhor, enfim; mas quero lembrar a você que tem em um certo tom um pouco de soberba. Dá impressão que você, por sua opção pessoal, que é linda, mas é sua, dá impressão que todo mundo é errado.

O fato de ser experiente não é defeito, senão você não tinha escolhido a Luiza Erundina para sua vice, pela idade, responsabilidade. A experiência ajuda.
Márcio França (PSB)

Márcio França (PSB) - Se tiver que fazer uma cirurgia em um filho com câncer ou com uma questão de coração grave, você vai procurar um médico experiente, é natural. Então, assim, quando todos nós passamos por experiências, a gente aprende um pouco mais. Em momentos de crise, você se lembra daquele episódio dos caminhoneiros no Brasil inteiro, o Brasil parado, eu era governador, aquela situação caiu na minha mão, as pessoas fugiram do problema, eu fui lá tentar resolver e acho que consegui acertar. Então a experiência conta, e é importante que você possa ter experiência. Se você acha que tiver a oportunidade, se não for nessa, você se elege uma vez vereador, secretário, vai ser deputado, vai ter uma experiência; a convivência com outras pessoas não é ruim, não é humilhante isso. Me lembro que essa coisa de copiar o Lula, tem que ser Presidente da República, dá para ser primeiro uma coisa, depois a outra. A chance de errar fica menor.

Luciana Coelho (Folha) - O candidato Guilherme Boulos pediu a palavra.

Guilherme Boulos (PSOL) - Olha, Márcio, claro, a experiência é fundamental pra governar uma cidade de São Paulo. Eu construí a minha, Márcio, estando e vivendo nas periferias ao lado das pessoas. Não acho que isso é lição de moral para ninguém, só tô contando a minha trajetória. Sou candidato a prefeito de São Paulo, as pessoas precisam conhecer qual é essa trajetória. A gente aprende muito com as pessoas. Não apreende muito apenas, só nos corredores de Congresso Nacional, de Câmara Municipal, sem desprezar a opção de ninguém. E essa experiência, eu junto ela com a experiência da Luiza Erundina, que foi prefeita dessa cidade, prefeita de São Paulo. Porque às vezes você fala também: 'Eu fui prefeito, reeleito com tantos por cento'. É importante reiterar, você foi prefeito de São Vicente, com todo respeito a São Vicente. Você fala que foi governador. Você foi governador tampão por alguns meses quando o Alckmin deixou o governo. Mas também tenho respeito pela sua trajetória, e não se trata aqui de colocar qual é a melhor ou pior, se trata simplesmente de dizer que ninguém governa sozinho. Eu vou governar com a minha experiência construída junto com as pessoas, aliando a experiência da Erundina, que geriu essa cidade, e aliando a experiência e o conhecimento de centenas de pessoas, especialistas, que estão junto com a gente, que estão construindo o programa de governo com a gente, que conhecem muito bem a cidade de São Paulo.

Thaís Oyama (UOL) - Vamos voltar agora a nossa rodada de perguntas. Ah, o senhor quer falar. Com a palavra, então, o candidato Márcio França.

Márcio França (PSB) - Olha, quando... Mais uma vez, passa uma sensação de uma certa soberba. 'Você foi prefeito de São Vicente', tal. São Vicente tem 400 mil habitantes, 380. Você foi prefeito de onde? Você foi em algum lugar, você trabalhou em algum cargo desses públicos? Tem uma noção mínima de orçamento? Como é que faz o empenho? Às vezes eu ouço você falar, dá uma sensação assim que tudo é possível, mas você vai ver que, na prática, no tempo, quando chegar o seu tempo, você vai ver que nem sempre é possível assim. Agora, lembro sempre, a Erundina foi minha companheira, votou em mim vários anos seguidos para líder, para presidente do partido, enfim, mas a Luiza deixou a Prefeitura na mão do Paulo Maluf. Ela perdeu a eleição pro Paulo Maluf. Então, por algum motivo, não conseguiu ser tão boa assim que agradasse a todo mundo, né?

Thaís Oyama (UOL) - Com a palavra agora, o candidato Celso Russomanno.

Celso Russomanno (Republicanos) - Volto a repetir. Boulos, responda pra mim: a empresa é fantasma? As duas empresas são fantasmas? Porque a reportagem mostra que as pessoas não conhecem as empresas onde você destinou o dinheiro da sua campanha. Dinheiro público. Para seu conhecimento, isso afronta e é crime, e caracteriza crime, não vou dizer que é crime, caracteriza crime contra o artigo 350 do Código Eleitoral, que dá pena de até cinco anos, e a lei do colarinho branco, que é a lei 7.429, artigo 11, que dá também de um a cinco anos. Eu quero saber: são falsas ou são verdadeiras as empresas?

Luciana Coelho (Folha) - Candidato Guilherme Boulos, com a palavra, por favor.

Guilherme Boulos (PSOL) - Vamos lá. Celso, eu desconheço essa reportagem que você está dizendo, é do seu site? É do seu programa? Você precisa dizer de onde você tira as coisas. Você, aliás, colocou nas redes sociais e veio fazer pegadinha em debate? Celso, pelo amor de Deus, parece que você está desesperado porque está caindo pesquisas e começa a querer tratar o debate desse jeito. Agora, Márcio, queria, assim, não tenho nenhum desprezo por São Vicente, pelo contrário, já fui à praia em São Vicente, tenho amigos em São Vicente, não se trata disso. Eu simplesmente quis pontuar porque assim, tem distritos de São Paulo, subprefeituras de São Paulo que são mais populosas que São Vicente, Sapopemba, Grajaú, algumas delas, mas não é nenhum tipo de desprezo, não se sinta dessa forma, não sinta da minha parte como qualquer tipo de soberba, tenho respeito por você.

