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PCdoB rompe tradição e indica Orlando Silva à Prefeitura de SP

O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) oficializa a candidatura do deputado federal Orlando Silva à Prefeitura de São Paulo durante convenção realizada na sede do partido, em São Paulo. - DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO CONTEÚDO
O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) oficializa a candidatura do deputado federal Orlando Silva à Prefeitura de São Paulo durante convenção realizada na sede do partido, em São Paulo. Imagem: DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO CONTEÚDO

Tulio Kruse

São Paulo

05/09/2020 15h11

O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) confirmou a candidatura do deputado federal Orlando Silva à Prefeitura de São Paulo hoje. É a primeira vez que o partido lança um candidato a prefeito na capital paulista, ao menos desde 1985.

A convenção municipal também marcou a aprovação das candidaturas de 83 candidatos a vereador na capital paulista. O PCdoB ainda não anunciou quem será o vice de Orlando e procura uma mulher para a vaga. O partido aguarda o posicionamento nas alianças de outros partidos no campo da esquerda para decidir o segundo nome da chapa.

"O prefeito de São Paulo tem uma missão a cumprir não precisa ser amigo nem inimigo do presidente da República nem do governador para fazer a cidade ser respeitada", disse Silva, sobre suas diferenças políticas com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o governador João Doria (PSDB).

Ex-ministro dos Esportes de 2006 a 2011, entre os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, Orlando Silva enfrenta sua primeira eleição a cargo no Executivo. Ele está em seu segundo mandato na Câmara dos Deputados e também foi vereador em São Paulo. Nos anos 1990, foi o primeiro presidente negro da União Nacional dos Estudantes (UNE).

O PCdoB tem tradicionalmente apoiado candidaturas do PT na maior parte dos pleitos municipais desde a redemocratização, mas neste ano o partido tem dito que "chegou a hora" de lançar uma campanha independente. Para Silva, isso ocorre por causa do momento político no país.

"Chegou a hora, primeiro porque o Brasil vive uma mudança de ciclo político", disse o candidato. "É normal. São momentos em que antigas experiências encerram, novas experiências começam."

O ato deste sábado teve manifestações de apoio de líderes de cinco centrais sindicais: Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores (UGT), Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB) e Nova Central. A Central Única dos Trabalhadores (CUT), que normalmente apoia o PT, não se manifestou. A convenção simbólica, na sede do partido no centro de São Paulo, teve a maior parte das manifestações férias por vídeo e um discurso para a equipe de campanha e a imprensa que foi transmitida nas redes sociais.

A convenção também lançou o primeiro vídeo da campanha à prefeitura. A peça da ênfase ao combate à desigualdade, proteção à renda e ao emprego e contra o racismo. O mote da campanha é "governar primeiro para quem mais precisa". No vídeo, diz que quer ser o "prefeito preto" de São Paulo.

"Eu quero colocar o tema da igualdade no centro da disputa política", ele disse durante seu discurso na convenção.

Ao mesmo tempo, ele fala em parcerias com setor privado para serviços no cidade. Entre as ideias do candidato, ainda no início da elaboração de um plano de governo, também estão a captação de investimentos internacionais, parcerias com os governos estadual e federal e a revisão de contatos da prefeitura para economizar na prestação de serviços. Ele diz que é preciso liberar "espaço fiscal" para programar sociais na cidade.

Ele promete lançar um programa emergencial de retomada de emprego e renda. "Será uma obsessão", diz. Além disso, o candidato quer iniciar um programa de incentivo ao microcrédito, focado na periferia.