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Russomanno insiste em fake news contra Boulos e divulga novo vídeo

Russomanno exibe vídeo em que visita endereços de empresas contratadas pela campanha de Boulos - Wanderley Preite Sobrinho/UOL
Russomanno exibe vídeo em que visita endereços de empresas contratadas pela campanha de Boulos Imagem: Wanderley Preite Sobrinho/UOL

Wanderley Preite Sobrinho

Do UOL, em São Paulo

12/11/2020 12h51Atualizada em 12/11/2020 13h21

Apesar de a Justiça Eleitoral mandar tirar do ar um vídeo em que um bolsonarista acusa sem provas a campanha de Guilherme Boulos (PSOL) à Prefeitura de São Paulo de contratar empresa fantasmas, o também candidato Celso Russomanno (Republicanos) insistiu hoje na denúncia e divulgou um novo vídeo em que ele mesmo vista os endereços sob suspeita.

O assunto apareceu no debate de ontem do UOL/Folha, quando Russomanno citou o vídeo publicado pelo blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio, que já foi preso em investigação do inquérito das fake news.

Depois da polêmica, Russomanno, que é conhecido por seu programa sobre direitos do consumidor, gravou um vídeo como na TV. Ele visitou os endereços das produtoras Kyrion Consultoria e a Filmes de Vagabundo. A primeira foi contratada pela campanha de Boulos por R$ 500 mil e a segunda por R$ 28 mil.

As duas produtoras são de uma diretora de cinema freelancer e de uma equipe que trabalha remotamente durante a pandemia de covid-19. Ambas estão registradas e foram declaradas nos gastos da campanha.

Segundo o UOL apurou, a Filmes de Vagabundo continua a prestar serviços normalmente. Em 2018, venceu um edital da SPCine para produzir um vídeo sobre bairros da cidade de São Paulo. A reportagem tentou entrar em contato com as duas produtoras, mas não teve sucesso até a última atualização. Se enviado, seu posicionamento será incluído aqui.

Russomanno visita endereços

Em caminhada na manhã de hoje na comunidade de Heliópolis, na zona sul, Russomanno voltou ao tema. Ele interrompeu a entrevista coletiva para retirar seu celular do bolso e exibir reportagem feita por ele sobre o mesmo assunto.

No vídeo - gravado ontem após o debate - o candidato visita os endereços e conversa com vizinhos, que confirmam não conhecer as empresas. Após a exibição das imagens, Russomanno voltou a acusar Boulos de "usar dinheiro público" para contratar empresas fantasmas.

Ele reforçou a denúncia embora a Justiça Eleitoral tenha mandato tirar o vídeo de Eustáquio do ar porque "não se encontra lastro nem sequer em indícios [...] permitindo-se, sem temor, ser adjetivado de sabidamente inverídico, extravasando o debate político-eleitoral", segundo escreveu em despacho o juiz eleitoral Emílio Migliano Neto.

"Eu fui nos dois lugares depois [do debate]', afirmou Russomanno. "Eu não estou brincando. [As empresas] precisam declarar onde você está para que a fiscalização fiscalize."

Segundo o candidato, ele já preparou uma representação ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) porque teria havido "crime contra a legislação eleitoral e colarinho branco".

O que diz Boulos?

"A tal produtora de cinema, que eles dizem que é uma empresa fantasma, tem filmes que foram para mostras internacionais de cinema", disse Boulos ainda na tarde de ontem. "Russomanno se aproveitou de o endereço estar desatualizado para dizer que a empresa é fantasma."

Questionado, Russomanno não quis comentar sobre a matéria original, publicada por Eustáquio. O militante bolsonarista foi preso em 26 de junho após alegação da Polícia Federal de que o blogueiro estava utilizando táticas para não ser localizado e o prendeu para amenizar o risco de fuga.

Ele é investigado na Operação Lume, inquérito que apura financiamento, apoio e organização de atos antidemocráticos que defendem o retorno da Ditadura Militar e o fechamento do Congresso e do STF (Supremo Tribunal Federal).

O blogueiro já apareceu em lives com o ex-deputado condenado no processo do "mensalão" Roberto Jefferson, quando o líder do PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) defendeu que haveria uma tentativa de golpe contra Jair Bolsonaro (sem partido). Ele também foi assessor da ministra dos Direitos Humanos, Damares Alves, durante o governo de transição.

Embora o vídeo de Eustáquio tenha sido publicado durante o debate, Russomanno afirmou hoje que soube do vídeo antes do debate.