Thaís Oyama (UOL) - O candidato Celso Russomanno quer a palavra?

Celso Russomanno (Republicanos) - Mais uma vez ele não responde à pergunta e insiste dizendo que não se sabe do que se trata. Se não sabe do que se trata na campanha dele, nos gastos dele, como é que ele vai gerir a cidade de São Paulo?

Thaís Oyama (UOL) - Candidato Márcio França, por favor.

Márcio França (PSB) - Boulos, eu tive 3,5 milhões de votos, 3,4 milhões votos aqui em São Paulo, mais de 1 milhão no primeiro turno. Se fosse pelo tamanho, né? Os votos que você teve na eleição presidencial aqui em São Paulo acho que foram 60 mil. Cabem num pedacinho lá de São Vicente esses votos todos aí seus.

Thaís Oyama (UOL) - Agora sim vamos voltar a nossa rodada de perguntas entre os candidatos. Pelas regras, o candidato Márcio França, a vez é do senhor, e porque o candidato Boulos e o candidato Covas já foram perguntados, o senhor vai ter que dirigir sua pergunta ao candidato Celso Russomanno, por favor.

Márcio França (PSB) - Celso, você é um especialista em Código do Consumidor, eleitor de outra cidade que votou em você para deputado e você prometeu quatro anos de mandato, se você se elege, você renuncia e entrega dois, dá para ir no Código do Consumidor?

Thaís Oyama (UOL) - Candidato Celso Russomanno, o senhor tem a palavra.

Celso Russomanno (Republicanos) - Não dá para ir no Código de Defesa do Consumidor, mas eu te garanto, Márcio, que o meu suplente, você sabe como funciona, ele é muito competente, vice-prefeito de uma cidade do interior de São Paulo, e vai saber tocar o mandato. Por sinal, ele gosta muito de Direito do Consumidor e vai atuar nessa área também.

Thaís Oyama (UOL) - Um instantinho. Então o candidato Márcio França agora com a palavra.

Márcio França (PSB) - Lembrar que fui eleito várias vezes, sempre cumpri os meus mandatos de ponta a ponta, aqui tem dois candidatos, tanto o Celso quanto o Boulos, porque a Luiza Erundina, uma vez eleita vice-prefeita, renunciar ao mandato. Portanto, não cumprem a palavra que deu aos seus eleitores de cumprir o mandato integralmente.

Thaís Oyama (UOL) - Candidato Celso Russomanno.

Celso Russomanno (Republicanos) - Ao longo de todos esses anos, desde 2012, eu tenho dito constantemente que quero ser prefeito de São Paulo para cuidar das pessoas como pessoas, então eu nunca falseei com a verdade, e nunca prometi o que eu cumpri, eu sempre cumpri.

Luciana Coelho (Folha) - Não havendo mais comentários, eu passo a vez de perguntar para o candidato Celso Russomanno, que obrigatoriamente faz a pergunta para o candidato Márcio França.

Celso Russomanno (Republicanos) - Márcio, meu programa de governo tem Auxílio Paulistano, Vale-Creche, mais moradias populares, o Leve Leite, que foi retirado pelo Bruno, das crianças, você tem mais alguma ideia para a gente derrotar o Bruno junto com o Dória?

Márcio França (PSB) - Olha, se as pessoas tiverem um pensamento de mudança, 65% das pessoas em São Paulo querem que haja uma mudança, se quiserem de fato uma mudança, eles sabem que quem tem condição de ganhar do 45 é o 40, já foi assim há um ano e pouco atrás, pode ser de novo. Eu respeito, claro, todas as candidaturas, mas as pesquisas indicam essa proximidade, a tendência é essa, e a gente vai estar no segundo turno para derrotá-los. Para fazer um projeto importante, eu vou acrescentar aí no seu a questão de a gente zerar as filas de creche, zerar, porque é impossível a gente ter uma fila de creche em São Paulo, eu sei que foi feito bastante coisa, mas pode ser feito muito mais. É impossível você completar um ano de mandato, se eu me eleger, ao final de 2021, nenhuma criança estará fora de creche em São Paulo, é meta obrigatória de qualquer governo que eu faça.

Thaís Oyama (UOL) - Candidato Celso Russomanno.

Celso Russomanno (Republicanos) - Só para complementar, o Vale-Creche, que vai pagar o valor da creche de fato, não os R$ 200 que estão sendo pagos agora, que não resolvem o problema, e as mães estão com as crianças fora da creche, como há a gente está vendo aí, nós vamos fazer da maneira correta imediatamente a partir do primeiro dia do governo.

Luciana Coelho (Folha) - O candidato Bruno Covas solicitou a palavra.

