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Ataque hacker ao TSE também acessou dados de 2020 do tribunal

Sede do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em Brasília - Divulgação
Sede do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em Brasília Imagem: Divulgação

Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília

19/11/2020 19h18Atualizada em 20/11/2020 10h05

O ataque hacker ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) também conseguiu acessar dados de 2020 relativos a informações de funcionários do tribunal. Inicialmente, acreditava-se que o ataque havia obtido acesso apenas a informações do período entre 2001 e 2010 relativos a dados funcionais de ex-ministros e servidores.

A informação sobre a extensão do ataque foi primeiramente publicada pelo jornal O Globo e confirmada pela reportagem do UOL.

As investigações, realizadas pela Polícia Federal com a colaboração do TSE, apontam que a invasão aos sistemas do tribunal provavelmente ocorreu em data anterior a 1º de setembro e teria partido de Portugal.

Até então, a estimativa dos investigadores para o ataque era a de que ele teria ocorrido antes do dia 23 de outubro. Ainda não há precisão sobre a data e o caso segue em apuração.

Os dados acessados pelo invasor foram divulgados no último domingo (15), data do primeiro turno das eleições.

O presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, disse suspeitar de "motivação política" no episódio, com o objetivo de minar a credibilidade do sistema eleitoral.

A invasão aos dados do TSE, segundo o tribunal, não trouxe risco ao sistema de votação eletrônica. As urnas não ficam conectadas à internet e a transmissão dos votos para totalização do resultado é feita por uma rede própria do tribunal que usa comunicação criptografada. Além disso, o processo de soma dos votos é realizado por um computador exclusivamente dedicado a esse processo.

No dia de realização do primeiro turno, um segundo ataque mirou os sistemas do TSE, com a intenção de retirá-los do ar. Conhecido como ataque de negação de serviço, esse tipo de prática consiste na realização artificial de milhares de acessos simultâneos a um site na expectativa de que a sobrecarga derrube o sistema.

Esse segundo ataque foi neutralizado pelo tribunal, segundo informou o ministro Barroso. A origem do segundo ataque foi identificada no Brasil, Nova Zelândia e Estados Unidos.

Técnicos do TSE ainda investigam se ele pode ter contribuído para a falha no acesso ao aplicativo e-Título, utilizado para a justificativa do voto no dia das eleições e também para identificar os eleitores nos locais de votação.

A invasão que acessou dados do tribunal e o ataque de negação de serviço não tiveram relação com o atraso na divulgação dos resultados no domingo.

O TSE, segundo informou Barroso, sofreu com uma falha na operação do supercomputador comprado para fazer a totalização dos votos nessas eleições. A totalização é a soma de todos os votos das urnas para a divulgação nacional dos resultados.

Por causa da falha, esse processo foi encerrado próximo à meia-noite do domingo, cerca de duas horas e meia depois do horário em que foi finalizado nas últimas eleições, em 2018.