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Maia defende TSE e critica momento de discussão sobre voto impresso

                                 O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ)                              -                                 NAJARA ARAÚJO/CÂMARA DOS DEPUTADOS
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) Imagem: NAJARA ARAÚJO/CÂMARA DOS DEPUTADOS

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

16/11/2020 19h09

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu hoje a atuação do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) no primeiro turno das eleições municipais, ocorrido ontem, e criticou o momento da discussão sobre a eventual implementação do voto impresso no país.

Na avaliação de Maia, o retorno de pedidos pelo voto impresso agora pode causar insegurança ao trabalho do TSE e não se deve ampliar um debate que possa causar tal situação. Para ele, houve quem quisesse justamente gerar um ambiente de insegurança com a retomada desse assunto em meio à votação e à apuração.

"Não podemos de forma nenhuma ampliar um debate criando nenhum tipo de insegurança no processo de apuração do TSE. Confiamos no TSE, confiamos nas urnas eletrônicas, confiamos no trabalho dos presidentes do TSE, dos últimos e do Barroso. Então, o cuidado para que a gente não traga o debate do voto impresso - que muitos defendem e já defendi - nesse momento, onde se tentou de forma clara, não o presidente da República, mas se tentou criar de forma objetiva, do meu ponto de vista, um ambiente de insegurança ao trabalho do TSE", declarou Maia, após participar de reunião da Associação Comercial de São Paulo.

"Mesmo sendo defensor do voto impresso, como sou, de forma nenhuma a gente deve misturar um problema que teve ontem, que foi rapidamente contornado, com gerar uma insegurança e uma desconfiança no nosso sistema eleitoral, que é elogiado em muitos países", acrescentou.

Hoje pela manhã, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sugeriu, sem apresentar qualquer indício ou prova, que o sistema de apurações do Brasil deixa margem para dúvidas em relação ao resultado. Ontem, aliados já haviam manifestado discurso parecido espalhando suspeitas contra a segurança das urnas eletrônicas, também sem apresentar provas.

Bolsonaro, que é defensor da volta do voto impresso, disse ser a favor de um sistema que possa demorar mais, "mas que seja garantido que o voto vai para aquela pessoa de fato". Porém, vale ressaltar que não há histórico de fraudes no sistema de urna eletrônica no Brasil.

As declarações de aliados e Bolsonaro ocorreram após instabilidades e maior lentidão da corte para divulgação dos resultados, além de uma tentativa de ataque hacker mais cedo que foi neutralizado. Também ocorreram após os candidatos apoiados por Bolsonaro terem resultado fraco nas urnas.

O presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, afirmou que o atraso na divulgação dos resultados da eleição de ontem foi provocado pela ausência de testes prévios no supercomputador adquirido para realizar a totalização dos votos pelo tribunal.

Inicialmente, no domingo, Barroso afirmou que o atraso na totalização foi provocada por uma falha em um dos oito núcleos de processadores do computador. Hoje, o ministro afirmou que de fato houve uma falha no processador, mas que isso não foi um fator relevante para o atraso na totalização.

Centralização no TSE

Esta foi a primeira eleição em que o TSE centralizou a totalização dos votos no sistema do próprio tribunal.

A totalização é a soma dos votos e compilação dos dados de todas as urnas. Em outras eleições esse processo era feito no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de cada estado e do Distrito Federal, que enviavam os dados para serem consolidados nacionalmente pelo TSE.

A centralização no TSE foi uma recomendação da Polícia Federal feita após as eleições de 2018, com o objetivo de aumentar a segurança do processo. A ideia é reduzir os pontos de vulnerabilidade do sistema, ao concentrar a totalização em apenas um ponto.

A falha no sistema levou a um atraso de cerca de duas horas e meia na divulgação final dos resultados. A apuração em todo o país só foi finalizada às 23h55, o que representa um atraso de pouco mais de duas horas e meia em relação à última eleição, em 2018.