Bruno Covas (PSDB) - Deputado Celso Russomanno, o senhor infelizmente não conhece muito o que acontece na cidade de São Paulo. Nós já temos as duas ações. A Prefeitura já tem autorização para poder ela mesma credenciar as creches privadas, comprar a vaga na creche privada e poder cadastrar a criança. Então, a gente não distribui dinheiro para a pessoa escolher qualquer creche, a gente verifica se a creche está dentro dos padrões estabelecidos pela prefeitura, credencia aquela creche, e oferece como opção, caso você não tenha uma creche pública perto. E mesmo assim, além dessa compra de vaga em creche privada, nós temos também o cartão para as mães que continuam a aguardar na fila, hoje, nos últimos dados, são 6.600 crianças aguardando a vaga, elas recebem um cartão de R$ 200 por mês para poder esperar a vaga na creche. Então isso já acontece na cidade de São Paulo. O que nós fizemos aqui em relação a primeira infância foi algo muito relevante, 85 mil vagas criadas durante essa gestão. Eu não estou nem contabilizando nessas 85 mil [vagas] as crianças que recebem o Vale-Creche, porque a vaga ainda não foi efetivada. São 85 mil vagas em creches na cidade de São Paulo, nós tínhamos mais de 60 mil crianças aguardando vaga em creche quando nós assumimos a gestão, e começamos a distribuir o leite não para as crianças de 13, 14 anos de idade, mas para as crianças em alta vulnerabilidade, de zero a cinco anos, mesmo aquelas que estão aguardando a vaga em creche. Porque o que o PT fazia era penalizar duplamente, a criança ficava esperando a vaga em creche e não tinha acesso ao leite. E a gente mudou essa lógica perversa que vinha do governo do PT. Investimento na primeira infância é investimento prioritário, a cidade de São Paulo passou a ter durante a nossa gestão uma lei específica que trata de uma política municipal para a primeira infância, para poder regulamentar, hoje nós temos equipes que fazem visitação casa a casa, nos dez distritos de menor IDH da cidade de São Paulo, para poder verificar a criança, para poder acompanhar, verificar se os pais cadastraram em todos os benefícios que a criança tem direito, é um trabalho sério, dedicado, da Secretaria da Educação, da Secretaria de Saúde, referência para todos os locais do Brasil.

Thaís Oyama (UOL) - Candidato Celso Russomanno com a palavra.

Celso Russomanno (Republicanos) - Quem prometeu acabar com a fila e zerar a fila da creche foi você e o Dória, não fui eu. Tinha que ter cumprido a palavra. Agora, se é verdade tudo o que está sendo falado, por que tem fila ainda?

Terceiro bloco

Luciana Coelho (Folha) - Bom, se não há novos comentários, a gente chega ao fim desse segundo bloco. Vamos dar uma olhada em como cada candidato administrou o seu tempo. Candidato Márcio França vai ter 5 minutos e 51 segundos para usar no último bloco. O candidato Celso Russomanno terá cinco minutos e 51 segundos. Candidato Bruno Covas, o senhor tem 4 minutos e 17 segundos, e o candidato Guilherme Boulos, 1 minuto e 29 segundos. Nesse terceiro e último bloco do debate, líderes sociais farão perguntas aos candidatos. Eles foram escolhidos pelos organizadores dentro de temas pré definidos e passados com antecedência para as campanhas. A ordem das respostas também foi definida por sorteio, e após a resposta de um candidato, os demais, como das outras vezes, podem comentar. Vamos à primeira pergunta, que vai ser respondida pelo candidato Márcio França, e quem vai fazer, no VT, é Isaltino Pereira. Ele é líder comunitário na Vila Itaim, no extremo-sul da Zona Leste, e vai falar sobre impostos.

Isaltino Pereira - Pago R$ 5,5 mil de IPTU, na região de alagamento, e desejo saber dos candidatos o que será feito com relação aos IPTUs?

Luciana Coelho (Folha) - Vocês podem repetir a pergunta, por favor? Vamos repetir a pergunta, candidatos.

Isaltino Pereira - Pago R$ 5,5 mil de IPTU, na região de alagamento, e desejo saber dos candidatos o que será feito com relação aos IPTUs?

Luciana Coelho (Folha) - Por favor, candidato Márcio França, e os demais podem comentar depois se assim quiserem.

Márcio França (PSB) - Nós temos o compromisso de não alterar e não aumentar o IPTU na prefeitura. De fato, houve um aumento muito grande em vários imóveis, pessoas receberam carnês extras, muita gente recebeu carnê. Recebo todo dia gente que recebeu carnê a mais, pessoas desesperadas. Faltou sensibilidade em uma hora dessa, em especial comerciantes e empresários, que a prefeitura e o governo de São Paulo mandaram fechar os seus comércios e mandaram os carnês para todo mundo. As pessoas ficaram ali, acuadas. Vamos rever essa situação, criar uma carência de um ano para que as pessoas possam ter realmente um fôlego. E com relação à enchente, de maneira especial, nós temos que colocar o asfalto permeável, que vai acabar com a enchente na sua casa.

Luciana Coelho (Folha) - Não havendo comentários, senhor candidato. Por favor, candidato Celso Russomanno.

Celso Russomanno (Republicanos) - Esse negócio da enchente é complicado. A minha produtora foi vítima de enchente. Márcio, você não faz ideia do que é perder tudo. Eu senti na pele e sinto o que as pessoas sentem no dia a dia. Nós vamos fazer dessa cidade uma cidade com educação ambiental, porque aí a gente vai começar a resolver o problema. Agora, vamos resolver de fato. Não só com as calçadas permeáveis e quintais permeáveis, mas nós vamos fazer também com os piscinões, que não foram construídos e que nós construiremos.

Luciana Coelho (Folha) - Candidato Bruno Covas gostaria de ter a palavra.

Bruno Covas (PSDB) - Durante a nossa gestão, são 15 novos piscinões. Parte deles já ficou pronta, parte fica pronta até dezembro deste ano, o que aumenta em 30% a capacidade de reserva aqui na cidade de São Paulo. São 1.200 pontos de alagamento a menos na cidade de São Paulo por conta das ações. E todo mundo que tiver qualquer perda em relação a qualquer enchente ou alagamento pode pedir a sua isenção de IPTU. Isso já acontece na cidade de São Paulo, e é um procedimento padrão dentro da Secretaria da Fazenda.

