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Na TV, Covas vai apostar na experiência e Boulos focar "momento de união"

Bruno Covas (PSDB) e Guilherme Boulos (PSOL), adversários no segundo turno das eleições em São Paulo - Antônio Molina/Zimel Press/Estadão Conteúdo e Alice Vergueiro/Estadão Conteúdo
Bruno Covas (PSDB) e Guilherme Boulos (PSOL), adversários no segundo turno das eleições em São Paulo Imagem: Antônio Molina/Zimel Press/Estadão Conteúdo e Alice Vergueiro/Estadão Conteúdo

Felipe Pereira e Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

20/11/2020 00h01

O horário eleitoral no rádio e na televisão volta ao ar hoje. Na disputa pela Prefeitura de São Paulo, o retorno das propagandas é visto de maneiras distintas. Para Bruno Covas (PSDB), a proposta é dar sequência ao trabalho do primeiro turno. A equipe de Guilherme Boulos (PSOL) enxerga como se fosse uma grande novidade.

"A gente praticamente não existia no rádio e na TV", diz Chico Malfitani, responsável pela propaganda de Boulos no rádio e na televisão. No primeiro turno, o tucano tinha cerca de três minutos e meio. O PSOL, 17 segundos. Agora, as duas campanhas terão cinco minutos por bloco cada uma.

"O horário eleitoral vai fazer uma mudança muito grande no eleitorado", diz Malfitani, que prefere não revelar o conteúdo dos programas de estreia.

A propaganda eleitoral será exibida por oito dias seguidos, até a próxima sexta-feira (27). No rádio, serão blocos de dez minutos, às 7h e às 12h. Na televisão, às 13h e às 20h30.

Em time que está ganhando não se mexe

Quando a apuração dos votos confirmou Covas no segundo turno, a equipe dele já sabia qual estratégia usar. Vai haver uma continuidade do que foi apresentado no primeiro turno, que resultou em vitória em todas as zonas eleitorais e rendeu 32,85% dos votos. A TV será peça importante para mostrar as realizações da gestão.

Ao veicular o que fez durante os dois anos como prefeito, Covas está de olho na parcela do eleitorado que prefere candidatos com experiência administrativa. Suas passagens como deputado estadual, deputado federal, sub-relator da CPI da Petrobras e prefeito serão destacadas. No discurso no domingo à noite, depois de ser confirmado no segundo turno, já havia usado várias vezes a palavra "experiência".

Existe também a possibilidade de a pandemia ganhar importância no segundo turno. O assunto despertou interesse nos últimos dias por causa de um aumento no número de casos. Por enquanto, Covas vem negando uma segunda onda.

Se a hipótese de a covid-19 se tornar decisiva, as peças de rádio e TV veicularão as atitudes tomadas pela prefeitura durante a crise sanitária. A avaliação é que o tema será positivo porque Covas tem boa avaliação da população neste assunto.

A percepção existente é que o comportamento do prefeito só recebe críticas de bolsonaristas radicais, faixa do eleitorado que não votaria em Boulos.

A lógica é a de que em time que está ganhando não se mexe, mas os responsáveis pelo marketing de Covas dizem que o tempo é curto para o eleitorado absorver grandes alterações.

Boulos: história e apoios

Malfitani diz que a campanha apostará em apresentar as trajetórias de Boulos e de sua candidata a vice, a deputada federal Luiza Erundina (PSOL). Mas ele vê uma diferença no segundo turno. "Agora a gente pode apresentar de verdade", diz. "Tenho oportunidade de mostrar quem são essas pessoas e, claro, quem está com elas."

Nos planos da campanha, está exibir os apoios do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), do ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) e da ex-ministra Marina Silva (Rede).

Ainda não está confirmada a participação em vídeo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas Malfitani diz que, se ele gravar depoimento, "claro" que irá usá-lo no horário eleitoral. "Como vamos usar o Ciro, a Marina, o Flávio Dino. Nós não vamos ficar escondendo ninguém."

Lula, assim como o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o governador paulista, João Doria (PSDB), não são considerados bons cabos eleitorais, segundo o Datafolha.

São depoimentos daquelas forças políticas que se contrapõem a isso que estamos vendo, do bolsonarismo, do ódio. A gente extrapola até um pouco a questão da prefeitura. É uma coisa de um movimento de quem é a favor de democracia, liberdade, justiça social. Aí não tem cor partidária. Isso extrapola a própria candidatura do Boulos, é um movimento de união
Chico Malfitani, membro da campanha de Boulos

O UOL apurou que o cineasta Fernando Meirelles chegou a produzir parte do programa eleitoral do candidato do PSOL. Segundo uma fonte, Meirelles "queria trabalhar a emoção, tirar a emoção de dentro do Boulos".

Além de apoios de políticos, Boulos deverá apresentar no horário eleitoral apoio de artistas, como o compositor Chico Buarque e a atriz Sônia Braga. "Artista é o que não falta", brinca Malfitani. "Vamos tentar em oito dias compensar o que a gente não teve em 35. E acho que vai dar certo."