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PSOL acena a eleitor do PT e diz que PSDB é falsa opção contra bolsonarismo

Wanderley Preite Sobrinho

Do UOL, em São Paulo

16/11/2020 17h16Atualizada em 16/11/2020 18h17

O apoio do PT é importante para o PSOL no segundo turno em São Paulo, admitiu hoje em entrevista ao UOL o presidente nacional do partido, Juliano Medeiros, para quem "prescindir desse apoio seria suicídio".

Em entrevista aos colunistas do UOL Carla Araújo e Helton Simões Gomes, o líder da legenda também falou sobre a possibilidade de ter o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no palanque, acenou para eleitores de Bruno Covas (PSDB) e Celso Russomanno (Republicanos), e disse que falta unidade à esquerda, mas que o PSOL ascende como "nova referência" nesse espectro político.

Voto petista

Medeiros disse que o PSOL tem "toda a consciência" de que sozinho é suficiente para vencer uma eleição e que, por isso, for parceiro do projeto será bem-vindo. "O PT tem muita rejeição, mas tem muitos apoiadores. Esses eleitores que votaram no PT são muito importantes, assim como quem votou no Orlando Silva, na Marina [Helou], ou quem não votou. No segundo turno há que se receber apoio."

Apesar de o apoio ser bem-vindo, Lula não deve subir ao palanque com Boulos. "Não vamos ter no palanque porque ele é grupo de risco e não está participando de eventos públicos.Ele, Ciro, Marina, Molon, todos serão muito bem-vindos. Lula é muito importante, ex-presidente, seu apoio é bem-vindo."

Questionado sobre a possibilidade de o partido oferecer um "papamóvel" para Lula, assim como fez com Luiza Erundina, Medeiros negou: "O protagonismo é de Boulos e Erundina, nenhum apoio pode obscurecer essa liderança".

Voto útil bolsonarista

Medeiros disse que há eleitores democráticos e progressistas que votaram em Brunos Covas e que nem todo eleitor de Celso Russomanno é um fascista, e que há a possibilidade de receber o voto do candidato do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

"Não acredito que quem votou no Boulos seja socialista, mas se tocaram com a missão dele", disse ele, ao lembrar que "apoio não garante vitória de ninguém, muitas eleições o candidato de maior apoio perdeu".

O partido espera atrair, inclusive, quem votou em Bruno Covas e se opõe ao bolsonarismo porque, para ele, o PSDB é uma "falsa alternativa" a Bolsonaro.

De uma coisa tenho certeza, PSDB não é alternativa ao Bolsonaro. É uma falsa opção, falsa alternativa. A alternativa para o desastre que é o Covas, a opção é o Boulos.

Chegada ao segundo turno

Medeiros considerou uma grande vitória a chegada do partido ao segundo turno em São Paulo, mas disse que a "grande vitória" será vencer a eleição.

"[Chegar ao segundo turno em São Paulo] coloca o PSOL em outro patamar. Muitos analistas falando que o PSOL passar a ser de grande relevância, passa a ser um partido importantíssimo, passa a ser uma alternativa", disse o presidente do PSOL. "Foi uma campanha curta, pouco tempo de TV. A gente está animado, mas muito consciente da responsabilidade."

"Nova referência"

Segundo o líder da legenda, o PSOL é hoje a "referência da esquerda no Brasil". "Percebemos que as bandeiras históricas da esquerda, como salário, democracia, não eram suficientes para mobilizar as pessoas. Precisamos de outros elementos como direitos humanos, natureza, projeto econômico", disse.

Não se pode ignorar meio ambiente, mulheres, negros e LGTB. Talvez sejamos o partido que tenha recebido mais [candidaturas de] ativistas. Muitos poderiam ter mais chances em outros partidos, mas escolheram o PSOL por esse ativismo.

Falta unidade à esquerda

Medeiros afirmou que "na maior parte" do Brasil "não teve unidade da esquerda, único que teve foi em Belém e Florianópolis". No Rio, por exemplo, Marcelo Freixo desistiu de se candidatar diante da sinalização de que outras vertentes de esquerda não estavam dispostas a se unir.

"Freixo se tornou um nome muito forte na esquerda do Rio de Janeiro, e em torno dele levaria a esquerda para o segundo turno. Eu não tenho certeza se isso aconteceria em torno de outros nomes", disse ele.

Respeito quem tem essa angústia de que a esquerda se una, mas não podemos fazer em torno da unidade um fetiche. Quando não é possível, lamentavelmente não é possível.