Luciana Coelho (Folha) - Candidato Celso Russomanno com a palavra.

Celso Russomanno (Republicanos) - Já fui vítima duas vezes de enchente, me inscrevi e não deram a isenção. Não deram a isenção. Então, não é verdade o que está falando. A lei existe, mas a isenção não foi dada.

Luciana Coelho (Folha) - Agora Daniela Cerri Seibel, presidente da AME Jardins, fala sobre a infestação de pernilongos na região dela.

Daniela Cerri Seibel - Olá, candidatos. Gostaria de saber como vocês irão conduzir a questão da infestação de pernilongos que assola a cidade de São Paulo e já virou um problema de saúde pública.

Luciana Coelho (Folha) - A pergunta vai ser respondida pelo candidato Celso Russomanno.

Celso Russomanno (Republicanos) - Pois é, mais uma vez, nós vemos um problema sério com o Rio Tietê, com o Rio Pinheiros. O Governo Federal tem recursos para resolver esses problemas, dos seus afluentes, mas nada foi feito. Eu vou buscar recursos para isso, nós vamos resolver o problema. Agora, além disso, é claro que a gente tem que fazer a dedetização da cidade, o que não está sendo feito, e que em pequenas cidades do interior, de 3.000 ou 4.000 habitantes, é feito pelo prefeito. Então o prefeito aqui errou e deixou de fazer o que tinha que ser feito.

Luciana Coelho (Folha) - Candidato Márcio França pede a palavra.

Márcio França (PSB) - Quando o Dória foi candidato, me recordo, na campanha junto com o Bruno, eles prometeram trazer as maiores franquias do mundo para São Paulo, as maiores empresas de franquia. E essa realmente é uma franquia que chegou, a dos pernilongos, na Zona Oeste em especial, e aquela do 'vende-se' e 'aluga-se', onde você anda em São Paulo tem placa de vende-se e aluga-se, uma franquia que chegou para valer em São Paulo.

Luciana Coelho (Folha) - Candidato Bruno Covas, por favor.

É importante lembrar que a crise econômica e social não é da cidade de São Paulo. Ela é reflexo da pandemia do coronavírus. O mundo e o Brasil enfrentam esta crise econômica.
Bruno Covas (PSDB)

Bruno Covas (PSDB) - É importante lembrar, para candidato que talvez não saiba, a gestão do Rio Pinheiros e do Rio Tietê, ela é estadual. A Prefeitura inclusive autuou o governo do Estado por conta da falta de limpeza nas margens do Rio Pinheiros. E nós estamos fazendo a dedetização em diversos pontos da Cidade de São Paulo, em especial nos córregos e nos bueiros, responsabilidade do município.

Thaís Oyama (UOL) - Candidato Celso Russomanno.

Celso Russomanno (Republicanos) - Não tem um córrego, não tem um rio que está sendo limpo nesse momento, e as enchentes vão chegar. Lembrem do que eu estou falando agora: nenhum mutirão foi feito para limpeza dos córregos e dos rios da cidade.

Thaís Oyama (UOL) - Por favor, candidato Bruno Covas.

Bruno Covas (PSDB) - Candidato Celso Russomanno de novo não sabe do que está falando. Nós retomamos o programa Córrego Limpo, que tinha sido abandonado pela gestão do PT. A Prefeitura, em parceria com a Sabesp, faz não apenas a ligação dos esgotos, mas também a limpeza para poder recuperar a água desse rio, que alimenta os rios Pinheiros e Tietê, para poder facilitar no trabalho de limpeza do Rio Pinheiros e Tietê. Então é um trabalho permanente na cidade de São Paulo e que vem aumentando a resiliência, a capacidade de resposta do município às grandes chuvas aqui na cidade.

Thaís Oyama (UOL) - Candidato Celso Russomanno quer responder.

Celso Russomanno (Republicanos) - Que cidade linda que você está mostrando. Eu te convido, a hora que você quiser, o dia que você quiser, marque a hora...

Eu estou à sua disposição [Bruno Covas] para a gente andar nas periferias e olhar os córregos e os rios. Se os córregos e rios que eu te mostrar estiverem limpos, eu abdico da minha candidatura agora. Mas eu quero ver você na ponta comigo na rua.
Celso Russomanno (Republicanos)

Luciana Coelho (Folha) - Bom, e não havendo novas intervenções, a gente segue para a terceira pergunta, que será feita pela Juliana Avancini, advogada popular que atua no centro de São Paulo, e vai falar sobre moradia.

Juliana Avancini - Gostaria de saber dos candidatos qual é a proposta de um tratamento adequado e humanizado às famílias que sofrem remoções e despejos, apontando para uma solução do deficit habitacional e a situação dos imóveis subutilizados e abandonados na cidade de São Paulo.

Luciana Coelho (Folha) - Quem vai responder à pergunta da Juliana Avancini é o candidato Bruno Covas, e os outros podem comentar na sequência. Por favor.

Bruno Covas (PSDB) - Nesses quatro anos, nós estamos viabilizando 25 mil unidades habitacionais, e queremos chegar a mais 50 mil unidades habitacionais nos próximos quatro anos. Com recursos da Prefeitura e recursos privados da primeira PPP Habitação do país, a cidade de São Paulo é a primeira cidade do país a assinar este tipo de parceria com o setor privado para poder construir unidade habitacional pra fila da Cohab. É um trabalho que é importante, que a pandemia mostrou a diferença e a desigualdade na cidade de São Paulo no setor habitacional. Nós tiramos o IPTU e o ITBI para a construção de habitação de interesse social para a faixa um, para a população mais carente da cidade de São Paulo, o que ajudou a viabilizar mais unidades habitacionais, e a gente tem o primeiro prédio de locação social para moradores em situação de rua na região central da cidade.

