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Após saias-justas, governadores da esquerda entram para "decidir" eleições

Duarte Júnior (Republicanos) tem apoio de Flávio Dino (PCdoB) contra Eduardo Braide (Podemos) - Divulgação
Duarte Júnior (Republicanos) tem apoio de Flávio Dino (PCdoB) contra Eduardo Braide (Podemos) Imagem: Divulgação

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

18/11/2020 04h00

O segundo turno das eleições em Fortaleza e São Luís vai ser marcado pela entrada dos governadores do Ceará, Camilo Santana (PT), e do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), que enfrentaram saias-justas com suas bases por estarem divididas entre mais de um candidato no primeiro turno.

Populares em seus estados e vencedores em primeiro turno em 2018, os dois costuraram alianças com grande número de partidos em seus estados, mas não conseguiram unir a base nas capitais.

Em Fortaleza, Sarto (PDT) conta agora com apoio de Camilo para enfrentar o Capitão Wagner (PROS). Já Duarte Júnior (Republicanos) chega também para a disputa com apoio de Dino contra Eduardo Braide (Podemos).

No primeiro turno, ambos usaram seus espaços em redes sociais para atacar os então líderes nas pesquisas. Agora é a vez de se engajarem na campanha dos aliados.

Quatro candidatos, uma vaga

Fortaleza - Divulgação - Divulgação
Em Fortaleza, Sarto (PDT, à dir.) conta agora com apoio de Camilo Santana (PT) para enfrentar Capitão Wagner (PROS)
Imagem: Divulgação
O caso de São Luís chama a atenção pelo grande racha no leque de alianças do governador Flávio Dino: foram quatro candidatos da base governista concorrendo.

Para não afetar as alianças, nem mesmo o candidato do PCdoB, Rubens Júnior, recebeu qualquer sinalização de apoio de Dino.

O vencedor dessa "corrida interna" para chegar ao segundo turno integrou o governo Dino como presidente do Procon e usou isso quase como um mantra.

Agora, o governador anunciou que vai mergulhar na campanha para tentar ajudar na eleição de seu aliado.

Para o cientista político Wagner Cabral, da UFMA (Universidade Federal do Maranhão), Dino deve entrar com força na disputa porque "está em jogo também o prestígio do governador".

"O governador é bem avaliado, além do peso da máquina eleitoral governista ser grande. Ele já derrotou o fenômeno Braide em 2016, na reeleição de Edivaldo Holanda Júnior, e quer derrotar novamente em 2020", diz.

Cabral ainda avalia que a base de partidos unidas por Flávio Dino pode não contar com apoio universal a Duarte porque tem "arestas a serem aparadas". "Há muita gente colocando gasolina no fogo para ver se explode. Mas a lógica do condomínio montado dor Flávio Dino, por enquanto, não aponta para uma implosão. Existe uma tendência à acomodação até 2022", diz.

A entrada de Dino é considerada importante para Duarte reverter a vantagem no primeiro turno de Braide.

"Flávio Dino é a figura de maior peso político no Maranhão e em São Luís atualmente. Em 2016, ele apoiou a reeleição de Edivaldo Holanda Júnior e teve significativa participação na vitória", completa a professora e cientista política Ananda Marques.

Ela afirma esperar do apoio um "fôlego" ao candidato republicano. "Acredito que mobilize a base progressista da capital, que faz oposição a Eduardo Braide devido à sua associação com o senador Roberto Rocha [PSDB] e ao bolsonarismo", avalia.

Braide teve 37,8% contra 22,1% de Duarte Júnior.

Em Fortaleza eram dois

No caso de Fortaleza, o petista Camilo Santana ficou dividido entre a candidata de seu partido, Luizianne Lins, e o do PDT, Sarto. Com a queda da petista em primeiro turno, Santana anunciou de imediato apoio a Sarto e deve ter um peso forte contra o deputado federal Capitão Wagner (PROS).

"Camilo Santana é uma das principais lideranças do estado do Ceará, saiu de 2018 muito fortalecido com a eleição no primeiro turno, quando teve quase 80% dos votos. O capital político acumulado já é muito grande —diferente da primeira eleição dele, em que ele praticamente foi eleito como apadrinhado, com muito apoio político e força do [ex-governador e hoje senador] Cid Gomes", afirma a cientista política Monalisa Torres, da UFC (Universidade Federal do Ceará).

Nesta segunda-feira, Camilo anunciou seu apoio a Sarto. "Peço a união dos meus irmãos e irmãs de Fortaleza no apoio a Sarto, pelo bem da nossa capital. Também peço aos demais candidatos que disputaram o primeiro turno, que sigam juntos nessa corrente com Sarto. O projeto de uma Fortaleza melhor deve estar acima de projetos pessoais ou partidário", disse.

"Ele antes se comunicava pelas redes sociais, agora optou por um evento presencial. Isso tem todo um símbolo, é um ato político de apoio a uma candidatura. Isso mostra já a importância", afirma Monalisa Torres.

Como ficou em primeiro na eleição de domingo, ela diz que a expectativa é que Sarto tenha um bom desempenho no dia 29 com o apoio do governador. "Acho que vai fazer muita diferença, principalmente para aumentar essa margem de diferença de votos a favor do Sarto", diz.

No primeiro turno, Sarto teve 35,7% contra 33,3% de Wagner.