Topo

Boulos minimiza declarações sobre Venezuela: 'Não é exemplo de democracia'

Guilherme Boulos (PSOL) disse que a Venezuela "não é um exemplo de democracia" - WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO
Guilherme Boulos (PSOL) disse que a Venezuela "não é um exemplo de democracia" Imagem: WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO

Colaboração para o UOL

25/11/2020 12h58

Recentemente viralizou nas redes sociais uma entrevista antiga, de 2018, em que Guilherme Boulos (PSOL) comentava sobre a Venezuela. Adversários políticos disseram que ele estava defendendo o governo daquele país. Questionado sobre o assunto hoje, em sabatina da rádio CBN, Boulos criticou a Venezuela e também a campanha de Bruno Covas (PSDB), adversário dele na disputa pela prefeitura de São Paulo, que supostamente usa isso para rotular Boulos como "extremista".

Primeiro Boulos tentou se esquivar da pergunta, dizendo que o assunto não é importante para a prefeitura de São Paulo. "Eu sou candidato a prefeito de São Paulo, não de Caracas. Não tem sentido, nesse debate, trazer a questão da Venezuela. Quando Bruno faz isso, me parece desespero. Não é o perfil dele. Ele sempre foi ponderado, não foi para o extremismo bolsonarista de quem só quer atacar. Só consigo entender como desespero dele e da campanha, porque a gente está crescendo. Ele achou que a eleição estava ganha, mas percebeu que não está ganha e desceu do salto", desviou Boulos.

Mas a pergunta foi feita novamente. E dessa vez Boulos criticou tanto a Venezuela quanto a Cuba, governos de esquerda, normalmente defendidos pelo PSOL.

"Para mim, nem Cuba e nem Venezuela são modelos de democracia. E não se importa modelo para cá", afirmou ele, antes de criticar Bruno novamente: "acho curioso que o Bruno, que tem no partido dele o João Doria, que fez o 'BolsoDoria', com alguém que defende ditadura militar e AI-5, achar que pode dar lição de democracia para mim".

No vídeo que viralizou na internet, Boulos defende o governo de Hugo Chavez e alega que os problemas econômicos da Venezuela aconteceram principalmente por causa da queda no preço do petróleo. Depois ele aborda a questão política, dizendo que a Venezuela não é uma ditadura.

"É evidente que tem problemas políticos na Venezuela, tanto na forma de fazer o governo quanto na forma da oposição tratar", afirmou ele em entrevista na Jovem Pan, completando depois: "O governo Maduro foi eleito. Não é uma ditadura e teve seu governo eleito. Cuba não é ditadura. Teve eleições recentemente", afirmou ele em 2018, quando era candidato a presidente. Ele também afirmou que não romperia relações com esses governos.

Discussões com apresentadores

Bruno Covas participou ontem de uma sabatina na rádio CBN, com os mesmos apresentadores. Ele se irritou e até discutiu com os jornalistas para defender o candidato dele a vice-prefeito, Ricardo Nunes (PMDB). Hoje Boulos lembrou disso e reforçou a crítica.

"Não escondo minha vice, que é a Luiza Erundina. Ao contrário do meu adversário, que ontem se irritou aqui porque foi questionado sobre suspeitas sérias que tem sobre ele. O Ricardo é suspeito de um grupo dele receber R$ 1,4 milhão por ano em aluguéis de imóveis para creches credenciadas. Ricardo foi denunciado por violência contra mulher. Parabéns, Fabiola (apresentadora da rádio CBN), por ter colocado os 'pingos nos is', que violência psicológica também é uma forma de violência. As pessoas precisam saber quem é esse vice", afirmou Boulos.

Ricardo Nunes foi acusado pela atual esposa de fazer ameaças quando ambos se separaram, em 2011.

Mas assim como ontem, também houve uma divergência entre os apresentadores e o candidato. Isso aconteceu quando Boulos foi perguntado sobre como ia governar sem o apoio da maioria dos vereadores. Ele acusou a imprensa de legitimar a estratégia de "toma lá dá cá", supostamente colocada em prática por Bruno Covas.

"Vejo essa pergunta como se só o meu programa de governo precisasse de maioria. O PSDB também não tem maioria. A diferença é que Bruno e Doria fazem 'toma lá da cá' com subprefeituras. E eu não me proponho a fazer. Mas parece que vocês (da imprensa) estão legitimando uma forma de governo que leva a isso, que leva à corrupção" afirmou Boulos.

Ele foi interrompido pela apresentadora, que se defendeu da crítica. E citou a gestão de Luiza Erundina, que também teve dificuldades para lidar com os vereadores. Boulos argumentou com elogios à gestão da ex-prefeita.

"Ela teve como marca a inversão de prioridades. Seria bom ir para a Cidade Tiradentes e ver como a Erundina mudou vida daquelas pessoas. Mas como toda gestão transformadora, ela sofreu um cerco", defendeu Boulos.