Thaís Oyama (UOL) - Candidato Celso Russomanno.

Celso Russomanno (Republicanos) - Bruno, a Cohab não construiu uma casa na sua gestão, e na gestão do Dória. Então é a gestão Bruno/Dória. A Cohab não construiu uma casa. Existem outras parcerias, sim, mas a Cohab não construiu uma casa. Já tem quatro anos, quer mais quatro para começar a construir?

Thaís Oyama (UOL) - Candidato Márcio França quer comentar.

Márcio França (PSB) - Nós defendemos a construção de lotes urbanizados, é mais barato, mais rápido, dá para fazer muitos; com apenas o valor de uma casa, você constrói dez, 12 lotes urbanizados e entrega para a pessoa aquele cartão para que ela adquira o seu material de construção no próprio bairro, para incrementar o comércio local, e a pessoa constrói seu próprio imóvel, como já foi feito muitas vezes, inclusive na antiga gestão do Mário Covas se fazia muito disso, a Erundina fez isso, enfim, gestão coletiva da construção, as pessoas precisam disso, é super importante. E no centro de São Paulo, apartamentos menores que a própria iniciativa privada fará, e a Prefeitura comprará. Ano que vem tem R$ 900 milhões, e é importante de ser bem usado.

Luciana Coelho (Folha) - Candidato Guilherme Boulos gostaria de intervir.

Guilherme Boulos (PSOL) - Todo mundo que anda em São Paulo vê, a população em situação de rua aumentou dramaticamente, 60%, são 25 mil pessoas morando nas ruas, não existe uma política habitacional eficiente nesse governo, teve um programa que não saiu do papel. Nós vamos retomar os mutirões que foram feitos pela Erundina. A Erundina, com menos orçamento, foi a prefeita que construiu mais casas, o mutirão é mais rápido, mais barato e a casa sai com maior qualidade.

Thaís Oyama (UOL) - Não havendo mais questões, Marcelo Dias, professor e morador do Ipiranga, Zona Sul de São Paulo, faz a última pergunta; ele fala sobre problemas no transporte público.

Marcelo Dias - Gostaria de perguntar para os candidatos por que não existe a participação popular para definir as rotas do transporte público nas periferias?

Thaís Oyama (UOL) - Quem responde é o candidato Guilherme Boulos.

Guilherme Boulos (PSOL) - Eu faço a mesma pergunta para o Bruno Covas, deveria existir. Conselho participativo de transportes. Foram cortadas muitas linhas nessa gestão, a comunidade inclusive reclamou, eu participei, ajudei em movimentos para a retomada de linhas que foram cortadas no Capão Redondo, por exemplo, não é possível. No nosso governo nós não vamos fazer corte de linha, vamos dialogar com a população para qualquer ajuste que tenha que ser feita com rota, seja da demanda de quem vive o problema e não de um burocrata numa secretaria com ar-condicionado.

Thaís Oyama (UOL) - Candidato Celso Russomanno.

Celso Russomanno (Republicanos) - Eu vou governar dentro das subprefeituras e andando nas ruas, e vou ouvir as pessoas, essa é uma das maiores reclamações que a gente tem em relação ao transporte, por onde deve passar e quem deve fazer o circuito é aqueles que mais precisam.

Thaís Oyama (UOL) - Bom, chegamos então...

Luciana Coelho (Folha) - Acho que o candidato Bruno Covas gostaria de falar.

Bruno Covas (PSDB) - Com os novos contratos de concessão de serviço de ônibus que nós assinamos nessa gestão, nós teremos a reorganização das linhas na cidade de São Paulo. É exatamente esse o momento importante para próxima gestão, para poder reduzir o tempo que as pessoas levam para ir de casa até o trabalho. Cada reorganização de linha partirá de uma discussão em todos os bairros, em todos os cantos da cidade de São Paulo, inclusive, porque, com novos contratos, nós teremos mais 400 km de ruas e avenidas que voltarão a passar ônibus na cidade. Ruas e avenidas que hoje não têm ônibus, e que terão por conta desses novos contratos assinados nessa gestão.

Quarto bloco

Thaís Oyama (UOL) - Chegamos então ao final do terceiro bloco e vamos ver como que cada candidato administrou o seu banco de minutos. O candidato Celso Russomanno tem disponíveis 3 minutos e 19 segundos. O candidato Márcio França está com 4 minutos e 1 segundo. O candidato Bruno Covas tem 35 segundos. E o candidato Guilherme Boulos tem 38 segundos. A partir de agora, os candidatos que têm saldo podem usá-los para fazer novas perguntas ou complementar respostas. E lembrando que os outros candidatos que quiserem comentar, fiquem à vontade, é só pedir a palavra. Sim, candidato, vocês têm, cada um vai ter um minuto para as considerações finais. E agora, começamos com o candidato Márcio França. Se quiser usar o seu tempo disponível.

Márcio França (PSB) - Não é pergunta.

Thaís Oyama (UOL) - O senhor pode complementar uma resposta, pode fazer perguntas para os outros. O senhor administra o seu tempo.

Márcio França (PSB) - Mais uma vez, quero pedir a vocês todos que avaliem. Esse exemplo aqui é um bom exemplo da experiência de como você consegue administrar o tempo, na verdade, é como você administra a sua casa, com uma certa experiência, você aprende que tem coisas que você tem que fazer a seu tempo. Uma das coisas importantes em São Paulo é que eu estou muito preocupado com o tempo do ano que vem. Janeiro vai chegar. Não tenho R$ 600. Dois milhões e meio de pessoas estão vivendo com R$ 600, que passou a ser R$ 300, que vai ser zero. Essas pessoas estão e vão ficar desesperadas. Tem uma montanha de gente, mais de 1 milhão de pessoas com o contrato de trabalho suspenso. Pessoas que não têm mais empregos. O emprego não existe. Buffet, quantas pessoas de buffet? Transportador escolar, quantas pessoas? Pequenas escolas, escolas particulares, taxistas, motoristas de aplicativo, todo mundo sofrendo. Sem contar as 30 mil pessoas esparramadas aqui por São Paulo que nós vamos dar um prazo de 60 dias para realocar cada uma dessas pessoas que hoje estão vivendo em barraquinhas. Minha alma não aceita. Não consigo passar por esses lugares e achar que aquilo é normal, que tem que ampliar, que tem que deixar.

Se eu for prefeito, em 60 dias, essas pessoas estarão com uma chave e um lugar para ficar. Eu tenho certeza que todas elas preferirão assim. Tem hotéis, pequenos hotéis, pousadas, pensões que as pessoas podem ser deslocadas. As centrais sindicais ofereceram as colônias. Não é justo deixar as pessoas daquele jeito.
Márcio França (PSB)

Márcio França (PSB) - Crianças, várias crianças. A emergência, no ano que vem, é emprego, é trabalho, é renda, é garantir uma grande frente de trabalho com todas as pessoas. Você, que está precisando de um trabalho, R$ 600 por mês, vai trabalhar cinco horas por dia, vai fazer uma qualificação, só três dias por semana, pode escolher, final de semana. A gente quer ampliar, por exemplo, o horário das creches, para ficar em creches um pouco mais tempo, das cinco até às sete para que as mães possam trabalhar com calma, mas para isso as frentes de trabalho vão ajudar muito. Varrição, limpeza, hospitais, no que puder ajudar. E nós vamos remunerar as pessoas com vale-transporte, uniforme e treinamento, e tentando recolocá-las em outro emprego. São Paulo tem que ajudar os seus comerciantes. Muitos fecharam suas portas. Milhares, dezenas de milhares perderam estoques. Nós queremos que essas pessoas tenham ajuda do governo, financiamento, para o governo poder financiá-las. Nós queremos que o governo possa, o município possa, permitir que as pessoas que tenham sonhos, que empreendam. Queremos garantir R$ 3 mil para 150 mil pessoas, que eles possam ter o seu empreendimento, R$ 3 mil para que eles possam devolver depois de 12 meses, em 30 prestações de R$ 100, o governo vai equalizar isso. Tudo isso custa R$ 2,5 bilhões. Fora abrir todas as escolas e unidades de saúde aos finais de semana e feriado, para compensarmos esse ano parado. Tudo isso nós vamos fazer, e eu disse de onde nós vamos sair com esse dinheiro. Não nomeando os cargos de comissão; 99% dos cargos em comissão hoje nomeados, nós não nomearemos.

Thaís Oyama (UOL) - O candidato Márcio França foi o primeiro a falar porque foi ele que acumulou mais minutos no banco de minutos. O segundo candidato a falar, por esse critério, vai ser o candidato Celso Russomanno. Em seguida, o senhor pode usar o seu tempo quanto quiser, o senhor pode inclusive fazer perguntas para outros candidatos, mas eles têm o tempo determinado e terão de usá-lo. Podem inclusive não responder.

Celso Russomanno (Republicanos) - Minha pergunta vai para o Bruno. É verdade, de acordo com as informações que eu tenho, que, passadas as eleições, você e o Dória vão fazer o que fizeram anteriormente, vão fechar o comércio de novo se acontecer uma segunda onda do covid-19? É isso mesmo que vai acontecer? Vão fechar tudo? Vão fazer um lockdown?

Thaís Oyama (UOL) - Se o candidato Guilherme Boulos não quiser responder, não quiser gastar o tempo dele.

Luciana Coelho (Folha) - Bruno Covas.

Thaís Oyama (UOL) - Se o candidato Bruno Covas não quiser responder, ele pode se negar. A ideia... A ideia é que todo candidato zere seu banco. Então eu vou repetir agora, quem está com mais minutos nesse banco de dados é o candidato Celso Russomanno, o senhor ainda tem dois minutos e 56 segundos. Em seguida vem o candidato Márcio França, que ainda tem 59 segundos. Depois, o candidato Guilherme Boulos, com 38 segundos, e o candidato Bruno Covas, com 35 segundos. Candidato Celso Russomanno.

Celso Russomanno (Republicanos) - Pois é, Bruno, você aumentou IPTU, restringiu o Leve Leite, deixou as crianças na mão, filas nas creches. O Sistema Único de Saúde não funciona. São 460 mil pessoas esperando consultas especializadas. A fila para cirurgias eletivas é a pior que essa cidade já viu. E aí você pede mais quatro anos para a população? Já que vocês tiveram quatro para resolver o problema? E prometeram, inclusive, na campanha, tanto você como o Dória prometeram que iam acabar com as filas das consultas especializadas, dos exames, das cirurgias eletivas. E nada disso aconteceu. E o que é pior: aumentou o IPTU dos mais pobres. É assim que a gente vai fazer? Continuar fazendo no seu governo?

Luciana Coelho (Folha) - Aproveito para lembrar que os candidatos podem dispor desse tempo restante da forma como bem entenderem, inclusive deixá-lo sobrar, e que todos terão direito a um minuto de considerações finais, independentemente do banco de tempo. O candidato Celso Russomanno vai dar continuidade? Ou passamos adiante?

Celso Russomanno (Republicanos) - O candidato Bruno não responde minhas perguntas, eu quero falar um pouquinho de zeladoria. Eu vou me cercar de bons administradores e técnicos e não terei nenhuma dificuldade, nenhuma, de recrutá-los. Inclusive aqueles que foram meus opositores durante essa eleição. Quero estar cercado dos melhores para que a gente possa fazer, de fato, com que essa cidade volte a ser pujante do jeito que sempre foi. Gerando emprego, gerando oportunidade, principalmente para os mais jovens. Com a escola do Primeiro Emprego. É muito importante que a gente tenha a escola do Primeiro Emprego, e que a gente tenha as mães bem cuidadas. Mulheres terão o Hospital das Mulheres, e a ronda Maria da Penha espalhada pela periferia para que a gente possa evitar que as mulheres sejam vítimas de violência doméstica. Nós vamos trabalhar também com os idosos, dando oportunidade para os idosos, cursos para os idosos, para que eles tenham uma renda além da aposentadoria. Posso guardar o tempo para o resto, né?

Thaís Oyama (UOL) - O senhor pode guardar, o senhor pode desperdiçar ou o senhor pode usá-lo para fazer pergunta para outros candidatos também. O senhor prossegue ou o senhor interrompe?

Celso Russomanno (Republicanos - Eu vou guardar.

Luciana Coelho (Folha) - Nesse caso, passamos ao candidato Guilherme Boulos, que ainda dispõe de 38 segundos antes das considerações finais.

Guilherme Boulos (PSOL) - Olha, Luciana, eu acho que tem muita coisa em jogo nesse próximo domingo. O que está em jogo é se a gente quer uma cidade com menos desigualdade, uma cidade para as pessoas e não para os negócios, uma cidade que não seja puxadinho nem do Palácio do Planalto, nem do PSDB, do Palácio dos Bandeirantes. É isso que a nossa candidatura representa, e por isso ela está mobilizando tanta esperança nessa cidade.

Thaís Oyama (UOL) - Algum candidato quer usar, fazer uso do seu tempo do banco de minutos? Senão passam pro próximo bloco.

Luciana Coelho (Folha) - Candidato Bruno Covas? Sim, candidato Bruno Covas ainda não passou por essa rodada e ainda tem 35 segundos a seu dispor.

Bruno Covas (PSDB) - Queria agradecer a você pelo sacrifício que fizemos juntos nesse ano para poder enfrentar a pandemia do coronavírus.

Não foi um ano fácil, não foi um ano tranquilo, onde muitas perdas aqui na cidade de São Paulo e no mundo, mas a cidade de São Paulo estabeleceu como prioridade a vida. Ao invés de ficar fazendo discussão político-partidária em cima do vírus, nós privilegiamos a proteção a vida.
Bruno Covas (PSDB)

Bruno Covas (PSDB) - Por isso, é importante [ter] os hospitais de campanha, a utilização de máscara, a quarentena. Meu muito obrigado.

Thaís Oyama (UOL) - Candidato Celso Russomanno pede para prosseguir.

Celso Russomanno (Republicanos) - Pois é. Bruno, você tem vários efes na sua campanha. Campanha de força, foco e fé. Fé é o que a gente precisa a partir de agora, porque foi-se a renda, foi-se o emprego, foi-se a empresa. E a gente vai precisar de muita fé e de muito trabalho, que eu vou fazer, para resolver os problemas que você deixou por conta da má administração durante o período da pandemia. Quero aproveitar esse momento para dizer que nós vamos trabalhar, sim, pelo vale creche, auxílio paulistano, auxílio a saúde, professores estimulados e requalificados, mais corredores de ônibus, moradias populares, mais hospitais, tanto para a saúde das pessoas como para os seus bichinhos de estimação. Mais acolhimento para os idosos, mais proteção às vítimas de violência doméstica, e menos impostos e mais trabalho.

Thaís Oyama (UOL) - Agora, zeraram o seu banco de minutos, o candidato Celso Russomanno, o candidato Bruno Covas; e o candidato Márcio França ainda tem 59 segundos. O candidato Guilherme Boulos tem 12 segundos. Candidato Márcio França, o senhor vai querer usar seu tempo?

Márcio França (PSB) - Vou, se é de graça. Nós temos uma tarefa muito importante no ano que vem, São Paulo sempre conduziu o Brasil, foi de São Paulo que saíram as principais ideias do Brasil. O povo de São Paulo tem na origem essa força. O estudo, a ciência, a tecnologia, mas acima de tudo essa vontade de empreender. Mas São Paulo está triste, a cidade está para baixo, as pessoas estão com medo.

Nós não temos que acertar o nosso ponteiro com o Brasil, o Brasil tem que acertar o nosso ponteiro com São Paulo, é isso. Nós respeitamos todo mundo, mas é São Paulo quem conduz o Brasil. Se você for forte, se você der oportunidade, eu coloco a cidade de pé para voltar a conduzir o Brasil.
Márcio França (PSB)

Luciana Coelho (Folha) - Candidato Guilherme Boulos gostaria de usar seus 12 segundos finais?

Guilherme Boulos (PSOL) - Justamente isso, 12 segundos é mais ou menos o tempo que eu tenho todo dia na televisão. Você acha que dá para apresentar proposta? Mesmo assim, com essa desigualdade, nós estamos em segundo lugar e vamos para o segundo turno. Obrigado para todos que estão com a gente.

Thaís Oyama (UOL) - Candidato Márcio França ainda tem no banco de minutos 19 segundos, o senhor vai querer fazer uso dele, candidato?

Márcio França (PSB) - Claro. Olha, a verdadeira pesquisa você deixa para domingo, para mostrar quem é que está em primeiro e quem está em segundo. Você vota 40 e você vai ver o segundo turno os debates frente a frente, como nós fizemos com o Dória da outra vez. Ainda tem mais oito, né? Então, muito obrigado a todos vocês, parabéns aos nossos amigos candidatos. Quero lembrar do Mamãe Falei, o Tatto, a Marina, a Joice, todos que não puderam estar aqui.

Luciana Coelho (Folha) - Seu tempo acabou agora, candidato, mas todos terão direito a um minuto extra para suas considerações finais. E pela ordem preestabelecida por sorteio, começamos agora com o candidato Celso Russomanno.

Celso Russomanno (Republicanos) - Bom, eu gostaria de falar com você que me acompanha há 30 anos nas ruas defendendo o consumidor; nas causas individuais, nas causas coletivas e nas causas difusas. O que a cidade precisa é de creche, é de auxílio paulistano, é do sonho da casa própria, é de professores requalificados, motivados, com melhores salários, com projeto pedagógico, de hospitais, do leite das crianças, do cuidado com as vítimas de violência doméstica. Agora, quero chamar atenção de vocês para o seguinte. Vou sair daqui agora e vou nas duas empresas que o Boulos disse que são verdadeiras, vou gravar e mostrar para vocês que ele gasta o dinheiro público com empresas que não existem, são empresas fantasmas. Obrigado pelo seu carinho, pelo seu apoio, peço humildemente o seu voto para que a gente possa mudar a cara de São Paulo, muito obrigado.

Luciana Coelho (Folha) - Candidato Márcio França, um minuto para as suas considerações finais.

Márcio França (PSB) - Só pedir desculpa que eu esqueci de falar: Matarazzo, também, Andrea, minha saudação. A cada um de vocês, muito obrigado pela oportunidade, obrigado pelo debate. Aos candidatos, pela coragem, disposição de fazer campanha, de fazer política em uma situação difícil, todo mundo com a pandemia. Mas eu acredito muito que a gente... a principal tarefa da política é devolver esperança. Nós podemos ter esperança. Se as pessoas acertarem, a gente devolve para as pessoas o ânimo, a animação. Para isso precisa ter pulso, precisa ter força e precisa saber como faz. Eu coloco à disposição esses quase 40 anos de vida pública, fui vinculado sempre ao mesmo partido político, cumpri todos os meus mandatos. Tenho muito orgulho da minha carreira. Sou avô, dois netos, sou casado com a professora Lúcia, que tem me ajudado tanto nessa campanha. Muito obrigado a todos vocês. Eu espero que São Paulo possa acertar e ter um segundo turno competitivo.

Thaís Oyama (UOL) - Obrigada, candidato, eu passo a palavra ao Guilherme Boulos para suas considerações finais.

Guilherme Boulos (PSOL) - Quero agradecer a todo mundo que acompanhou esse debate, cumprimentar a Folha, UOL, os candidatos que participaram aqui. Parece que o Celso Russomanno está em completo desespero, até pesquisa está cancelando. Talvez seja porque a gente está em segundo lugar, apesar de ter feito uma campanha de Davi contra Golias, só que com engajamento, sem máquina, sem estrutura, com pouquíssimo tempo de TV. A gente chegou até aqui porque a gente está mobilizando esperança. E vamos chegar no segundo turno desse jeito. E aí, gente, segundo turno é outra eleição. São dez minutos na televisão, não 17 segundos, é debate olho no olho, cara a cara. Aí a gente vira. E vai virar o jogo nessa cidade. Nós vamos aliar a nossa coragem com a experiência da Luiza Erundina para fazer de São Paulo uma capital da democracia e do combate à desigualdade. Por isso, a esperança vai vencer o ódio no próximo domingo. Aperta 50 e vem com a gente.

Luciana Coelho (Folha) - Obrigada, candidato. Passamos, assim, a palavra ao candidato Bruno Covas para as considerações finais.

Bruno Covas (PSDB) - Quero mais uma vez parabenizar a Folha, o UOL pela iniciativa, agradecer aqui aos candidatos, agradecer pela sua audiência. Eu nasci em Santos, litoral de São Paulo, vim morar aqui com 14 anos de idade porque eu queria ser político. Vim morar com meu avô, com a minha avó. Me formei em direito pela USP, em economia pela PUC, fui deputado estadual com 26 anos de idade, fui reeleito como mais votado do Estado de São Paulo, fui deputado federal, secretário de Estado do meio ambiente, vice-prefeito, secretário municipal, e há dois anos e meio tenho a honra de ser o prefeito da cidade de São Paulo. Não são poucos os desafios que teremos para o ano que vem na área da educação, na área da saúde, na área de geração de emprego e renda. Mas se tem alguém que entende de enfrentar desafios sou eu. Foram vários os desafios enfrentados durante esse período e vamos vencer esses desafios a partir do ano que vem. Domingo agora vote 45. Muito obrigado.

Thaís Oyama (UOL) - Com isso, chegamos ao fim do nosso debate. Eu queria agradecer, Luciana, foi um prazer mediar esse debate com você. Em nome do UOL e da Folha de S.Paulo, queria agradecer também a todos os candidatos, às presenças, e dizer que continuamos aqui ao vivo para repercussão desse debate, ao vivo ainda, aqui com a gente. Obrigada a todos, até a próxima.